Liberdade alimentar: prática propõe relação saudável com a comida

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Liberdade alimentar se refere a um movimento que tem como objetivo tornar as pessoas livres de coisas como a cultura da dieta, a culpa alimentar e a aplicação de dietas restritivas. Além disso, o movimento tem como enfoque o tratamento de pessoas com transtornos alimentares e outros tipos de conflitos relacionados à alimentação.

Na sociedade atual, a alimentação livre se tornou um tabu. Muito se prega sobre a necessidade de perder peso, e como isso está ligado aos padrões de beleza e saúde. Por isso, a cultura da dieta faz com que as pessoas se sintam culpadas por se alimentar ou consumir certos tipos de comida. 

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A liberdade alimentar surgiu como um movimento que vem quebrando essas pressões sociais. A premissa é dar às pessoas a permissão de poder aproveitar suas refeições com moderação, sem sentir culpa.  Assim, é possível respeitar e entender a fome e a saciedade do próprio corpo, sem questioná-las. 

Desta forma, com a liberdade alimentar, a comida deixa de ter um papel tão importante em sua vida, e passa ter o espaço necessário para ela, sem a necessidade de ficar pensando se a refeição vai deixar o indivíduo mais gordo, com mais espinhas ou algum tipo de aparência considerada fora do padrão da sociedade.

A alimentação passa a ter apenas a sua premissa básica, que é a de nutrir e manter as pessoas saudáveis e vivas todos os dias. O movimento de liberdade alimentar tem como objetivo os seguintes tópicos:

  • Liberdade da produção de alimentos industriais;
  • Gastronomia – a ciência que entende e estuda comidas históricas e culturais e seus Impactos na saúde humana;
  • Jornada espiritual para superar o “vício” em comida;
  • Uma parte essencial para acabar com a cultura da dieta;
  • Fim de preconceitos como a gordofobia e a pressão estética.

Relação da liberdade alimentar com transtornos alimentares  

A relação da liberdade alimentar com transtornos alimentares começou a crescer quando o movimento se tornou um possível tratamento para esses problemas. Diversos estudos relacionaram a prática da dieta – quando feita devido a insatisfação com o corpo – com o desenvolvimento de transtornos como bulimia, anorexia nervosa e compulsão alimentar. 

Na internet é possível encontrar milhares de indivíduos que vendem a ideia de dietas milagrosas, que podem levar as pessoas a alcançarem o tipo de corpo ideal. Esse padrão corporal ideal que se prega não é nada mais do que um corpo magro e, algumas vezes, musculoso. 

A disseminação de dietas que prometem o corpo perfeito acabam encorajando padrões que podem levar a transtornos alimentares. Esse é basicamente o único resultado de uma dieta restritiva para perda de peso. Afinal, estudos já mostram que essas práticas não ajudam pessoas que buscam perda de peso a longo prazo. 

Adotar a liberdade alimentar pode ser libertador para muitas pessoas que sofrem com esses tipos de transtornos. Isso porque elas podem começar a entender que o seu valor e a sua beleza não são ditados por quanto ela come ou deixa de comer. E que a alimentação é apenas necessária para manter a saúde humana, e nada mais. 

Por combater diretamente a disseminação da cultura da dieta, a liberdade alimentar tem papel relevante no tratamento de transtornos relacionados à comida. 

Gordofobia e pressão estética 

Os primeiros passos para praticar a liberdade alimentar incluem entender o que é gordofobia e pressão estética e como elas são danosas para a sociedade. 

Gordofobia: é toda e qualquer discriminação que utilize da ideia de que uma pessoa é inferior, despresivel ou menos merecedora por ser gorda. A gordofobia é um preconceito estrutural, que está presente em coisas simples — como tamanhos de roupas em lojas — até coisas mais complexas — como o sentimento da sociedade em relação a pessoas gordas.

Pressão estética: a pressão estética é um tipo de discriminação que pode ocorrer com qualquer pessoa. Este tipo de preconceito tem como ideia principal que qualquer diferença, fora do padrão de beleza estabelecido, é errada e feia. 

