Maconha medicinal: origens, legalidade e usos

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A maconha medicinal é um termo usado para se referir a todos os produtos derivados dos princípios ativos da Cannabis Sativa L. Apesar do uso recreativo e a plantação da cannabis serem proibidas, o Brasil permite o uso e a importação de certos medicamentos com substâncias da maconha. No entanto, para conseguir fazer o uso desses produtos é preciso de uma prescrição médica para condições específicas. 

Qual a origem da maconha medicinal?

O uso da maconha medicinal não é recente. Na verdade, ele data períodos da China Antiga, em que o imperador ShenNeng oferecia o chá da planta para o tratamento de gota, reumatismo e malária. Com o passar dos séculos, a cannabis foi ganhando fama por ser uma planta medicinal potente para quem sofre de convulsões.

Mas o preconceito também não ficou para trás. Como a maconha era comumente usada por povos racializados, pessoas escravizadas vindas da África, chineses, mexicanos e árabes, a burguesia moralista discriminava o seu uso e fazia de tudo para que seus benefícios fossem desacreditados. Principalmente devido ao fato de sua aplicação ser ligada a rituais religiosos. 

Então, o uso terapêutico da maconha passou a ser tido como um “mau”, chegando a ser tratado como tão danoso quanto o ópio. A cannabis recreativa foi proibida no Brasil e em diversos outros países, que se fecharam para a aplicação da planta em contextos médicos. 

Cannabis sativa: benefícios e efeitos nocivos

Abertura do mercado para a maconha medicinal 

A maconha medicinal conseguiu abertura de uso, mesmo que pouco, depois de anos de proibição extrema. Em alguns países, como os Estados Unidos, o uso medicinal e recreativo é liberado em certas regiões. Já na Holanda, o uso recreativo e médico da maconha é totalmente permitido.

No Brasil as regulamentações avançaram lentamente. Depois que os estudos sobre os efeitos da planta em certas condições foram eficazes, mais pessoas passaram a ganhar prescrições de maconha medicinal. Porém, como o país proíbe o uso da planta, era necessário entrar na justiça para conseguir a importação do medicamento.

A pressão de movimentos, como a Marcha da Maconha, foi fundamental para garantir que esses indivíduos tivessem acesso ao tratamento adequado. Em 2014, o governo aprovou o uso da substância canabidiol para o alívio dos sintomas da epilepsia, e famílias de pacientes que dependem da cannabis medicinal se unem para conseguir maior acesso a esses medicamentos importados.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o acesso de pacientes, com prescrição, à maconha medicinal. Com o passar do tempo, a importação feita por empresas privadas e venda nacional desses medicamentos também foi facilitada. Em 2019, a Anvisa legalizou a fabricação em solo brasileiro de produtos à base de canabidiol. 

Apesar do avanço, a burocracia para conseguir esse tipo de prescrição ainda é grande. O uso de maconha medicinal só é considerado em última opção, quando todos os tratamentos deram errado. 

Quem pode usar Cannabis medicinal?

A aplicação de maconha medicinal tem diversos benefícios, alguns comprovados cientificamente, outros ainda em estudo. Confira a lista a seguir de condições que podem ser tratadas com medicamentos base de cannabis:

Além disso, os produtos de maconha medicinal podem ser prescritos para o tratamento de transtornos psicológicos como ansiedade, depressão e insônia. No entanto, como os estudos da área ainda são bem recentes, profissionais de saúde podem relutar na hora de passar a prescrição. Nesse caso é feito o uso compassivo, o tratamento realizado apenas como última opção devido a falta de pesquisas. 

 Os princípios ativos da maconha medicinal 

O tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) são as principais substâncias na maconha medicinal. Cada uma delas tem seus efeitos no corpo humano e são usadas de diferentes formas para o tratamento de diversas condições. 

O THC é psicoativo e encontrado na resina da Cannabis Sativa. Ele é responsável por boa parte dos efeitos colaterais que ficam depois do indivíduo fumar maconha. Devido às suas propriedades alucinógenas, o THC é recomendado em pequenas quantidades e tem mais contraindicações que o CBD.

A maioria dos produtos contém apenas canabidiol ou tetrahidrocanabinol, porém, alguns medicamentos de CBD contém uma pequena quantidade de THC.  O CBD não causa euforia como o tetrahidrocanabinol, e é comumente usado para tratar epilepsia, ansiedade e dores musculares. 

Nem todas as pessoas conseguem lidar bem com as duas substâncias. Boa parte dos indivíduos só consegue fazer a ingestão ou aplicação do CBD ou do THC, dependendo do quadro clínico. 

Para saber mais confira a matéria:

CBD e THC: quais são as diferenças?

É importante lembrar que a maconha vendida ilegalmente não possui controle sobre a quantidade desses químicos. Por esse motivo, é difícil dizer como ela irá agir no organismo do paciente depois de ingerida. Medicamentos prescritos e aprovados por órgãos gestores geralmente apresentam as porcentagens de THC e CBD em sua composição na embalagem.

Lembrando que a plantação de maconha e o uso recreativo são ilegais no país, mesmo que algumas pessoas optem pela automedicação da cannabis ilícita. 

Possíveis efeitos colaterais da maconha medicinal 

Nem todo mundo reage bem ao uso da maconha medicinal, por isso é importante manter seu médico informado dos efeitos colaterais. O canabidiol é conhecido por causar sonolência e fadiga. Enquanto isso, o THC tem uma fama maior por seus efeitos colaterais, atrelados a sua ação psicoativa.

Além disso, o THC pode causar alucinações, euforia, aumentar o risco de doenças psicóticas, dependência no medicamento e problemas de concentração. Outros riscos ligados aos medicamentos derivados da cannabis são: 

  • Aumento da frequência cardíaca
  • Tontura
  • Risco maior de ataques cardíacos
  • Aumento de apetite
  • Problemas ao interagir com outras drogas
  • Baixo reflexo
  • Diarreia
  • Fraqueza
  • Mudanças de comportamento

Como fazer a aplicação da cannabis medicinal?

A maconha recreativa não pode ser prescrita no Brasil como um tratamento. Isso porque o seu uso é ilegal. Logo, a única maneira de aplicar a maconha medicinal é através de óleos e cápsulas. 

Para conseguir esses medicamentos é preciso de uma prescrição médica, que deve ser apresentada na farmácia. Por serem remédios de uso controlado, o farmacêutico pode solicitar documentos. 

Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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