Base One ficará no Complexo Industrial do Pecém, no Ceará, e promete ser a maior redutora de emissão de CO2 do mundo
Imagem: Divulgação/Enegix
A empresa australiana Enegix Energy anunciou nesta semana que os planos de construção de uma enorme usina de hidrogênio verde no nordeste no Brasil estão a pleno vapor. O projeto Base One, que recebeu um investimento de 5,4 bilhões de dólares, tem como objetivo chegar a uma produção anual de 600 milhões de quilos de hidrogênio verde, produzido por meio de energias renováveis.
Uma área de 485 hectares foi avaliada no Complexo Industrial do Pecém, no estado do Ceará, e destinada ao que a Enegix descreve como “o maior projeto individual de redução de emissão de carbono do mundo”. Com 3,4 gigawatts (GW) de energia solar e eólica já contratados da Enerwind, a Base One deve entrar em operação dentro de três a quatro anos.
Sua localização, tão perto de um porto de alto mar, facilitará as exportações internacionais. Os petroleiros que transportam o transportador de hidrogênio orgânico líquido (LOHC), que permanece líquido sob temperatura e pressão ambiente, serão capazes de alcançar a costa leste dos Estados Unidos em oito dias, a Europa em nove dias e a África em cinco dias. A exportação para o mercado asiático levará mais de um mês.
As condições locais são vantajosas para as energias renováveis. Segundo a Enegix, a Base One pode expandir potencialmente seu suprimento inicial de energia de 3,4 GW para mais de 100 GW e, com uma expansão adequada das instalações de hidrólise, a planta poderia gerar cerca de 30 vezes mais hidrogênio do que inicialmente.
O empreendimento – atualmente em estudo de viabilidade e captação de recursos, com MoUs firmados com uma empresa de engenharia e construção, um fornecedor de energia e o Governo do Estado do Ceará – seria 20 vezes maior do que a maior usina de hidrogênio verde em operação hoje, a Air Liquide, que acaba de ser inaugurada em Quebec.
Se de fato estiver instalada e operando com 3,4 GW em 2025, a Base One poderá realmente ser a maior instalação desse tipo no mundo. Entretanto, a China tem a capacidade de implantar capital maciço e construir projetos gigantes em um ritmo extraordinário, e a Beijing Jingneng Power Co. anunciou em março passado que estava iniciando a construção de uma instalação eólica e solar para hidrogênio e armazenamento de 5 GW na Mongólia, com inauguração prevista para 2021. Ainda não se sabe onde fica esse projeto.
A Arábia Saudita também anunciou um projeto de 4 GW para sua “futura megacidade” de 500 bilhões de dólares, Neom, com inauguração prevista para 2028. Além disso, a NortH2 está trabalhando em um grande projeto de vento offshore para produção de hidrogênio verde de 10 GW na costa holandesa para 2040 – e todos esses projetos poderiam ser superados pelo Asian Renewable Energy Hub, um projeto da Austrália Ocidental com mais de 26 GW de capacidade de geração, cuja inauguração está prevista para 2030.
Por enquanto, é difícil avaliar a afirmação da Enegix de que este será o maior projeto de redução de carbono atmosférico do mundo, mas a empresa diz que a Base One tem potencial para reduzir as emissões de CO2 equivalentes a 10 milhões de toneladas por ano. Embora o número pareça alto, a atividade humana é atualmente responsável pela emissão de cerca de 50 bilhões de toneladas de CO2 a cada ano, um índice que deve aumentar rapidamente nas próximas décadas se medidas sérias não forem implementadas.
Um projeto pioneiro do tamanho da Base One, portanto, teria o potencial de compensar cerca de 1/50 de 1% do problema – ou seja, 1/5000 de todas as emissões humanas –, se implantado de forma otimizada. Esse é o desafio colossal que o mundo enfrenta se quiser atingir emissão líquida zero até 2050 e evitar alguns dos piores cenários climáticos esperados se as coisas continuarem inalteradas.
Fonte: New Atlas
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