Longe do bem-estar: cidades grandes aumentam desigualdade e reduzem mobilidade social, aponta estudo

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Ao longo do século XX, as grandes cidades foram vistas como motores de crescimento econômico e ascensão social. No entanto, um estudo publicado na revista PNAS Nexus revela que essa dinâmica se inverteu nas últimas décadas. A análise de dados administrativos e de sensoriamento remoto mostra que, desde meados do século passado, a expansão urbana tem impulsionado a desigualdade e reduzido as oportunidades de mobilidade intergeracional, principalmente nos Estados Unidos.

Entre 1920 e 1950, o crescimento das cidades esteve associado ao aumento da mobilidade social. Nesse período, filhos de famílias de baixa renda tinham melhores perspectivas de avanço econômico ao longo da vida. Contudo, essa relação mudou drasticamente entre 1950 e 1990. O estudo identificou que, conforme a densidade populacional crescia, a capacidade das cidades de promover ascensão social se reduzia. A desigualdade, que inicialmente diminuiu com a urbanização, passou a crescer a partir da segunda metade do século XX.

Outro fator apontado na pesquisa é o enfraquecimento do capital social nas cidades contemporâneas. Indicadores como participação cívica, envolvimento em organizações comunitárias e densidade de redes de amizade estão em declínio. Essa erosão das conexões sociais pode ser um dos motivos pelos quais as cidades deixaram de ser espaços privilegiados para a ascensão econômica das populações mais pobres.

A pesquisa também sugere que, enquanto as cidades crescem em tamanho e população, os benefícios do desenvolvimento urbano não são distribuídos de forma equitativa. A expansão urbana deixou de representar uma força niveladora das desigualdades e passou a reforçá-las. Essa mudança no papel das grandes metópoles desafia a ideia tradicional de que a urbanização, por si só, é um caminho seguro para o progresso social.

A pesquisa foi conduzida por Dylan Shane Connor e sua equipe e reforça a necessidade de repensar as políticas urbanas para que as cidades voltem a ser espaços de inclusão e oportunidades.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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