O que é lectina e qual seu efeito no organismo

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A lectina, também conhecida como hemaglutinina, é um tipo de proteína que se liga aos carboidratos. A substância é considerada um antinutriente — composto que reduz a habilidade de absorção de nutrientes do organismo. 

Acredita-se que essas proteínas foram desenvolvidas através de um mecanismo de defesa das plantas, essencialmente como um tipo de toxina que impede que animais as consumam. De fato, a maioria dos alimentos à base de plantas contém essa proteína. Porém, apenas 30% dos alimentos que consumimos possuem uma quantidade significativa de lectina

Embora sua popularidade tenha derivado da mídia popular e livros de dieta citando as lectinas como uma das principais causas de obesidade, inflamação crônica e doenças autoimunes, não se sabe exatamente como elas agem no corpo humano. Além disso, existem diversos tipos de lectinas que podem ter efeitos diferentes no organismo. 

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Quais são os alimentos que contêm lectina?

A maior concentração de lectinas está presente em alimentos como grãos, vegetais e legumes. Confira os principais alimentos que contêm esses compostos. 

Feijão-vermelho

Apesar de ser uma ótima fonte de proteína vegetal e de possuir um baixo nível de índice glicêmico, o feijão-vermelho, quando cru ou mal cozido, pode desencadear efeitos negativos no organismo. Isso se dá devido à sua alta concentração de um tipo de lectina chamado de fitohemaglutinina. 

Uma unidade hemaglutinante (hau) é uma medida do conteúdo de lectina. Quando cru, o feijão-vermelho apresenta entre 20 mil a 70 mil hau. Porém, quando devidamente cozido, contém apenas 200 a 400 hau. 

O consumo de até cinco grãos de feijão-vermelho mal cozidos pode provocar sintomas como náusea, vômito e diarreia. 

Amendoim

O amendoim é um tipo de legume, assim como feijões e lentilhas, que é rico em lectinas. De acordo com um estudo de 1998, esses compostos podem ser detectados no sangue após o consumo de amendoim em grandes quantidades, o que indica que eles atravessam o intestino.

Adicionalmente, uma pesquisa comprovou que as lectinas do amendoim podem promover o crescimento de células cancerígenas. Em conjunto com a comprovação de que esses compostos são capazes de atravessar a corrente sanguínea, essa informação levou com que muitas pessoas acreditassem que as lectinas poderiam encorajar o câncer a se espalhar no corpo. 

No entanto, a pesquisa anterior foi feita através da análise de uma alta concentração de lectinas puras que foram diretamente introduzidas às células cancerígenas. 

Soja

A soja também é rica em lectinas. No entanto, o seu cozimento reduz drasticamente a concentração destes compostos no alimento. De fato, uma pesquisa mostrou que o cozimento da soja por 100ºC por até 10 minutos é capaz de quase completamente desativar as lectinas

Além disso, a fermentação e a germinação da soja são métodos também utilizados para a redução dessa concentração. 

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Tomate

Embora seja comprovado a presença dessas proteínas no tomate, nenhuma pesquisa conseguiu comprovar possíveis efeitos adversos do seu consumo. Segundo um estudo realizado em ratos de laboratório, por exemplo, descobriu-se que as lectinas do tomate se ligam à parede do intestino, mas não parecem causar nenhum dano.

Grãos integrais

Alguns grãos, como o trigo, podem conter até 300 mcg de lectina por grama. Portanto, se você está tentando evitar o consumo dessa proteína, é recomendável que o seu consumo seja evitado. Porém, assim como a maioria dos outros alimentos, o seu cozimento pode ajudar a desativar a hemaglutinina.

Por que a lectina faz mal? 

Em geral, a lectina resiste à decomposição no intestino e é estável ​​em ambientes ácidos. Quando é consumida, pode apresentar efeitos colaterais negativos. A maioria dos casos reportados desses efeitos ocorreram após o consumo de feijões-vermelhos, o que pode causar que os glóbulos vermelhos se aglutinem.

Seus sintomas mais comuns incluem náuseas, vômitos, dores de estômago e diarreia. Já os efeitos colaterais mais leves incluem sensação de estufamento e excesso de gases.

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Como evitar

Todos os alimentos mencionados anteriormente, embora contenham lectinas, possuem benefícios à saúde. Portanto, o seu consumo não é desencorajado. 

É importante notar que comer alimentos com alto teor de lectinas ativas é raro, uma vez que a maioria dos alimentos que contém essas proteínas são consumidos cozidos. Para evitar os efeitos adversos desses compostos, deixe os grãos de molho ou cozinhe-os em alta temperatura — as lectinas são solúveis em água e normalmente encontradas na superfície externa de um alimento, portanto, a exposição à água as remove.

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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