Marsupial mais raro e ameaçado do mundo é visto em floresta australiana

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Considerado extinto por mais de um século, o potoroo-de-gilbert (Potorous gilbertii) – o marsupial mais ameaçado da Austrália – surpreendeu cientistas ao ser redescoberto em 1994 na Reserva Natural de Two Peoples Bay. Trinta anos depois, um estudo publicado na Pacific Conservation Biology revela os avanços e desafios para salvar a espécie, cuja população original foi reduzida a 40 indivíduos após décadas de desaparecimento.

A sobrevivência do animal, que depende quase exclusivamente de fungos subterrâneos para alimentação, está diretamente ligada à preservação de seu habitat. Em 2015, um incêndio devastador eliminou a colônia redescoberta no Monte Gardner, reforçando a importância de populações de segurança estabelecidas em áreas como a Ilha Bald e o Parque Nacional Waychinicup. Esses grupos, criados entre 2005 e 2014, tornaram-se a salvação da espécie após a tragédia ambiental.

Pesquisadores do Departamento de Biodiversidade, Conservação e Atrações (DBCA), em parceria com universidades e organizações locais, destacam que a recuperação exige uma abordagem multifacetada. Além do controle de predadores invasores, como raposas e gatos selvagens, é preciso adaptar estratégias de manejo do fogo e mitigar os impactos das mudanças climáticas. A regeneração do habitat em Two Peoples Bay, por exemplo, segue como prioridade para reintroduzir marsupiais criados em cativeiro.

A genética também desempenha papel central. Estudos liderados pela Dra. Elizabeth Sinclair, responsável pela redescoberta da espécie, mostram que a diversidade genética das populações remanescentes é fundamental para evitar endogamia e garantir resistência a doenças. “Sem variabilidade, mesmo os esforços mais intensos podem fracassar a longo prazo”, afirma Sinclair.

A mobilização de grupos comunitários, como o Gilbert’s Potoroo Action Group, tem sido decisiva para ampliar a conscientização e pressionar por políticas públicas. Apesar dos progressos, especialistas alertam que a espécie permanece vulnerável. Menos de 150 indivíduos existem hoje na natureza, distribuídos entre as colônias de segurança e áreas em restauração.

O caso do potoroo-de-gilbert ilustra como a combinação de ciência, gestão ambiental e participação social pode reverter cenários críticos. Resta saber se as lições aprendidas serão aplicadas a outras espécies à beira do desaparecimento – um desafio que exige urgência e compromisso global.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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