Relatório da Greenpeace reconhece a reciclagem como um mito moderno
A Greenpeace americana divulgou um relatório na segunda-feira (24) alegando que a maioria do plástico produzido nos Estados Unidos não atende aos padrões de reciclabilidade. De acordo com a organização, os símbolos gravados em embalagens comercializadas perpetuam o mito de que a reciclagem pode lidar com a quantidade de lixo produzido atualmente, ativamente contribuindo para a poluição plástica.
Dados recentes mostram que a maioria do plástico consumido não é reciclado. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 5% do plástico é reciclado. Isso significa que, dos 51 milhões de toneladas de plástico produzidos no país, 2,4 milhões de toneladas são reciclados.
O relatório segue uma outra publicação de 2020 que defende a mesma teoria — nem todo plástico produzido é reciclável. A investigação liderada pela organização descobriu que apenas os plásticos derivados de polietileno tereftalato (PET) e polietileno de alta densidade (HDPE) atendem à definição do governo federal americano para itens recicláveis.
Respectivamente, ambos esses tipos de plástico são indicados pelos números 1 e 2 encontrados em suas embalagens.
A maioria das instalações de reciclagem não aceitam outros tipos de plástico, uma vez que são difíceis de separar e são frequentemente contaminados com químicos que podem comprometer o processo.
De todo o material que foi reciclado nos Estados Unidos durante a análise, os que são adequados para o processo representam números pequenos. No caso do PET, 21% e do HDPE 10%.
Mesmo assim, grande parte desses plásticos não-recicláveis ainda possuem os símbolos de reciclagem.
Enquanto isso, a indústria responsável pela produção de plástico ainda impulsiona a reciclagem como um passo importante na crise de poluição do plástico. No entanto, Lisa Ramsden, um ativista sênior dos oceanos para o Greenpeace EUA, reforça que a sua redução é mais importante.
Portanto, a solução recomendada pela organização enfatiza a ação das grandes empresas responsáveis por essa crise. Assim, pedem às empresas que reduzam suas embalagens plásticas em pelo menos 50% até 2030, seja pela sua eliminação total ou substituição por materiais reutilizáveis.
No Brasil, os números de reciclagem de resíduos sólidos também não são promissores. De acordo com dados de 2019 da WWF, apenas 1,28% do plástico é efetivamente reciclado no país — considerado o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo.