Maus hábitos de sono “envenenam” cérebro com neurotoxinas

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Passamos aproximadamente um terço de nossa vida dormindo. Muito se fala sobre a importância do sono e que dormir é essencial para a manutenção de importantes funções corporais. Sabemos como nosso desempenho físico e mental depende de uma boa noite de sono. Quando dormimos, nosso sistema imunológico se fortalece, há a secreção e liberação de hormônios, como o de crescimento, o da consolidação da memória e o do relaxamento e descanso da musculatura. Além disso, um bom descanso ajuda na regulação de emoções, tomada de decisões e até mesmo na criatividade.  O que pesquisas mais recentes têm descoberto é que o sono também funciona como um “limpador de encanamentos” em nível celular.

Um estudo do Center for Translational Neuromedicin, da Universidade de Rochester, descobriu que o espaço entre as células aumenta durante o sono, possibilitando que nosso cérebro se limpe de toxinas que se acumulam durante o tempo em que estamos acordados. Dr. Nedergaard, responsável pelo estudo, nomeou esse sistema como “glymphatic system”. Ele ajuda a controlar o fluxo do fluido cerebrospinal, que assim carrega neurotoxinas através da coluna vertebral em grandes quantidades. A origem do nome deriva do sistema linfático, que filtra os resíduos tóxicos para fora do corpo.

O sistema glymphatic filtra os produtos residuais prevenindo doenças neurológicas, como Alzheimer e Parkinson. Este processo de limpeza permite que neurotoxinas sejam retiradas de nosso cérebro, como a chamada beta-amilóide, que foi encontrada em grande quantidade nos cérebros de pessoas com doença de Alzheimer. Quando não temos uma boa noite de sono, esse sistema não funciona de forma adequada e os resíduos nocivos são acumulados em nosso cérebro, podendo corroborar com a origem de doenças. Segundo um estudo publicado na revista Nature Neuroscience, quanto mais beta-amilóide que você tem em partes de seu cérebro, pior fica sua memória. Além disso, a toxina faz com que você tenha menos sono profundo, ou seja, seu cérebro fica cada vez menos eficaz em limpar essa toxina.

A especialista em sono e cérebro do Massachussets Institute of Technology (MIT), Tara Swart, ressalta a importância do sono. Segundo ela, o processo todo de filtragem leva de seis a oito horas e, quanto menos sono profundo você tiver, menos estará filtrando toxinas de forma eficaz. A especialista ressalta: mesmo se você não se sentir sonolento, seu cérebro precisa desse tempo para se purificar diariamente. Para saber mais sobre como melhorar o sono, confira a matéria “Dormir bem é essencial para a saúde. Veja como melhorar seu sono“.

Se você não tiver a disponibilidade de usufruir desse tempo de sono, a especialista recomenda cochilos. Vinte minutos de cochilo já é tempo suficiente para funcionar como um verdadeiro power boost; com 30 minutos seu cérebro apresentará melhor aprendizagem e memória; em sonecas de 60 a 90 minutos, novas conexões podem se formar e libertar um potencial criativo no cérebro. Segundo Swart, é por isso que a empresa Google tem nap pods, que são locais direcionados para sonecas durante o expediente.

Tara Swart ainda adverte que dormir ao lado de smartphones afeta seus padrões cerebrais devido aos sinais 3G e 4G que os aparelhos emitem a noite toda. Uma pesquisa publicada em 2007 já comprovou que a radiação elétrica emitida a partir dos dispositivos é captada por eletrodos dentro de nossos cérebros. Contudo, os cientistas ainda estão investigando os possíveis danos que os sinais eletromagnéticos emitidos a partir de equipamentos wi-fi causam no cérebro humano. Mas, o fato de atrapalhar potencialmente que seu cérebro limpe resíduos (como a beta-amilóide) adequadamente já demonstra o potencial de dano grave.

Confira o vídeo (em inglês), para saber mais a respeito.

Equipe eCycle

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