Com cerca de 6,5 milhões de pessoas morrendo anualmente por doenças relacionadas à poluição do ar e 92% da população mundial vivendo em lugares onde os níveis de poluição excedem os limites recomendados, a ONU divulgou em 27 de setembro mapas interativos detalhados sobre o problema, em uma tentativa de reduzir o número de vítimas.
A agência das Nações Unidas avaliou a presença anual de partículas de matéria (PM) no ar com diâmetro menor que 10 ou 2,5 micrômetros (PM 10 e PM 2.5). Os principais ingredientes presentes no composto PM são sulfatos, nitratos e carvão negro. Segundo a OMS, partículas com mais de 10 micrômetros de diâmetro (PM 10) são consideradas nocivas, por penetrarem nos pulmões e no sistema cardiovascular.
Aproximadamente 90% das mortes por doenças causadas pela poluição do ar ocorrem em países de baixa ou média renda, com aproximadamente duas em três ocorrendo no Sudeste da Ásia e na região do Pacífico Ocidental.
Com índice de 11,9, o Brasil está em posição intermediária no que se refere à poluição do ar, abaixo de outros emergentes como Rússia (17,1), China (61,8), Índia (73,6) e África do Sul (32,6), e mesmo na comparação com outros latino-americanos. O país perde, no entanto, para países como Austrália (5,8), Canadá (7,3) e Estados Unidos (8,5).
Em termos de mortes provocadas por doenças causadas pela poluição do ar, o Brasil teve 14 mortes a cada 100 mil habitantes em 2012, abaixo de países como Bolívia (31) e Argentina (18), mas longe de nações com índices extremamente baixos, como Austrália (0,2).
“É necessário uma ação rápida para combater a poluição do ar”, disse a oficial de meio ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Neira. Segundo a organização, 6,76 bilhões de pessoas vivem em regiões onde os níveis de poluição excedem os limites recomendados, em uma população mundial de 7,35 bilhões de pessoas.
“As soluções existem, como transporte sustentável, gestão dos resíduos sólidos, acesso a combustíveis limpos para a cozinha, assim como energias renováveis e reduções das emissões industriais”, declarou Neira.
“A poluição do ar continua a atingir a saúde das populações mais vulneráveis — mulheres, crianças e idosos”, disse a diretora-assistente da OMS, Flavia Bustreo. “Para que as pessoas sejam saudáveis, elas precisam respirar ar puro do nascimento até a morte”, acrescentou.
As principais fontes de poluição do ar incluem modelos ineficientes de transporte, combustíveis domésticos e queima de lixo, fábricas movidas a carvão e atividades industriais. Mas nem toda poluição do ar se origina da atividade humana. A qualidade do ar também pode ser influenciada por tempestades de areia, particularmente em regiões próximas a desertos.
“Os novos mapas da OMS mostram os países onde as áreas de perigo estão localizadas, e fornece uma base para monitorá-las e combater a poluição”, disse Bustreo.
Desenvolvido em colaboração com a Universidade de Bath, no Reino Unido, o documento representa a maior base de dados da OMS sobre poluição do ar, feita a partir de monitoramento via satélite, transporte aéreo e em terra de mais de três mil localidades, tanto rurais como urbanas.
Em 2012, as mortes por doenças ocasionadas pela poluição do ar representaram 11,6% de todas as mortes globais. Noventa e quatro por cento das mortes ocorrem devido a doenças não transmissíveis — principalmente doenças cardiovasculares, derrame, doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer de pulmão. A poluição do ar também aumenta o risco de infecções respiratórias agudas.
“Este novo modelo é um importante passo para estimativas cada vez mais confiáveis sobre o enorme peso global de mais de seis milhões de mortes — uma em cada nove do total de mortes globais — da exposição à poluição do ar em locais abertos e fechados”, disse Neira, que é diretora do departamento de saúde pública da OMS.
Os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 adotada pelos países-membros da ONU no ano passado pedem uma redução substancial do número de mortes e doenças causadas pela poluição do ar.
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