Imagem: Divulgação
No começo do terceiro milênio entramos num profundo processo de transformação. Não somente a pandemia mas, também, as alterações climáticas e o conjunto de inovações tecnológicas digitais nos impuseram uma mudança de passo e uma profunda transformação da nossa condição habitativa.
Novos atores sociais entram a fazer parte do nosso convivo: os vírus, o clima, as emissões CO2, mas, também, os softwares, os algoritmos, o Big data, tornaram-se entidades atuantes no nosso cotidiano, capazes de influenciar e de alterar nossos processos decisionais e nossas ações. Perante tais mudanças a nossa ideia de sociedade, composta apenas por cidadãos humanos, resulta obsoleta.
Deixamos de habitar a polis e as arquiteturas opinativas da democracia para ingressar numa outra ecologia formada por outro tipo de parlamentos aos quais temos acesso através de softwares, sensores, Big data, e que, conectando as diversas superfícies de Gaia, reúnem toda a biosfera. A cidadania do terceiro milênio é o resultado da conectividade e da interação das diversas esferas: a biológica, a geológica, a do clima que, uma vez transformadas em dados, pelo processo de “datification”, passam a compor um novo e interativo “co-mundo”.
O processo de digitalização assume assim o significado de uma alteração ontológica, mas não no sentido filosófico e tradicional do termo. Pelas suas dimensões hipercomplexas e emergentes as redes de redes que compõem o co-mundo não possuem essência, mas caracteriza-se pelas suas qualidades trans-orgânicas e conectivas. Entramos na época das “hiperinteligencias” como a define J. Lovelock, onde habitamos redes “simpoieticas” (D. Haraway) e na qual agimos, pensamos, decidimos e mudamos enquanto conectados.
O livro “A cidadania digital” publicado no Brasil pela editora Paulus, propõe uma análise teórica da ruptura epistêmica que a nossa contemporaneidade nos impõe, oferecendo interpretações e conceitos para identificar a qualidade das transformações atuais.
O livro é o primeiro volume da coleção Cidadania Digital edita pela editora Paulus e criada pelo centro internacional de pesquisa Atopos da USP
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