Mães lactantes que seguem uma dieta vegana possuem os nutrientes essenciais para o desenvolvimento do bebê. Essa é a descoberta de um novo estudo feito por pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Amsterdã, apresentado na 55ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN).
Os pesquisadores descobriram que mães lactantes seguindo uma dieta vegana, em comparação com mães com uma dieta onívora, não apresentaram diferenças nas concentrações de vitamina B2 ou carnitina no leite humano, apesar desses nutrientes serem encontrados em concentrações mais altas em produtos de origem animal.
Em contrapartida, um outro estudo mais antigo, publicado na revista Acta Paediatr Scand, descobriu que o leite materno de mães lactovegetarianas possui menos glifosato que o leite materno de mães que consomem carnes de origem animal, incluindo peixes, carne branca e carne vermelha.
O glifosato é um agrotóxico herbicida utilizado em diversas culturas agrícolas, sendo um dos dez agrotóxicos mais consumidos no Brasil. Ele está presente em altas concentrações em alimentos de origem animal por ser lipossolúvel e se bioacumular na carne e no leite dos animais que consomem ração cultivada com agrotóxicos.
O veganismo tem ganhado cada vez mais força em diversos países do mundo. No Brasil, uma pesquisa do Ibope Inteligência, realizada em 2018, mostrou que 14% da população não consome proteína de origem animal, um aumento de 75% em comparação com a mesma pesquisa feita em 2012. Entretanto, essa ideologia é mais presente em uma figura: a mulher vegana, o que revela a necessidade cada vez maior da realização de estudos a respeito do tema.
Dra. Hannah Juncker, a cientista líder do estudo publicado na Universidade de Amsterdã, explicou em comunicado à imprensa que: “A dieta materna influencia muito a composição nutricional do leite humano, que é importante para o desenvolvimento infantil de seu leite […] portanto, seria importante saber se as concentrações desses nutrientes no leite são diferentes em mulheres lactantes que consomem uma dieta vegana.”
A vitamina B2 (riboflavina) é um cofator importante para enzimas envolvidas em muitas vias biológicas. Estudos anteriores mostraram que uma escassez significativa de vitamina B2 em bebês pode levar a anemia e problemas neurológicos.
O principal papel biológico da carnitina é no metabolismo energético. A escassez de carnitina no bebê pode levar a um baixo nível de açúcar no sangue, bem como à possibilidade de disfunção cardíaca e cerebral.
Embora o presente estudo tenha relatado menores concentrações séricas de carnitina livre e acetil carnitina nas mães que seguiram uma dieta vegana, notavelmente não houve diferença nas concentrações de carnitina no leite humano entre os grupos de estudo.
Comentando as descobertas, o Dr. Juncker resume:
“Os resultados de nosso estudo sugerem que as concentrações de vitamina B2 e carnitina no leite humano não são influenciadas pelo consumo de uma dieta vegana. Esses resultados sugerem que uma dieta vegana em mães lactantes não é um risco para o desenvolvimento de uma deficiência de vitamina B2 ou carnitina em bebês amamentados. Esta informação é útil para mães que amamentam e também para bancos de leite humano de doadores, que coletam leite para fornecer a bebês prematuros que não recebem leite materno suficiente.“
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