A Mata Atlântica é um bioma composto por diferentes formações vegetais e ecossistemas associados, que se destaca por sua grande biodiversidade. Hoje, devido à diversas atividades antrópicas na região, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente perto da serra do mar, de acordo com dados da Fundação SOS Mata Atlântica. Por isso, políticas públicas que incentivem a conservação desse bioma e de seus recursos naturais e protejam os povos tradicionais que vivem nesse bioma são de extrema importância para a sua manutenção e sobrevivência.
Em 1500, estima-se que a Mata Atlântica cobria aproximadamente 15% do território brasileiro, compreendendo uma área equivalente a 1.296.446 km2. Sua região de ocorrência original abrangia integral ou parcialmente 17 estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. A Mata Atlântica nativa também abrangia a porção leste do Paraguai e a província de Misiones, na Argentina.
Um mapeamento encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente mostra que hoje apenas 27% da área original ainda é remanescente, incluindo os vários estágios de regeneração em todas as fisionomias. Entretanto, o percentual de remanescentes bem conservados é de apenas 7,26%, segundo levantamento divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Segundo esse estudo, existem somente 97.596 km2 de remanescentes maiores de 1 km2. Esses dois dados apontam, por um lado, a capacidade da Mata Atlântica de se regenerar e, por outro, a situação crítica de isolamento em que se encontram as áreas remanescentes em estágio avançado e primário da floresta.
Cerca de 70% da população brasileira vive no território da Mata Atlântica. Esse bioma compreende sete bacias hidrográficas que se alimentam dos rios São Francisco, Paraíba do Sul e Paraná, entre outros. As águas dessa região abastecem cerca de 110 milhões de brasileiros.
De acordo com a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), pode-se dividir a Mata Atlântica em floresta primária e secundária. Esta última possui três estágios, que variam conforme a capacidade de regeneração das fitofisionomias do bioma. Entenda a divisão:
Os solos da Mata Atlântica costumam ser rasos e ácidos, extremamente úmidos e pobres. Isso acontece em decorrência da pouca incidência solar, que é impedida de alcançar a superfície em virtude das copas das árvores. Além disso, a pouca profundidade do solo e os altos níveis pluviométricos propiciam processos erosivos e deslizamentos nas partes mais altas dos terrenos.
Mesmo reduzida e muito fragmentada, estima-se que a Mata Atlântica possua cerca de vinte mil espécies vegetais (35% das espécies existentes no Brasil). Se comparada com a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica apresenta, proporcionalmente ao seu tamanho, maior diversidade biológica.
Estudos realizados no Parque Estadual da Serra do Conduru, no sul da Bahia, mostraram uma diversidade de 454 espécies de árvores por hectare, número que superou o recorde de 300 espécies por hectare registrado na Amazônia peruana em 1986. Esses dados podem comprovar que a Mata Atlântica possui a maior diversidade de árvores do mundo por unidade de área.
Em relação à fauna, existem diversas espécies endêmicas, ou seja, que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do mundo. A Mata Atlântica conta com aproximadamente 850 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 espécies de mamíferos e 350 espécies de peixes. Os principais representantes da fauna são micos-leões-dourados, tamanduás, tucanos, jaguatiricas, rãs, onças-pintadas e bichos-preguiça.
Vale ressaltar que a Mata Atlântica é um dos únicos locais onde a onça-pintada ainda pode ser encontrada.
No entanto, várias dessas espécies animais e vegetais estão ameaçadas de extinção. Além do pau-brasil, existem outras 276 espécies vegetais da Mata Atlântica na lista oficial de espécies ameaçadas, entre elas o palmito-juçara, a araucária e várias orquídeas e bromélias. Entre os animais terrestres, são 185 vertebrados em risco, sendo 118 aves, 16 anfíbios, 38 mamíferos e 13 répteis. Vale ressaltar que grande parte dessas espécies ameaçadas é endêmica, como o muriqui-do-sul, o muriqui-do-norte e o papagaio-da-cara-roxa.
