Mamadeira livre de BPA: o bebê realmente está seguro?

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A mamadeira livre de BPA (bisfenol A) pode até trazer sensação de segurança, mas o bebê pode não estar tão seguro assim. Após a publicação de diversos estudos mostrando o potencial prejudicial do bisfenol A à saúde de pessoas e animais, seu uso foi regulamentado; ele passou a ser proibido na mamadeira e limitado a determinados níveis em outros tipos de materiais. Isso trouxe sensação de segurança aos pais, mas o problema é que existem outras fontes de exposição ao bisfenol A (BPA) e substâncias com estrutura química e efeitos nocivos semelhantes que ainda não tiveram seu uso regulamentado, como o BPS, o BPF e outros tipos de bisfenol.

Conheça os tipos de bisfenol e seus riscos

Um estudo publicado pela revista estadunidense Endocrinology mostrou que a exposição de mulheres grávidas ao BPA não altera apenas o comportamento de seus filhos, mas também das gerações futuras (netos e bisnetos das mulheres grávidas).

Além disso, existem outras vias pelas quais o BPA e outros tipos de bisfenóis semelhantes (também nocivos e não regulamentados ainda) podem entrar em contato com bebês. O BPA é um material sintético utilizado em diversos tipos de plásticos, recibos, embalagens de alimentos, latinhas de refrigerantes, resinas, entre outros produtos.

Substitutos perigosos

Com as restrições ao BPA, a indústria desenvolveu novos substitutos equivalentes, BPS, BPF (bisfenol S e bisfenol F), entre outros. Essas duas substâncias são muito semelhantes ao bisfenol A e também podem causar efeitos nocivos à saúde.

Assim como o BPA, o BPS, o BPF e outros tipos de bisfenol, são disruptores endócrinos e podem causar alterações na tireoide.

BPS e BPF: conheça o perigo das alternativas ao BPA
O que são disruptores endócrinos e como evitá-los

O BPF pode causar aumento do tamanho do útero, do peso dos testículos e glândulas, entre outros efeitos nocivos.

O BPS apresenta comprovadamente potencial de causar câncer, efeitos negativos nos testículos de mamíferos, na glândula pituitária, na reprodução de fêmeas mamíferas e dos peixes.

De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês), o bisfenol S se torna altamente perigoso à saúde quando utilizado como alternativa à tinta de impressão.

O BPA, o mais estudado de todos (por ter sido desenvolvido antes), pode causar aborto, anomalias e tumores do trato reprodutivo, câncer de mama e de próstata, déficit de atenção, de memória visual e motora, diabetes, diminuição da qualidade e quantidade de esperma em adultos, endometriose, fibromas uterinos, gestação ectópica (fora da cavidade uterina), hiperatividade, infertilidade, modificações do desenvolvimento de órgãos sexuais internos, obesidade, precocidade sexual, doenças cardíacas e síndrome dos ovários policísticos.

Aos animais, os disruptores endócrinos, de maneira geral, podem causar danos significativos. Eles provocam reduções em populações de golfinhos, baleias, veados e furões, prejudicam o desenvolvimento de ovos de aves, causam deformidades sexuais em répteis e peixes, alterações na metamorfose de anfíbios e muitos outros danos.

Onde estão presentes?

Os diversos tipos de bisfenol (BPA, BPS e BPF), não estão presentes apenas nas embalagens. Um estudo mostrou que essas substâncias são encontradas também na pasta de dente, em produtos para cabelo, maquiagens, loções, bilhetes, passagens, envelopes, carnes, processados de carne, vegetais, cereais, ração de gato e cachorro, fórmulas para bebês e até na poeira doméstica.

Conheça alimentos processados e ultraprocessados

Com a ingestão e o contato com alimentos e produtos contaminados, essas variedades de bisfenol se acumulam no organismo humano. Em contato com a pele por meio do toque de papéis de recibo e jornais, por exemplo, eles acabam parando na corrente sanguínea. Exames mostraram a presença de bisfenol inclusive na urina humana.

Bebês, adultos e animais estão em risco

Há quem diga que a exposição ao bisfenol A por meio de outras fontes que não sejam a mamadeira não apresenta risco significativo à saúde humana porque são quantidades muito pequenas. Entretanto, um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo mostrou que o BPA apresentou efeitos desregulatórios na tireoide mesmo em doses baixas.

Sendo assim, é preciso questionar se proibir a utilização do BPA apenas na mamadeira é seguro para o bebê, tendo em vista que a substância migra de embalagens (e outros materiais) para alimentos como vegetais, carnes e até para fórmulas de bebês e pode apresentar efeitos nocivos mesmo em baixas doses.

Isso se soma aos danos que podem causar a adultos e ao meio ambiente, a este último principalmente após o descarte dos materiais e alimentos contendo bisfenol.

Para descartar corretamente seus resíduos e evitar que o bisfenol escape para o ambiente veja quais são os postos de coleta mais próximos de sua residência.

Para saber como reciclar seus resíduos orgânicos em casa, acesse a matéria “O que é lixo orgânico e como fazer reciclagem de lixo orgânico“. Deixe sua pegada mais leve.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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