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Pesquisa conduzida na Unifesp sugere que 23,7% dos brasileiros com mais de 60 anos costumam ingerir bebidas alcoólicas, sendo que 6,7% podem ser considerados “bebedores de risco”. Grupo propôs intervenção breve para combater o problema

Por Agência FAPESP – Estudo conduzido na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) indica que aproximadamente um em cada quatro brasileiros (23,7%) com 60 anos ou mais consome álcool. Além disso, 6,7% (aproximadamente 2 milhões de idosos) relatam ter ingerido no último mês várias doses em uma ocasião – padrão de consumo abusivo conhecido como binge drinking. E 3,8% (mais de 1 milhão) costumam beber, em uma semana típica, quantidades que podem colocar em risco sua saúde.

Para estimar a prevalência dos padrões de consumo de álcool da população geral idosa, o grupo da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp) fez uma análise dos dados da linha de base do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), com uma amostra de 5.432 brasileiros acima de 60 anos. Também se buscou avaliar os padrões de consumo de álcool em idosos da atenção primária (primeiros atendimentos médicos). Para isso, foram utilizados dados da triagem inicial do ensaio clínico realizado em sete Unidades Básicas de Saúde (UBS) com 503 participantes.

Em ambos os estudos foram identificados fatores sociodemográficos, comportamentais e de saúde associados aos diferentes padrões de consumo. A ingestão de álcool foi mais comum na região Sudeste e na atenção primária, quando comparada à população idosa geral. Em ambos os grupos estudados (idosos em geral e atenção primária), os homens relataram maior consumo de álcool (tanto em quantidade quanto em relação ao consumo no padrão binge), bem como os mais jovens e aqueles com maior escolaridade.

Financiada pela FAPESP por meio do Projeto Temático “Intervenções inovadoras frente a problemas relacionados ao consumo do álcool no Brasil: busca de novas abordagens para uma antiga questão de saúde pública”, a pesquisa e seus desdobramentos foram recentemente publicados nos periódicos científicos Substance Use & Misuse e BMJ Open.

De acordo com Tassiane de Paula, primeira autora dos artigos, “é fundamental entender esse problema para propor estratégias para redução do consumo de álcool entre os idosos”.

Intervenção de baixo custo

O grupo desenvolveu uma proposta de Intervenção Breve para Idosos (IBI) e elaborou um protocolo para testar a efetividade dessa intervenção na atenção primária, administrada por agentes comunitários de saúde, com apenas 6% de recusa entre os primeiros 80 participantes recrutados.

“As evidências sugerem que intervenções breves são eficazes na redução do consumo de álcool entre adultos mais velhos. No entanto, a eficácia dessas intervenções quando realizadas por agentes comunitários de saúde em um ambiente de atenção primária à saúde é desconhecida. Até onde sabemos, este será o primeiro ensaio clínico randomizado a examinar isso”, escreveram as pesquisadoras no artigo publicado.

Duzentos e quarenta e dois indivíduos considerados bebedores de risco serão recrutados e alocados aleatoriamente para receber o atendimento usual (lista de espera) ou atendimento usual mais uma intervenção breve realizada por agentes comunitários de saúde treinados em UBS que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS).

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original.


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