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Lúpulo pode ter diversos benefícios para a saúde, como propriedades anticancerígenas
O lúpulo (Humulus lupulus) é uma planta da família Cannabaceae, a mesma família da maconha. A planta é nativa de áreas temperadas da América do Norte, Eurásia e América do Sul e seus maiores produtores incluem países como a Alemanha, Estados Unidos, República Tcheca, China e Inglaterra.
Seu uso principal é na fabricação de cerveja, sendo essencial pelo gosto amargo característico da bebida. Mas, embora seja conhecido principalmente por ser um ingrediente essencial na fabricação de cerveja, com um uso quase exclusivo de aproximadamente 1.200 anos, o lúpulo possui diversos outros usos. Na medicina, por exemplo, a planta foi utilizada por mais de 2 mil anos para ajudar a controlar uma variedade de doenças.
Pesquisas mais recentes comprovam que o lúpulo possui diversos benefícios, principalmente no humor e no relaxamento. Acredita-se que esses fatores sejam atribuídos à planta por seu conteúdo rico em antioxidantes, polifenóis e óleos essenciais benéficos, como o linalol, que ajuda no estresse oxidativo.
Praticantes da medicina alternativa também acreditam que o lúpulo tenha propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, ansiolíticas e anticancerígenas.
Benefícios
Na medicina, os usos mais comuns do lúpulo incluem o tratamento da insônia e sintomas da menopausa. Porém, a planta pode conter outros benefícios. Confira:
Insônia
A descoberta do lúpulo para o tratamento da insônia foi um tanto peculiar. Médicos na época conseguiram observar que colhedores de lúpulo em plantações ficavam cansados facilmente, o que, mais tarde, foi atribuído à uma resina excretada pela planta. Desde então, pesquisas começaram a tentar entender esse efeito.
Em uma pesquisa de 2019, por exemplo, concluiu-se que o humuleno e a lupulina encontrados no lúpulo possuem efeitos sedativos que podem ser utilizados na medicina.
Similarmente, uma pesquisa de 2012 afirmou esses efeitos. Durante a extensão da pesquisa, enfermeiras foram instruídas a consumir cerveja sem álcool durante turnos noturnos por duas semanas. Assim, foi concluído que a bebida, além de ajudá-las a adormecer oito minutos mais rápido, também reduziu os níveis de ansiedade dos participantes.
Sintomas da menopausa
Um dos flavonoides presentes no lúpulo, o 8-prenilnaringenina, é considerado fitoestrógeno — uma planta que imita a atividade do estrogênio. Desse modo, acredita-se que o composto pode aliviar alguns sintomas da menopausa, aumentando os níveis do hormônio no organismo.
As ondas de calor da menopausa, por exemplo, são uma resposta à queda dos níveis de estrogênio. Assim, acredita-se que o lúpulo pode aliviar esse sintoma. Um estudo de 2010 comprovou esse fato, alegando que mulheres na menopausa que receberam um tratamento de extrato de lúpulo por oito semanas experimentaram uma redução de ondas de calor, suores noturnos e até mesmo baixa libido em comparação com aquelas que receberam placebo.
Melhora no humor
De acordo com uma pesquisa de 2017, a suplementação com extrato seco de lúpulo pode ajudar no humor, reduzindo quadros leves de depressão, ansiedade e estresse. Acredita-se que isso se dá à habilidade da planta em interagir com os receptores de melatonina e serotonina do corpo.
Câncer
O humuleno e a lupulina do lúpulo também apresentam propriedades anticancerígenas, matando células cancerígenas e impedindo que células de leucemia se apeguem ao osso em experimentos com placas de Petri.
A descoberta dessa ação pode influenciar nos tratamentos de câncer. Em uma reunião da Sociedade Química Americana (ACS, na sigla em inglês), o professor Kristopher Waynant apresentou um trabalho de sintetização dos ácidos do lúpulo, que estão fortemente ligados a propriedades anticancerígenas.
Um estudo realizado na China mostrou resultados similares, afirmando que xanthohumol, um composto presente no lúpulo, também possui propriedades anticancerígenas, matando diversos tipos de câncer em tubos de ensaio, como o câncer de mama, câncer de cólon, câncer de ovário, melanoma, leucemia e câncer de fígado.
Alzheimer
Os nutracêuticos são comumente utilizados no tratamento do Alzheimer, sendo o lúpulo um deles. De acordo com algumas pesquisas distintas, a planta pode interferir com o acúmulo de proteínas beta-amilóides associadas ao Alzheimer.
Em uma pesquisa, especialistas descobriram que os extratos do lúpulo tinham propriedades antioxidantes e poderiam impedir que as proteínas beta-amilóides se aglutinassem em células nervosas humanas, o que significa que os compostos da planta podem servir de base para nutracêuticos que combatem o desenvolvimento do Alzheimer.
Precauções
Embora o lúpulo seja um dos componentes principais da cerveja, especialistas não recomendam o seu consumo exagerado como um tratamento para as condições anteriores. O abuso do álcool pode desencadear o desenvolvimento de diversas doenças crônicas, além de potencialmente levar ao alcoolismo.
Kristopher Waynant, um dos responsáveis por uma das descobertas do uso do lúpulo das pesquisas anteriores disse:
“Certamente não achamos que a cerveja deva ser vista como um remédio. Temos a impressão de que muitos fármacos são derivados ou originários da natureza e que talvez exista um derivado em nossas rotas sintéticas que também será ativo ou mais ativo.” (1)
Se quer aproveitar os benefícios do lúpulo, procure suplementos com ajuda e orientação médica.
Possíveis efeitos adversos
Em geral, o consumo de lúpulo é seguro, com apenas alguns efeitos colaterais — quando não ingerido através de bebidas alcóolicas. Entre os seus efeitos estão a sonolência e possíveis reações alérgicas em pessoas com alergia ao pólen.
Entretanto, a planta deve ser evitada para certos grupos de pessoas. Pacientes com depressão, por exemplo, podem ter seus sintomas agravados pelo consumo de lúpulo.
Além disso, pessoas com condições dependentes de estrogênio, como a endometriose e certos tipos de câncer de mama, devem evitar o lúpulo devido à sua atividade semelhante ao estrogênio.
