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Por Lucas Guaraldo*, do IPAM | Das 495 batedeiras paraenses entrevistadas em um levantamento socioeconômico realizado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), 455 apontam o açaí como a principal fonte de renda de suas famílias. A ação faz parte do projeto “Cadeias Sustentáveis no Estado do Pará: informações de qualidade para uma economia inclusiva e de baixo carbono”, que pretende subsidiar a criação de políticas públicas na região e conta com a parceria da Sedap (Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca no Estado do Pará) e da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), apoiado pela AFD (Agência de Desenvolvimento Francês).

De acordo com o levantamento, apenas 69 entrevistados disseram ter negócios em outro ramo além do processamento do fruto. Deste grupo, 42% ainda têm o açaí representando a maior parcela de sua receita. “Esse dado ilustra bem a importância e o peso das batedeiras na geração de renda das famílias envolvidas no processo”, destaca a pesquisadora e coordenadora de projetos no IPAM Erika Pinto. 

A maioria das batedeiras de açaí participantes abriu suas portas nos últimos anos. Do total entrevistado, 86% possuem mais de um ponto de venda ou batedeira, processando o açaí o ano inteiro para viabilizar o sustento. Em média, tais empreendimentos vendem 58 litros de açaí por dia – número que oscila de uma região para outra. Em paralelo, segundo 35% dos entrevistados, a demanda de clientes, geralmente moradores do mesmo bairro onde a batedeira está localizada, também aumentou, sendo o período entre julho e dezembro o maior em volume de vendas. 

Os dados coletados no levantamento serão analisados e apresentados em um seminário técnico, a ser realizado no final deste ano. A partir do evento, pretende-se definir os principais desafios enfrentados pelas batedeiras e promover uma série de debates que contribuam com o poder público na definição de estratégias capazes de fortalecer o setor e de  aumentar sua participação na economia local e regional.

Para a coordenadora, “a coleta de informações é um passo fundamental na construção de estratégias que viabilizem o fortalecimento das batedeiras de açaí a partir dos desafios enfrentados por elas.”

Esmiuçando os desafios 

Batedeiras são microempreendimentos que, há décadas, processam o açaí manualmente para o consumo imediato da população. A tradição, contudo, está ameaçada, principalmente, pelo aumento de grandes processadoras do fruto e pela falta de incentivos econômicos. 

O crescimento de renda e de clientela apontados pelos entrevistados não veio acompanhado do apoio público e, consequentemente, muitos microempreendimentos têm sofrido para captar recursos e competir de forma justa com a concorrência.

Ainda que a maior parte das famílias tenha no processamento do açaí sua renda principal, a pesquisa mostra o baixo acesso do setor a créditos, seja para a compra de equipamentos, seja para investir em melhorias ou em infraestrutura de suas lojas.

Segundo o pesquisador e coordenador do IPAM no Estado do Pará, Edivan Carvalho, direcionar políticas públicas e recursos para este setor produtivo é fundamental para garantir a competitividade e a sustentabilidade dos pequenos empreendimentos.

“Desenvolver ações de capacitação, assessoria técnica e gerencial, melhoria das estruturas de processamento e armazenamento e acesso a crédito para as batedeiras são ações-chave para permitir que pequenos empreendimentos consigam se manter no mercado, ao mesmo tempo que incentiva o processamento sustentável do açaí. Com as ferramentas corretas, é possível garantir renda para as batedeiras e o acesso ao alimento preferido da maior parte dos paraenses”, explica Carvalho. 

Durante a pesquisa, observou-se também um aumento exponencial no valor do açaí devido à alta demanda pelo fruto. Em segundo e terceiro lugares, as vendas destinadas para fora do Pará e o preço dos combustíveis foram as causas mais citadas que justificariam tal elevação. 

Estagiário sob supervisão de Natália Moura*

Este texto foi originalmente publicado por IPAM de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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