Mais de 300 espécies de tubarões, raias e botos estão ameaçadas de extinção

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Todas as espécies de botos de água doce do mundo correm risco de extinção segundo a Lista Vermelha da UICN atualizada esta semana

Imagem de Des Kerrigan em Pixabay

Novas avaliações da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) divulgadas no dia 10 de dezembro mostram que 316 espécies de chondrichthyes – tubarões, raias e quimeras estão ameaçadas de extinção. Além disso, todas as cinco espécies de botos do mundo também fazem parte da lista. O boto-cinza ou boto-tucuxi (Sotalia Fluviatilis), foi incluído depois de estudos atualizados.

As atualizações da Lista Vermelha incluem mais de 420 avaliações de espécies de tubarões e raias, das quais 154 espécies são classificadas como “ameaçadas” ou em risco de extinção na natureza. Entre eles estão quatro espécies de tubarão-martelo (família Sphyrna) e quatro espécies de tubarão-anjo (família Squatina) que estão em perigo ou criticamente em perigo, tornando-os algumas das famílias de tubarões mais ameaçadas, bem como a raia manta gigante (Mobula birostris), que agora enfrenta um risco muito elevado de extinção.

“Essas descobertas são tristemente previsíveis”, disse Andy Cornish, líder global de conservação de tubarões e arraias do WWF. “Enquanto o Grupo de Especialistas em Tubarões da UICN continua a analisar o estado dos tubarões e raias, a crise deve estar disparando o alarme para qualquer pessoa que se preocupa com a saúde do nosso oceano. Vinte anos se passaram desde que a comunidade internacional reconheceu a ameaça da sobrepesca por meio do IPOA-Sharks (Plano de Ação Internacional para a Conservação e Manejo de Tubarões e Raias). No entanto, obviamente, não foi feito o suficiente para conter a pesca excessiva que está levando esses animais à beira da extinção”.

“Classificar os tucuxi como ameaçados de extinção não é uma surpresa para nós que trabalhamos para conservar esses animais extraordinários, mas ainda é um choque ver que todos os botos de rio remanescentes do mundo estão agora oficialmente ameaçados de extinção”, disse Daphne Willems, líder da iniciativa para conservação de botos do WWF.

Tendência

De cerca de 200 espécies de raias e tubarões anteriormente classificadas como deficientes em dados, ou seja, a informação disponível não era suficiente para avaliar seu estado de conservação, 57 agora estão classificadas como ameaçadas. Isso revela uma tendência alarmante quando espécies recém-descritas ou aquelas sobre as quais não sabemos o suficiente já estão em perigo. Isso destaca a importância de informações específicas das espécies.

Desde que a última atualização da Lista Vermelha global para tubarões e raias foi realizada em 2014, esses peixes marinhos estão se tornando rapidamente um dos grupos de vertebrados mais ameaçados do planeta.

“Os governos devem tomar medidas que reduzam a pesca excessiva de tubarões e raias com urgência”, disse o Cornish. “Também precisamos desesperadamente aumentar os esforços para recuperar as populações das espécies mais ameaçadas. Não fazer isso resultará inevitavelmente em uma onda de extinções acontecendo sob nossa vigilância. Devemos aproveitar o momento para impedir que isso aconteça”.

Já temos as soluções necessárias na maioria dos casos. Estratégias de manejo eficazes na recuperação de populações são tipicamente uma combinação de limites de captura bem aplicados ou proibições de captura da espécie, junto com a proteção de habitats críticos. Um bom exemplo é a raia-barndoor (Dipturus laevis) que se recuperou o suficiente para sair da lista de espécies ameaçadas de extinção.

Conservação

Como parte da Iniciativa dos Botos da América do Sul (SARDI), o WWF tem trabalhado com governos, parceiros e comunidades para conservar os botos-tucuxi. As informações sobre seu status e comportamento, que agora podem ser encontradas no painel dos golfinhos de rio da América do Sul, também serão críticas para o desenvolvimento de maneiras eficazes de protegê-los e aos rios que habitam.

“O WWF está empenhado em fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para salvar essas espécies icônicas, que são indicadores da saúde de alguns dos maiores rios do mundo – como o Amazonas, Ganges, Indus, Irrawaddy, Mekong e Yangtze: rios com inúmeras espécies e que centenas de milhões de pessoas vivem ou dependem dos seus recursos”.

De acordo a UICN, “esta pequena espécie de boto encontrada no sistema do rio Amazonas foi severamente esgotada por mortalidade acidental em equipamentos de pesca, represamento de rios e poluição”.

“Eliminar o uso de redes de emalhe, tipo de cortina de rede de pesca que ficam penduradas na água, e reduzir o número de barragens no habitat dos tucuxi são prioridades para permitir a recuperação dos números. Fazer cumprir a proibição da morte deliberada de tucuxis também é essencial”, acrescenta o comunicado da UICN.


Por Douglas Santos em WWF Brasil, licenciado sob CC BY-NC 4.0

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