Por Jornal da USP — Os medicamentos biossimilares são cada vez mais estudados e podem surgir como boas alternativas aos remédios de alto custo em um futuro próximo. A professora Valentina Porta, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, explica, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, como esses medicamentos são formados e como eles podem atuar de forma importante na sociedade.
De início, é importante localizar os medicamentos biossimilares e entender o modo pelo qual eles são compostos. Apesar das confusões, eles são diferentes dos genéricos, como explica a professora: “Os biossimilares são medicamentos semelhantes a outros medicamentos biológicos, aí a gente já tem uma diferença entre os biossimilares e os genéricos. Quando a gente fala de medicamentos genéricos, a gente está falando de medicamentos sintéticos, que são obtidos por meio de reações químicas e geralmente são moléculas pequenas, mais simples. Quando a gente fala sobre biossimilares, a gente está falando de moléculas maiores, com estrutura mais complexa, que são obtidas a partir de organismos vivos, ou tecidos de animais, no processo de biotecnologia. É uma forma mais complexa de obtenção, são moléculas maiores, com estrutura bem diferente dos genéricos”.
Os medicamentos biológicos já são utilizados há um período considerável. A insulina, por exemplo, é um deles, extraída do pâncreas do boi ou do porco. Mas o progresso no estudo dos biossimilares atualmente está evidente, como diz a professora Valentina: “À medida que a tecnologia foi evoluindo, a gente conseguiu produzir esses medicamentos biológicos de outras formas. Não só apenas extraindo de animais, mas usando, por exemplo, bactérias geneticamente modificadas para produzir, por exemplo, uma insulina mais parecida com a insulina humana. Nos últimos 20 anos, a gente teve uma evolução muito grande na produção desses medicamentos biológicos”.
Apesar das diferenças presentes no modo como são produzidos, a difusão em maior escala é realizada de maneira parecida. “A gente tem uma empresa farmacêutica, ela desenvolve um medicamento biológico e começa a produzir. Ela tem a patente e depois de um certo período essa patente vai expirar e outras empresas podem produzir esse medicamento”, comenta a professora.
O custo menor em relação aos medicamentos de referência é um dos pontos fortes dos medicamentos biossimilares. Embora ainda sejam mais caros que os genéricos, a redução de custos favorece a sociedade, sobretudo no Brasil, como indica a professora Valentina: “Isso é importante, não só para quem vai à farmácia comprar os medicamentos, mas também para o SUS (Sistema Único de Saúde), para o sistema público que adquire os medicamentos para fornecer para seus pacientes”.
Um dos pequenos entraves que ainda retardam a produção maior desses medicamentos é a complexidade do processo ao produzi-los. A empresa farmacêutica “vai ter que provar que esse biossimilar é suficientemente semelhante ao medicamento de referência para produzir a mesma eficácia e segurança. E essa comprovação é muito mais complexa do que a comprovação que a gente faz para os genéricos”, analisa a professora, que, mesmo assim, enxerga com esperança o maior desenvolvimento e difusão da tecnologia, com mais pesquisas e empresas produzindo: “Quanto mais concorrência, quanto mais opções a gente tiver, menor vai ser esse custo.”
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