Imagem de Jason Rost no Unsplash
Um estudo preliminar trouxe à tona mais uma fonte surpreendente de microplásticos no cotidiano: os chicletes. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) descobriram que mastigar uma única unidade pode liberar centenas a milhares de partículas microscópicas de plástico na saliva, com potencial para serem ingeridas. Os resultados, apresentados no encontro da American Chemical Society (ACS) em março de 2025, reforçam a necessidade de discutir os impactos desses materiais na saúde e no meio ambiente.
Apesar da ausência de consenso científico sobre os efeitos dos microplásticos no organismo humano, pesquisas com células humanas e animais sugerem riscos à saúde. Enquanto a comunidade científica busca respostas mais conclusivas, o estudo chama atenção para a presença dessas partículas em produtos cotidianos, incluindo gomas de mascar — um item consumido globalmente e pouco investigado até então.
Sintéticos e naturais: diferença mínima
A equipe analisou cinco marcas de chicletes sintéticos e cinco de origem natural, todas disponíveis no mercado. Ao contrário do esperado, ambas as categorias liberaram quantidades semelhantes de microplásticos durante a mastigação. As partículas identificadas incluíram poliolefinas, tereftalato de polietileno, poliacrilamidas e poliestirenos, com predomínio das primeiras.
Os testes envolveram a coleta de amostras de saliva a cada 30 segundos durante quatro minutos de mastigação, seguidas por um enxágue bucal. Em outro experimento, o monitoramento se estendeu por 20 minutos para avaliar a taxa de liberação. Os resultados mostraram que a maioria das partículas se desprende nos primeiros dois minutos, atingindo 94% do total após oito minutos. A abrasão mecânica, e não a ação enzimática da saliva, foi apontada como a principal causa.
Exposição anual pode chegar a dezenas de milhares de partículas
Considerando que uma unidade de chiclete pesa entre 2 e 6 gramas, os pesquisadores estimaram que um pedaço maior pode liberar até 3 mil microplásticos. Para quem consome entre 160 e 180 unidades por ano, a ingestão anual pode superar 30 mil partículas — um acréscimo significativo à média já elevada de microplásticos consumidos por meio de alimentos, bebidas e embalagens.
A pesquisa limitou-se a detectar partículas maiores que 20 micrômetros, deixando em aberto a possibilidade de liberação de nanoplasticos ainda menores. Sanjay Mohanty, líder do projeto, ressalta que a quantidade de plástico liberada na saliva é pequena em relação ao total presente no chiclete, mas destaca a importância do descarte adequado para evitar poluição ambiental.
Recomendações e próximos passos
Como estratégia para reduzir a exposição, a mastigação prolongada de uma única unidade é preferível à substituição frequente por novas. O estudo, financiado pela UCLA e por programas de fomento à pesquisa, abre caminho para investigações mais amplas sobre os efeitos dessas partículas no organismo e no ecossistema.
Enquanto isso, a discussão sobre alternativas sustentáveis e a regulamentação de materiais em produtos de consumo diário ganha urgência. Afinal, o plástico já invadiu até os hábitos mais corriqueiros, como mascar um chiclete.
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