Os chamados empreendedores sociais são uma parcela cada vez maior no mercado global. Inúmeras iniciativas que afirmam visar benefícios sociais, e não apenas lucros, estão aparecendo em diversos países. No Brasil, não é diferente.
Além do novíssimo conceito de empresas B, várias tendências encontradas mundo afora começam a aparecer em solo tupiniquim. Um exemplo disso é a empresa de consultoria ambiental Eccaplan, que atua na definição e priorização de ações socioambientais para empresas e, principalmente, na aplicação de projetos de quantificação do impacto ambiental de firmas ou eventos e sua compensação (neutralização de carbono). Uma das maneiras que a empresa faz isso é através do programa Evento Neutro. O vídeo abaixo mostra como a ideia funciona:
A Eccaplan também atua em outros propostas interessantes, como a carona solidária – nesse caso, o programa se chama Ambiente Carona.
O crowdfunding (financiamento coletivo), que já é muito popular por aí, começa a pegar no Brasil. Para se ter uma ideia, de acordo com o crowdsourcing.org, cerca de US$ 3 bilhões foram aplicados na categoria em 2012, no mundo todo.
Seguindo a onda, o projeto Causa Coletiva se destaca como um dos pioneiros desse tipo de financiamento para projetos socioambientais. Ao entrar no site, é possível visualizar quais projetos estão em processo de arrecadação e quanto (em reais e porcentagem) já foi arrecadado. Também pode-se visualizar o projeto e saber como o dinheiro a ser arrecadado será usado.
Um dos projetos expostos no portal é o Limpet – uma franquia solidária que produz vassouras de garrafas PET como estratégia de geração de renda e preservação ambiental. Ela é formada, atualmente, por dois núcleos: Valongo (Santos-SP) e Tonato (Carapicuíba-SP). A marca Limpet afirma ser um dos símbolos da formação de comunidades que estão construindo uma nova forma de organizar a economia, a partir de valores humanos, como cooperação, solidariedade, democracia e preservação ambiental.
Os produtos oferecidos são de boa qualidade e contam com uma durabilidade bem maior que a das vassouras convencionais.
O dinheiro arrecado via crowdfunding será destinado para a ampliação do galpão em que as pessoas trabalham (localizado em Carapicuíba-SP) e na compra de um triturador.
Além disso, a Limpet recicla cerca de 570 mil garrafas PET por ano, sendo que desse total, 90% viram vassouras e o restante é enviado para empresas que reciclam. Com o financiamento, o objetivo é aumentar a capacidade produtiva em 60%, bem como aumentar a quantidade de material disponível para a fabricação de vassouras, garantindo assim uma remuneração bem acima do salário mínimo para estes trabalhadores.
E já que grande parte desta matéria gira em torno do benefício para esses ilustres trabalhadores, é importante lembrar que restam apenas 15 dias de arrecadação e até o momento apenas 5% (menos de 1000 reais) da meta foi alcançada. É possível apoiar o projeto com um montante mínimo de R$10,00. Portanto, nada melhor do que conhecê-los para entender a importância que essa arrecadação tem para tais pessoas:
Iniciativas como a da Limpet são louváveis, mas esbarram em problemas comuns do próprio processo de reciclagem que predomina no país. Apesar desse trabalho gerar renda para várias pessoas que integram as cooperativas, a situação do descarte desse tipo de produto é preocupante.
No Brasil, aproximadamente 500 empresas recicladoras geram em torno de 11,5 mil empregos e um faturamento anual de R$ 1,22 bilhão. Porém, praticamente 80% delas situam-se na região sudeste, mostrando que o processo é deficiente devido à flagrante má distribuição das cooperativas.
Outro grande problema é o imposto cobrado sobre materiais reciclados, que é de 12% – maior que o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), 10%. Esse simples fato já nos leva a deduzir que, assim como acontece com a indústria nacional, esse setor deverá enfrentar grandes dificuldades para gerar produtos que possam sobreviver no mercado competitivo, além de criar um problema de bitributação.
Já no caso da compensação de carbono, o Brasil já ocupou o primeiro lugar no ranking dos principais produtores de projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), mas acabou perdendo o lugar para a China e a Índia, de acordo com informações do site do Instituto Carbono Brasil. Desse modo, é importante que iniciativas como Evento Neutro ganhem cada vez mais espaço, através de divulgação.
Segundo o Instituto Carbono Brasil, a proposta de MDL consiste na implantação de um projeto em um país em desenvolvimento, com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e contribuir para o desenvolvimento sustentável local. Cada tonelada de CO2 equivalente deixada de ser emitida ou retirada da atmosfera se transforma em uma unidade de crédito de carbono, chamada Redução Certificada de Emissão (RCE), que poderá ser negociada no mercado mundial. Os principais compradores são países, empresas ou indivíduos que desejam reduzir as emissões de GEEs de uma maneira mais barata que investir em ações no próprio território.
Em outras palavras, isso permite que uma empresa nos EUA (que não aderiu ao Protocolo de Kyoto) compre créditos de carbono, para reduzir emissões em outros países, onde é mais viável fazer isso.
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