A queima de combustíveis fósseis é um grande problema ambiental, que pode causar não só a liberação de dióxido de carbono (gás de efeito estufa que contribui fortemente para o aquecimento global, devido concentração de poluentes), mas também a emissão de material particulado, um resíduo de extrema toxicidade que fica suspenso no ar.
Composto por uma mistura de diversas partículas muito pequenas, o resíduo também pode ser gerado em outros processos, como na agricultura ou em incêndios.
De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), o material particulado é uma mistura de partículas de diversos materiais, sólidos ou líquidos. Tal material pode ser cerca de cinco vezes mais finas que um fio de cabelo ou mesmo menores que gotículas de substâncias líquidas. Além disso, essas partículas podem ser de compostos químicos orgânicos, ácidos, como sulfatos e nitratos, metais, e até poeira.
Ainda segundo a EPA, o material particulado (PM) pode ser dividido em duas categorias. O PM2,5 é formado por partículas cujo tamanho chega até 2,5 micrômetros e pode ser encontrado em nevoeiros e na fumaça. Já o PM10, com partículas de tamanho entre 2,5 e 10 micrômetros, pode ser encontrado em regiões próximas a indústrias.
O material particulado pode ter origem nos mais diferentes lugares e processos. A queima de biomassa e combustível é um exemplo, tanto em aquecedores, lareiras e caldeiras, quanto em veículos movidos a combustível fóssil, como carros, motos, barcos, aviões e tratores.
As fábricas e as centrais elétricas, que usam combustível para que suas turbinas funcionem, também emitem material particulado durante suas atividades. Os incêndios, a agricultura e os hospitais também são responsáveis por emissões desse tipo de material.
A EPA afirma que as principais fontes de PM2,5 são, em ordem decrescente, a poeira, a queima de combustíveis e os veículos automotores. O mesmo pode ser dito para as fontes de PM10, com a adição da agricultura.
Um dos tipos mais comuns de material particulado é o carbono negro, também chamado de fuligem. Suas origens são a queima incompleta de diesel e os incêndios. Esse tipo de poluente é um dos principais intensificadores do aquecimento global, junto com o CO2.
Há estudos que apontam outros problemas gerados por esse tipo de emissão para o meio ambiente. Um desses trabalhos atesta o aumento na densidade das nuvens, dificultando a entrada da luz solar na atmosfera, criando um processo conhecido como forçamento radiativo. Isso causaria impactos ambientas como a diminuição da frequência de precipitações e a chuva ácida.
Mas o mais preocupante é a incerteza sobre as previsões climáticas, que acontece em decorrência da emissão de material particulado.
De acordo com um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, “enquanto o forçamento radiativo causado pelos gases do efeito estufa pode ser determinado em um grau razoavelmente elevado de precisão, as incertezas relativas ao material particulado permanecem altas, e dependem, em grande medida, de estimativas dos estudos de modelação globais que, no momento, são difíceis de verificar”.
As pequenas partículas e gotículas presentes no material particulado, principalmente no PM2,5, são responsáveis por uma série de problemas de saúde. Estudos apontam para diversas doenças causadas pela contaminação por material particulado, como ataques cardíacos e arritmia cardíaca. Há também relatos de desenvolvimento de asma em crianças e outros problemas relacionados ao sistema respiratório, como irritação das vias aéreas, tosse e dificuldade de respiração.
Outro estudo realizado pelo Instituto Paul Scherrer mostrou que partículas com elevado potencial oxidativo, como é o caso do material particulado, intensificam a reação inflamatória das células. Além disso, constatou que o material das áreas urbanas possui um maior potencial oxidativo do que o das áreas rurais, sendo mais prejudicial à saúde.
Existem leis que regulam os níveis de emissões de material particulado na maior parte dos países. Assim, para se adequarem aos padrões exigidos, indústrias se utilizam de tecnologias para diminuir suas emissões. Uma das mais utilizadas são os precipitadores eletrostáticos, um tipo especial de filtro.
Nas Américas do Sul e do Norte, a combustão do diesel é um dos principais responsáveis pelas emissões dessas partículas. No Brasil, apesar de lento, há avanços com esse tipo de emissão. Já está disponível no mercado o diesel S10, menos poluente e menos danoso à saúde, mas ainda assim um problema ambiental.
Em algumas cidades do país, existe o sistema de inspeção veicular, que fiscaliza os níveis de emissões de monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), hidrocarbonetos (HC) e material particulado dos carros registrados na cidade.
Mas você também pode contribuir com a diminuição das emissões de material particulado. Use os transportes coletivos, de preferência aqueles não movidos a combustíveis fósseis, a exemplo do metrô ou trem.
Quando possível e seguro, use sua bicicleta ou caminhe. Se você realmente precisar usar um automóvel individual, opte por combustíveis menos poluentes para seu abastecimento, como o etanol, e sempre esteja em dia com a manutenção do seu carro.
Também é importante estar atento aos cuidados necessários na prevenção de incêndios florestais. Não solte balões e não faça fogueiras em locais próximos a florestas.
Não jogue bitucas de cigarro, sobretudo em lugares arborizados ou beiras de estrada. E não se esqueça de pressionar as autoridades responsáveis e as grandes empresas pela diminuição das perigosas emissões de material particulado.
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