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A cannabis é uma cultura que exige muita energia, além de água e pesticidas, agravando a escassez de recursos em regiões já afetadas

Uma enorme monocultura ilegal no entorno Monte Shasta, no norte da Califórnia alterou a paisagem local dando vista para túneis de plástico, pedaços de filme de plasticultura e centenas de pé de cannabis.

O condado de Siskiyou, que já foiu local de exploração de ouro e habitat para ursos, lobos e corujas, agora abriga mais de 6 mil hectares de fazendas ilícitas de maconha.

Milhares de pessoas, muitas da comunidade Hmong americana, vivem em acampamentos sazonais próximos ao Monte Shasta, cultivando cannabis sem acesso adequado a água ou esgoto. Têm havido tensões com as autoridades sobre o acesso à água, resultando em acusações de racismo e frequentes apreensões de caminhões carregados com milhões de dólares em cannabis. As autoridades locais estão cada vez mais preocupadas com as consequências ambientais dessas operações.

Com a legalização do cultivo da planta em vários locais pelo mundo, a atenção voltou-se para os seus impactos ambientais. A cannabis é uma cultura que exige muita energia, além de água e pesticidas, agravando a escassez de recursos em regiões já afetadas.

Em 2012, um estudo estimou que 1% da eletricidade nos EUA era consumida pelo cultivo de cannabis, número que sobe para 3% na Califórnia. Embora não haja estimativas precisas sobre a pegada de terras da produção de cannabis, há indícios de que o cultivo tem se expandido para novas fronteiras agrícolas, com 90% das fazendas estabelecidas em áreas naturais, predominantemente florestas.

Apesar de algumas preocupações ambientais se aplicarem tanto ao mercado legal quanto ao ilegal, existem diferenças significativas. Os produtores legais na Califórnia, que movimentam uma indústria de 5 bilhões de dólares anuais, são obrigados a seguir rigorosas regulamentações ambientais. Já o mercado clandestino opera sem essas restrições, exacerbando os danos ambientais.

A natureza ao redor do Monte Shasta, protegida por lei, abriga corujas pintadas, pescadores do Pacífico e plantas raras, como o trevo da coruja Shasta. O vulcão Medicine Lake, a 30 milhas do Monte Shasta, é uma importante fonte de água potável para o estado, captando o degelo da área circundante. Entretanto, o impacto das fazendas ilegais tem sido devastador.

Rick Dean, diretor de desenvolvimento comunitário da divisão de saúde ambiental de Siskiyou, relata ao jornal The Guardian a falta de vida selvagem na região, com sorte de encontrar um lagarto. Dean dedica grande parte de seu tempo às consequências da produção ilegal de cannabis, incluindo a acumulação e eliminação inadequada de dejetos humanos e lixo, muitos deles recipientes plásticos de fertilizantes e pesticidas.

As autoridades locais enfrentam desafios enormes para combater as operações ilegais. A destruição ambiental, tráfico de mão de obra, uso indiscriminado de água e aplicação de pesticidas proibidos são problemas constantes. A limpeza dessas áreas custa cerca de 30 mil dólares por acre, e os trabalhadores frequentemente encontram pesticidas ilegais, perigosos para a saúde humana.

A legalização da cannabis não eliminou o mercado ilegal, que continua a prosperar, enquanto o sistema regulamentado enfrenta dificuldades. Multas são aplicadas, mas frequentemente não são pagas, e os custos de produção legal são significativamente maiores do que os ilegais.

Com restrições federais ao financiamento para pesquisa sobre a indústria de cannabis, pouco se sabe sobre a produção legal na Califórnia. Pesquisas indicam que muitos produtores legais se esforçam para adotar práticas ambientalmente sustentáveis, mas a extensão do cultivo ilegal continua a ser muito mais barata.

A monocultura de cannabis transformou partes do norte da Califórnia em verdadeiros desertos ecológicos, onde a vida selvagem é rara e os danos ambientais são profundos e duradouros.

Fonte: The Guardian


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