Exemplo: Uma pessoa magra recebe críticas por estar muito magra e ouve comentários questionando sobre sua saúde ou sua aparência;

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O movimento de liberdade alimentar entende que para ter total sentimento de emancipação, as pessoas precisam se desprender da ideia de que a forma de um corpo dita o seu valor. Por isso, ele pode andar lado a lado com outro movimento, o de neutralidade corporal. Essa iniciativa prega que todas as pessoas devem valorizar seus corpos por sua funcionalidade, e não por sua aparência. 

Alimentação mindful 

Para praticar a liberdade alimentar, existem duas abordagens que podem ser seguidas. Uma delas é a alimentação mindful, baseada na crença budista do mindfulness, que promove viver com consciência e intenção. 

Para essa abordagem é preciso entender a conexão do corpo e da mente e estar em um estado sem julgamentos sobre os sentidos ligados à alimentação — como o cheiro, o gosto e o tato. Logo, para ter uma alimentação mindful saudável é necessário estar presente durante sua refeição, sem pensar nas consequências ou nas pressões da sociedade.

Alimentação intuitiva 

Ao aderir a alimentação intuitiva, a sua prática de liberdade alimentar, o indivíduo deve entender que as refeições devem ser feitas quando o corpo pedir. Logo, o que se preza é pelo consumo de comida quando o corpo achar necessário e desejar aquilo. Sem se forçar a comer quando não quiser ou deixar de comer quando quiser.

Existem dez princípios que guiam uma alimentação intuitiva, e eles são:

  1. Respeitar seu corpo;
  2. Rejeitar a cultura da dieta;
  3. Estar em paz com a comida;
  4. Honrar a saúde por uma nutrição saudável;
  5. Lidar com seus sentimentos com gentileza;
  6. Sentir a sua saciedade;
  7. Descobrir a satisfação de se alimentar;
  8. Desafiar os fiscais de comida; 
  9. Honrar sua fome;
  10.  Fazer exercícios por prazer e saúde — não para perder peso;

Dicas para aplicar liberdade alimentar

  • Trabalhe com um profissional de nutrição, que tenha conhecimento sobre liberdade alimentar e entenda as necessidades de seu organismo;
  • Desconstrua a ideia de que existe comida “boa” ou “ruim”. Foque no propósito daquela refeição, se ela serve para prazer, energia ou para nutrição;
  • Acabe com a relação de moralidade e comida. Entenda que você não é uma pessoa ruim por cometer um deslize e comer o que não devia, ou algo não saudável. Suas escolhas alimentares não o torna inferior a ninguém;
  • Permita-se aproveitar alimentos prazerosos às vezes;
  • Foque em promover hábitos saudáveis, como se manter hidratado e praticar exercícios físicos. A saúde do seu corpo é mais do que o seu peso;
  • Permita-se sentir seus sentimentos. Como as emoções e sentimentos de saciedade e fome. Em vez de se alimentar apenas em certos horários dos dia ou comer menos porque acha necessário;
  • Coma com calma, sem distrações e aproveitando o sabor;
  • Alimente-se de comidas que façam você se sentir bem. 

Liberdade alimentar é para todos e tem suas ressalvas 

A liberdade alimentar se encaixa para todas as pessoas. No entanto, deve ser adotada e moldada com a realidade de cada um. Indivíduos que têm algum tipo de alergia ou restrição médica alimentar não podem simplesmente sair comendo tudo sem sentir culpa. Afinal, algumas comidas podem causar sérios danos à saúde dessas pessoas. 

Apesar desta ressalva, todas as pessoas podem adotar liberdade alimentar na sua rotina. Isso porque as pressões da sociedade sobre a comida afeta toda a humanidade. Cada indivíduo pode praticar liberdade alimentar de forma única e particular, com seus níveis de aceitação sendo iguais ou diferentes.

Disseminar a cultura da liberdade alimentar pode fazer com que diversos preconceitos sejam combatidos diariamente. Além disso, aqueles que sofrem com transtornos alimentares ou têm uma relação difícil com a comida, são os que mais precisam da liberdade alimentar

Se você sentir que tem tido problemas com sua alimentação e tem pensado todos os momentos sobre sua refeição ou aparência física, entre em contato com um especialista. Os profissionais indicados para esta situação são psicólogos, psiquiatras e nutricionistas. Tente conversar com eles sobre seus sentimentos e sua intenção de adotar a liberdade alimentar.  

Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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