Livre-arbítrio: no que a ciência acredita?

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O livre-arbítrio é, em geral, a capacidade do ser humano de tomar suas próprias decisões, criando um senso de independência. O conceito de determinada liberdade vem sendo debatido desde as primeiras bases filosóficas na Grécia antiga, e, portanto, possui inúmeras descrições através da história.

Enquanto Thomas Hobbes acreditava que a liberdade é a falta de impedimentos externos nas decisões de um indivíduo, por exemplo, David Humes descreve o livre-arbítrio como o “poder de agir ou de não agir, segundo a determinação da vontade”. Essas e mais inúmeras definições relatadas na filosofia, no cristianismo e na lei, contribuíram para a descredibilidade do conceito como um todo, em que muitas pessoas se perguntam se o livre-arbítrio é, ou não, real. 

Independentemente da filosofia e das teorias sobre pensadores sobre o conceito de livre-arbítrio, a ciência possui outras teorias sobre a tal “liberdade” debatida. Uma dessas hipóteses é, no entanto, se ela realmente existe ou é apenas uma ilusão. 

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A ciência sobre o conceito de livre-arbítrio e liberdade

O ponto de vista da ciência no livre-arbítrio pode ser datado desde a primeira concepção sobre a evolução, como relatada por Darwin. Após as descobertas do profissional, Francis Galton criou uma outra discussão sobre o aspecto da liberdade: se os seres humanos evoluíram, a inteligência é uma característica hereditária, e portanto, a habilidade de tomar decisões é pré-determinada pela herança biológica.

Desde a década de 60, pesquisas mostram que o cérebro de um indivíduo, mesmo antes de realizar movimentos espontâneos, apresenta um acúmulo na atividade neural — conhecido como “potencial de prontidão”. De fato, em 1980, o neurocientista Benjamin Libet relata que esse potencial pode até proceder a intenção de se mover realizada por um indivíduo. 

Portanto, um dos entendimentos sobre a liberdade dentro da ciência é de que ela está totalmente relacionada à função cerebral inconsciente de uma pessoa, e não de uma escolha própria.

As evidências científicas sobre o poder inconsciente do cérebro sobre o que o ser humano acreditava serem escolhas conscientes abriram o caminho para outras teorias sobre a existência do livre-arbítrio. Enquanto muitas pessoas acreditam que as escolhas humanas são inevitáveis e sob consequência do sistema nervoso, outros ainda crêem na existência dessa liberdade. 

Mesmo com o posicionamento da ciência sobre o assunto, é importante notar que não existe um consenso científico contra o livre-arbítrio. Muitos cientistas dissertam, de fato, que embora os processos involuntários do cérebro contribuam para as decisões conscientes de um ser humano, eles ainda são determinados através de características inerentes de sua personalidade, ética e moralidade. 

Foto de Sivani Bandaru na Unsplash

Determinismo e o livre-arbítrio 

O determinismo é uma das ideias que rebate grande parte do que é entendido como livre-arbítrio. De acordo com o conceito, toda ação humana, independente de seu teor, é um resultado de eventos prévios e das leis da natureza. Ou seja, não partem de ações voluntárias orquestradas pelos seres humanos. 

Entretanto, muitas pessoas que acreditam no determinismo também não negam a existência do livre-arbítrio. Essas pessoas, por outro lado, fazem parte do movimento chamado de “compatibilismo”, que explica que mesmo grande parte das ações humanas são premeditadas, a liberdade também possui uma influência na tomada de decisões. 

O livre-arbítrio é real? 

Como visto, a veracidade do livre-arbítrio é debatível. Entretanto, especialistas e filósofos e mesmo cientistas acreditam que o livre-arbítrio pode ser real, mas ele não opera do jeito imaginado por parte da população. 

Enquanto o cérebro possui influência sobre as decisões tomadas por seres humanos, uma parte da população que acredita que a existência desses sistemas invalida o conceito de “liberdade” não leva em consideração uma parte muito importante de toda essa teoria: nós somos o nosso cérebro. Por isso, o que é determinado pelo cérebro faz parte de escolhas conscientes e inconscientes que fazemos todos os dias. 

Em conjunto com a ética moral, crenças e outras características intrínsecas do ser humano, ele pratica o livre-arbítrio todos os dias, independentemente da influência do potencial de prontidão. 

Similarmente, existem diversos tipos de livre-arbítrio, como visto pelas suas definições anteriores. Desse modo, cada ser humano é “livre” para seguí-los de acordo com a sua crença.

A crença no livre-arbítrio 

Em geral, grande parte das pessoas que acreditam na existência do livre-arbítrio são movidas pela integridade moral de suas crenças, e também pelo que é previsto pelas leis de onde habitam. Assim, são livres para fazer o que quiserem de acordo com algumas regras sociais e o que é imposto pelo conceito de “bondade”.

Esses conceitos se desprendem da ideia mais científica que descreve a liberdade. Porém, é, ainda sim, uma questão importante dentro do debate sobre o livre-arbítrio.

Mesmo que o livre-arbítrio exista ou não, esse é um debate único dentro de cada ser humano. O que existe, no entanto, é a crença nessa liberdade, que deve ser respeitada. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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