Mausund, classificada como uma reserva ambiental em razão das espécies de animais encontradas, enfrenta diversos problemas relacionados à contaminação por plástico
Mausund é uma vila de pescadores localizada no município de Frøya, na Noruega. Segundo pesquisadores, Mausund vem enfrentando problemas relacionados à contaminação por plástico. Com o passar dos anos, esses resíduos se transformam em microplásticos, ainda mais difíceis de serem eliminados.
Um estudo realizado mostrou que cerca de 25% da vila encontra-se tomada por plásticos. Eles se degradam lentamente e, com o tempo, se transformam em pequenos pedaços de microplástico e nanoplástico.
Mausund, classificada como uma reserva ambiental em razão das espécies de animais encontradas, enfrenta diversos problemas relacionados à contaminação por plástico. Entenda.
Plásticos nos oceanos
A cada ano, oito milhões de toneladas de plástico vão parar nas águas dos oceanos, levando 100 mil animais marinhos à morte, conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, a instituição afirma que, caso o ritmo de consumo continue o mesmo, em 2050 pode haver mais plástico do que peixes nos oceanos.
Segundo o Programa Ambiental das Nações Unidas (Pnuma), 90% de todos os detritos dos oceanos são compostos por plástico. Além disso, existem 46.000 fragmentos de plástico em cada 2,5 quilômetros quadrados da superfície desses ambientes. Para acrescentar, estudos comprovam que para cada quilo de algas marinhas e plâncton encontrado nos oceanos, há pelo menos seis quilos de plástico.
Lixo plástico viaja pelas correntes oceânicas
Pesquisas apontam que os resíduos plásticos chegam a Mausund por meio de correntes oceânicas localizadas ao redor do arquipélago. Estatísticas revelam que cerca de 70% do plástico veio do exterior.
“Mas isso não significa que a responsabilidade recaia principalmente sobre pessoas de outros países. Muitos dos resíduos plásticos vêm do transporte e da indústria local, como cordas, equipamentos de pesca e materiais de construção. Não é apenas o plástico que chega à costa”, diz Odd Arne Arnesen, gerente geral da Estação de Campo Mausund.
Efeitos do plástico
O plástico pode causar inúmeros prejuízos para a vida marinha e humana. Os animais frequentemente se sufocam com o lixo flutuante e muitos ingerem esses resíduos, confundindo-os com alimentos. Ao ingerir o plástico, os animais sofrem falsa saciedade e, com o estômago entulhado de plástico, ficam incapazes de ingerir partículas de alimentos, morrendo de desnutrição. Além disso, o plástico entra na cadeia alimentar e estima-se que quem come frutos do mar regularmente ingere cerca de 11 mil pedaços de microplástico por ano.
Um outro aspecto que tem sido estudado é que diversas partículas de microplásticos podem absorver contaminantes químicos, como compostos de petróleo, produtos farmacêuticos ou pesticidas presentes na água. Uma vez engolido, os efeitos prejudiciais deste microplástico contaminado se tornam ainda maiores que a ingestão em si.
Além disso, um relatório chamado “Plastics, EDCs & Health: A Guide For Public Interest Organizations and Policy-makers on Endocrine Disruption Chemicals & Plastics” demonstrou que diversos tipos de plástico se comportam como disruptores endócrinos, podendo causar esterilização, problemas comportamentais, diminuição da população e outros danos à saúde.
Um outro estudo publicado no Journal of Hazardous Materials indicou que a ingestão de microplásticos através da comida, do ar e da água pode causar lesões celulares. Foi comprovado que esses materiais resultam no dano nas paredes das células, morte celular e reações alérgicas.
Limpeza de Mausund
“O trabalho de limpeza de Mausund começou em 2017. A equipe não poderia imaginar quão ruim era”, diz Ervik. De acordo com a professora, o grupo coletou cerca de 5.500 metros cúbicos de resíduos marinhos desde que começou. Além disso, reuniu 14.200 quilos de óleos e produtos químicos.
Além da equipe de limpeza, a vila conta com a ajuda de voluntários. Desde o início, 1.500 voluntários trabalham na coleta de resíduos, incluindo crianças em idade escolar, estudantes, políticos municipais e distritais, turistas e aposentados. No entanto, a ilha ainda continua extremamente contaminada.