Diferentemente do marfim original, o marfim-vegetal é derivado de sementes e pode ser extraído de forma sustentável
O marfim vegetal, também conhecido como jarina ou semente de tagua, é um material derivado do endosperma de sementes de algumas espécies de palmeiras, como a Phytelephas aequatorialis. Similarmente ao marfim normal, o marfim vegetal é duro e quase impossível de se moldar com facas convencionais. Ele atua como alternativa para o plástico, o marfim extraído de elefantes e outros materiais derivados de animais.
Além de ser usado na substituição do marfim convencional, o material foi comumente usado pela indústria da moda durante o final do século IX na confecção de botões. Antes da popularização do uso do plástico, cerca de 20% de todos os botões feitos nos Estados Unidos eram de marfim vegetal.
Ele é usado desde 1800 e é uma grande parte da cultura do Equador, local de origem dessas palmeiras, que prosperam ao longo dos córregos e afluentes do Amazonas. As palmeiras podem alcançar entre seis a 12 metros de altura e produzem frutas do tamanho de melões, que contém até 15 sementes de tagua. Elas levam até 15 anos para alcançar o estágio de produção dessas frutas, e quando alcançam-no podem produzir as sementes por até 100 anos.
Usos
Embora tenha sido popularizado durante o século XIX para a confecção de botões, o marfim vegetal ultimamente tem sido quase estritamente utilizado na fabricação de bijuteria e outras produções artísticas. Entretanto, anteriormente ao uso do plástico, ele foi o material principal na produção outros produtos, como:
- Dados
- Utensílios de cozinha
- Peças de xadrez e dominó
- Esculturas
Colheita e fabricação
Na produção de botões, o marfim vegetal da UMA Miami Apparel é colhido com a ajuda de formigas! Após a queda das frutas, esses insetos se alimentam das cascas da semente, deixando-as prontas para a colheita. Depois disso, elas são deixadas no Sol para secar, descascadas, fatiadas e moldadas por artesãos.
Sustentabilidade
Além de ser biodegradável, a produção de grande parte do marfim vegetal não desperdiça nada. Na UMA, por exemplo, o que não é usado na fabricação de botões é vendido para empresas de cuidados para pele como um ingrediente para esfoliantes e o pó derivado de seu manuseio é transformado em ração para galinhas e gado.
Além disso, o marfim-vegetal é uma alternativa sustentável para o marfim convencional, que conta com a tortura de elefantes. De acordo com o Owlcation, um elefante é morto a cada 15 minutos, seja para a extração de suas presas ou pelo uso de outras partes do animal. Em um ano, uma palmeira é responsável pela fabricação de mais marfim do que apenas uma presa de elefante, reduzindo a exploração animal.
Por outro lado, o marfim vegetal também é uma alternativa ao plástico — uma indústria sempre crescente e responsável pela degradação de boa parte do meio ambiente.
As palmeiras da espécie Phytelephas aequatorialis também não são as únicas capazes de produzir o marfim vegetal. Outras árvores, como a Metroxylon amicorum e a Hyphaene ventricosa, produzem sementes similares e que podem ser usadas na substituição do marfim de elefantes.
Outro fator para o incentivo do uso dessas sementes é que a produção de marfim vegetal pode contribuir para a proteção de florestas tropicais ameaçadas no Equador, Colômbia e Peru. Produtos naturais de florestas tropicais, como esse marfim, podem gerar cinco vezes a renda de plantações de banana e de fazendas de gado.
Em um âmbito socioeconômico, investir no marfim vegetal pode fornecer uma renda viável para os povos indígenas das florestas tropicais da Amazônia.