Por se tratar de um bioma extenso e rico em biodiversidade, a Mata Atlântica é subdividida em alguns ecossistemas. Essa subdivisão foi elaborada pela Fundação SOS Mata Atlântica em 1990 e reconhecida legalmente pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) em 1992.
De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que 145 milhões de pessoas vivam sob o domínio da Mata Atlântica, o que representa mais de 72% de toda a população do país. Esse alto contingente populacional na região é explicado pela colonização brasileira. Foi no litoral que se desenvolveram os primeiros aglomerados urbanos e, posteriormente, os primeiros centros industriais, isto é, na área da Mata Atlântica.
A devastação da Mata Atlântica é preocupante do ponto de vista social, já que grande parte da sociedade brasileira depende dela para a preservação de nascentes, como a do rio São Francisco, por exemplo. Além disso, povos indígenas e não-indígenas, como os Guarani ou os Caiçara, vivem na mata e necessitam dela preservada para sua sobrevivência.
Considerada patrimônio nacional pela Constituição Federal de 1988, a Mata Atlântica é essencial para a manutenção da vida no litoral brasileiro e em algumas áreas interioranas de sua ocorrência. Além de conter a árvore que deu origem ao Brasil, esse bioma possui importantes bacias que servem desde a navegação fluvial, como o rio Tietê, e também rios que geram grandes quantidades de energia, como o rio Paraná. A Usina de Itaipu está localizada nesse rio, por exemplo.
Isso mostra a importância das águas da Mata Atlântica, tanto para o consumo humano quanto para atividades industriais e agrícolas, sendo fundamentais no desenvolvimento das grandes cidades brasileiras.
Em função de sua grande importância, foi sancionada a Lei da Mata Atlântica em 2006, que rege políticas públicas relacionadas à proteção e conservação da floresta, além de regulamentar a exploração apenas quando tal ação não prejudique a vegetação, conforme consta no artigo 20: “O corte e a supressão da vegetação primária do Bioma Mata Atlântica somente serão autorizados em caráter excepcional, quando necessários à realização de obras, projetos ou atividades de utilidade pública, pesquisas científicas e práticas preservacionistas.”
A lei promulgada em 2006 é fruto de ações ambientalistas na década de 1980, quando a Constituição Federal determinou que a Mata Atlântica se tornasse patrimônio nacional do Brasil. A degradação do bioma teve início em 1500, quando os portugueses chegaram e retiraram grandes quantidades de pau-brasil, exportando-o para a Europa. A cor avermelhada dessa árvore chamava a atenção dos europeus, que usavam a madeira para construção de móveis e sua cor para tingir tecidos.
Com o passar do tempo, o desenvolvimento no litoral brasileiro fez com que grande parte da mata fosse desmatada para inúmeros fins: agricultura, construção e expansão de cidades, abertura de ferrovias e rodovias, implantação de indústrias e por aí vai. Isso fez da Mata Atlântica o primeiro bioma brasileiro a sofrer um grave desmatamento. Além disso, também persiste o comércio ilegal de espécies da fauna ou da flora nesse local.
Com pouco mais de 100 mil km2, a Mata Atlântica possui apenas 7,84% de sua vegetação original. O desmatamento e as ocupações irregulares, causadas pela urbanização, reduziram drasticamente as áreas delimitadas por esse bioma. Ademais, essa porcentagem está distribuída de forma irregular no país, com alguns estados com menos de 1% do que havia em 1500.
O Parque Nacional das Araucárias é um exemplo de unidade de conservação brasileira de proteção integral à natureza situada nos municípios catarinenses de Passos Maia e Ponte Serrada. Seu principal objetivo é o de preservar os remanescentes de Floresta Ombrófila Mista da região, a fim de criar condições para realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico.
Toda essa degradação fez com que a ONG Conservação Internacional incluísse a Mata Atlântica em sua lista de hotspots. Esse conceito é associado a biomas que possuem grande biodiversidade e com muitas espécies endêmicas, restritas àquela localidade e mais suscetíveis de serem extintas. Além disso, para um bioma ser considerado como hotspot, é necessário que 75% (ou mais) de sua área original esteja desmatada ou destruída.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais