Desde a domesticação das primeiras espécies vegetais, o ser humano pratica o melhoramento genético e a cannabis não ficou fora disso. Pode-se considerar que ela é a primeira planta cultivada para outros fins além da alimentação humana.
A única planta conhecida por produzir tetrahidrocanabinol (THC) é a cannabis, mas a produção natural não é capaz de suprir a demanda química em escala industrial. A substância psicoativa é encontrada apenas em plantas com tricomas (glândulas de resina da planta que contém THC, CBD e outros cannabinoides medicinais ativos), o que significa que seus caules e folhas são biomassa desperdiçada.
A engenharia genética poderia fornecer alternativas eficientes. Alguns pesquisadores e empresas de biotecnologia pretendem substituir as espécies de cannabis por micro-organismos geneticamente modificados para gerar THC, o composto não psicoativo canabidiol (CBD) e inúmeros outros canabinoides de interesse farmacêutico. Outros têm como objetivo modificar a síntese química na cannabis, alterando geneticamente suas células para produzir as moléculas desejadas do início ao fim, aumentando o rendimento de THC.
De uma forma ou de outra, o objetivo é o mesmo: produzir canabinoides de maneira menos custosa, eficiente e confiável do que pelo cultivo convencional de plantas em estufas ou campos. Além disso, há os benefícios da síntese microbiana, que incluem a capacidade de produzir em massa canabinoides, os quais geralmente estão presentes nas plantas em pequenas quantidades. As plantas transgênicas também podem ser projetadas para oferecer resistência superior a pragas e estresses ambientais. No entanto, a maconha geneticamente modificada pode trazer prejuízos para o meio ambiente e para a saúde humana.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), organismos geneticamente modificados são “plantas, animais ou micro-organismos nos quais o material genético (DNA) foi alterado de uma forma que não ocorre naturalmente por acasalamento e/ou recombinação natural ”.
A maconha é um vegetal da espécie Cannabis sativa, uma planta herbácea da família das Canabiaceas. Apesar de ser da mesma espécie que o cânhamo, a maconha possui maior teor de uma substância psicoativa chamada THC (tetra-hidrocanabiodiol). Geralmente, o cânhamo não apresenta mais que 0,3% de THC por peso seco.
O cultivo de cânhamo é controlado por lei, e sua legalização varia de país para país. Quando legalizado, ele pode ser usado na fabricação de biocombustíveis, óleos, resinas, têxteis, papel, cerveja, entre outros usos. Já a maconha, apesar de seu cultivo ser ilegal em alguns países como o Brasil, é utilizada principalmente como forma de relaxamento e recreação.
Os organismos geneticamente modificados são controversos para muitos consumidores, tanto dentro da comunidade cannabis quanto fora. Pessoas na extremidade favorável do espectro apontarão para pesquisas que descobriram que os OGMs são seguros para o consumo humano.
No entanto, na outra extremidade do espectro, há muitas pessoas que acham que são necessárias mais pesquisas antes da introdução dos OGM, inclusive porque o uso desses organismos fere o Princípio da Precaução.
O que se sabe até agora é que o processo de mudança genética potencializa os efeitos da maconha e, consequentemente, os benefícios e os malefícios ocasionados pelo uso sistemático e rotineiro da erva. Quem recorre ao canabidiol para tratar doenças como esquizofrenia, Parkinson e epilepsia, bem como para fazer uso recreativo da maconha, pode estar exposto a muito mais do que os efeitos desejados da Cannabis sativa.
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