Por Mauro Bellesa em IEA USP — Um panorama sobre os avanços da pós-graduação e sua contribuição à sociedade, identificando lacunas e apontando caminhos para que as ciências ambientais ampliem e fortaleçam seu impacto positivo na agenda da sustentabilidade. Assim o atual reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Jr. definiu o primeiro volume da obra “Impacto das Ciências Ambientais na Agenda 2030 da ONU”, lançado pelo IEA em dezembro de 2021, quando ele era pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade. O ebook pode ser baixado gratuitamente no Portal de Livros Abertos da USP.
Para Carlotti Jr., autor do prefácio do livro, ao formar pesquisadores, docentes, profissionais e técnicos, os 141 programas de pós-graduação da Área de Ciências Ambientais da Capes contribuem para “criar alternativas de soluções para problemas e questões de interesse da população brasileira”.
O volume é editado pelo sanitarista Arlindo Philippi Jr., professor titular do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e coordenador do Centro de Síntese USP Cidades Globais do IEA, e pelo especialista em planejamento e gestão organizacional para o desenvolvimento sustentável Carlos Alberto Cioce Sampaio, da Fundação Universidade Regional de Blumenau. A doutora em meio ambiente e desenvolvimento Roberta Giraldi Romano, integrante do USP Cidades Globais, é a editora executiva.
Os editores explicam que o livro está estruturado em três partes. A primeira trata dos impactos dos programas na sociedade, com quatro capítulos. Neles, é discutida a relevância do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) para o processo de desenvolvimento do país, destacando os reflexos da CiAmb quanto à sustentabilidade.
A segunda parte apresenta as contribuições de 19 programas de pós-graduação – com suas atividades de ensino, pesquisa e extensão – para que sejam alcançados os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que compõem a Agenda 2030 da ONU.
A terceira parte traz reflexões sobre os benefícios ecossocioeconômicos da pós-graduação em ciências ambientais, caracterizando o impacto dos 19 programas apresentados na segunda parte na sociedade, por meio da incorporação dos 17 ODS em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, trazendo avanços, desafios e oportunidades da pós-graduação em ciências ambientais para a sustentabilidade.
A referência para essas reflexões foi 1º Encontro Acadêmico sobre o tema, realizado em março de 2021 de forma virtual pelo IEA e pela Faculdade de Saúde Pública da USP, com apoio da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP e da Capes.
O posfácio do livro é do ex-reitor da USP Vahan Agopyan, à época titular do cargo. Ele destaca que o livro possui 149 autores, 55% homens e 45% mulheres, vinculados a 28 instituições de 16 unidades da federação das cinco regiões brasileiras, o que “expressa uma desejada sociodiversidade de ideias”.
Agopyan lembra que a USP possui cinco programas de pós-graduação na área, dois deles com conceito 7, o maior concedido pela avaliação da Capes: Ciência Ambiental (Procam), sediado no Instituto de Energia e Ambiente (IEE), e Ecologia Aplicada, sediado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.
Os três outros programas “são relativamente jovens”: o Mestrado Profissional Ambiente, Saúde e Sustentabilidade (conceito 5, o maior concedido a mestrado profissional), vinculado à Faculdade de Saúde Pública; Sustentabilidade (conceito 4), sediado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each); e o Mestrado Profissional, em rede nacional, Ensino das Ciências Ambientais (conceito 4), baseado na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC).
Agopyan afirma que o tema “avaliação de impacto” dos programas do SNPG tem ganhado significância de dez anos para cá, “culminando na proposta de avaliação multidimensional para a próxima quadrienal, de maneira a complementar os avanços em torno de indicadores que avaliam a relevância dos programas, enquanto meritocracia institucional”. Para ele, as ciências ambientais têm se consolidado como área de conhecimento da Capes que vem dedicando esforços para a criação e aperfeiçoamento de indicadores, inclusive a partir de concepções originais, como os apresentados no encontro ocorrido no IEA em 2021.