Já tendo passado por sério risco de extinção, os leões marinhos são mamíferos semiaquáticos de águas frias e que se alimentam, principalmente, de peixes. No passado, foram alvo por muitos anos de caçadores em busca de sua gordura e couro, mas graças à proibição da caça e à rígida proteção aos mamíferos marinhos, conseguiram não só estabilizar sua população, como aumentá-la fortemente.
Mas recentemente um outro problema surgiu. Em busca de alimento, milhares de filhotes de leões marinhos vêm encalhando nas praias do litoral da Califórnia, nos EUA. O problema vem acontecendo desde 2012 por um aquecimento anormal das águas dos mares, resultando em um declínio na abundância de peixes e, consequentemente, deixando uma infinidade de leões marinhos sem alimento suficiente. Uma equipe de pesquisadores já está estudando o caso, segundo a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (NOAA, em inglês).
A gestação das fêmeas dura aproximadamente um ano, nascendo apenas um filhote, em ilhas em que não há predadores. Pelo fato de nascerem em terra, só aprendem a nadar depois de dois meses, por isso a mãe precisa sempre retornar ao mar em busca de alimento para amamentar seus bebês. E quando suas jornadas duram mais tempo que o normal, devido à escassez de peixes, seus filhotes famintos saem das ilhas para tentarem buscar alimento – por não saberem nadar, acabam encalhados nas areais das praias.
Felizmente, uma rede de centros de salvamento costeiros tem se prontificado a ajudar. Composta em grande parte por voluntários, as instalações já receberam mais de 2.200 filhotes de leões marinhos desde o começo de 2015 – eles chegam em condições urgentes, sendo possível ver suas costelas através da pele e muitos acabam não sobrevivendo, mas por outro lado, sob cuidados humanos, muitos já recuperaram a saúde. Devolvê-los a natureza era o objetivo inicial, mas existe a dúvida na comunidade científica marinha se essa seria a coisa certa a se fazer.
O ecossistema em que vivem simplesmente não têm comida suficiente e esse cenário não mudou no tempo em que ficaram em cativeiro, portanto, libertá-los seria mandá-los direto para o mesmo ambiente em que eles estavam apenas passando fome. Além disso, os especialistas se preocupam também com outra questão – a mudança climática ter causado a fome desses predadores é um claro sintoma de que graves problemas devem ocorrer mais abaixo na cadeia alimentar.
Para a ciência, o resgate desses leões marinhos e de outros animais, como as focas, pode trazer muitos benefícios. Pesquisas a respeito das doenças e até sobre a predação dos tubarões estão sendo feitas com os animais recolhidos, em parceria com instituições de pesquisa ao redor do mundo. E esses testes podem servir para verificar como as doenças dos animais podem se relacionar com as dos seres humanos. O estudo do câncer em leões marinhos encalhados levou a uma melhor compreensão do câncer cervical nas pessoas, por exemplo.
Os especialistas também estão trabalhando em alguns outros assuntos que esse problema envolve, como os efeitos da mudança climática no ambiente, a poluição e pesca predatória que estão destruindo nossos oceanos e em formas de reduzir e reverter tais questões por meio de maior conhecimento científico e de mudanças na política ambiental.
Clique aqui e assista a um vídeo de resgate nas praias da Califórnia.
Fonte: Smithsonian Magazine
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