Entenda mais sobre os tipos de medicamento e como agem no organismo
O que são os medicamentos? Na farmacologia, são produtos farmacêuticos tecnicamente obtidos ou elaborados, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico segundo a definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). São diferentes de remédios pois são elaborados em laboratório e possuem toda uma regulação para serem comercializados e podem ser obtidos nos seguintes tipos: de referência, similar ou genérico.
O uso de recursos naturais para fins medicinais é antigo: há registros de que as primeiras técnicas foram usadas há mais de oito mil anos. Os povos da antiguidade, como egípcios, chineses e indianos, difundiram esse tipo de prática e utilizavam os benefícios das plantas para rituais de cura ou tratamentos, dando origem aos primeiros remédios. Mais tarde, cientistas começaram a extrair e modificar os princípios ativos dessas plantas, criando novas versões de remédios.
A partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), junto com a industrialização e avanços tecnológicos, os processos de pesquisa e produção de novos medicamentos passaram por uma grande evolução e se consolidaram. A química orgânica sintética tornou possível a criação de medicamentos sintéticos em larga escala e economicamente viáveis, assim, junto com outros avanços, a expectativa de vida global aumentou de 48 anos em 1950 para mais de 71 anos em 2021. Atualmente o grande marco de desenvolvimento de fármacos tem se dado pelo avanço da engenharia genética.
Diferença entre medicamentos e remédios
Muitas pessoas acham que não há diferença entre remédio e medicamento, que têm o mesmo significado, porém estão enganadas. Os medicamentos são substâncias estudadas, testadas e elaborados pela indústria farmacêutica com o objetivo de diagnosticar, prevenir, curar ou aliviar sintomas.
O remédio é mais amplo, se refere a qualquer tratamentos terapêuticos também contra doenças e alívio dos sintomas. O soro caseiro, um chá, uma massagem, são todos classificados como remédios, mas não medicamentos. Ao contrário, porém, os medicamentos podem ser considerados remédios.
Qual é a diferença entre fármaco e droga?
Um fármaco é qualquer tipo de substância capaz de promover alterações fisiológicas com a finalidade de melhorar uma condição de saúde. Nesse sentido, remédios e medicamentos são considerados fármacos. Entretanto, nem todo fármaco é considerado como uma droga. Uma droga é uma substância capaz de promover efeito psicoativo, alterando o estado de consciência. O termo faz referência tanto às substâncias regulamentadas por órgãos sanitários quanto àquelas comercializadas de forma ilícita.
Tipos de medicamento
Segundo a Lei nº 9.787 de 1999, esses produtos podem ser divididos em três principais tipos: o de referência, o similar e o genérico.
O de referência é o produto inovador, aprovado pelo órgão federal e comercializado, cuja eficácia, segurança e qualidade foram devidamente comprovadas cientificamente. Dentro desse tipo existem outras três classes:
- homeopáticos, que tratam o paciente com pequenas doses que produzem os mesmos sintomas da doença, estimulando o corpo a se recuperar;
- fitoterápicos, obtidos de raízes, cascas, folhas e sementes;
- alopáticos, os mais comuns entre pacientes, a substância química age diretamente sobre os sintomas – eles podem ser industrializados ou manipulados.
O medicamento similar é igual ao de referência em suas características, podendo apenas mudar o tamanho, forma, prazo de validade, embalagem e rotulagem.
O genérico é uma versão mais em conta (em termos econômicos) do de referência, pois não há uma marca na embalagem, apenas o nome da substância ativa; ele geralmente é produzido após a expiração ou renúncia da proteção da patente e de outros direitos de exclusividade.
Mas você pode trocar um medicamento de referência por um similar ou genérico sempre?
Essa troca se chama intercambialidade de medicamentos. Antes de 2014 não era possível trocar um de referência pelo similar, apenas pelo genérico. Mas com o novo regulamento, após um estudo comparativo do similar com o de referência a fim de comprovar a eficiência, o similar entra na lista de medicamentos intercambiáveis aprovados pela Anvisa e pode substituir o de referência. As trocas que não podem ser feitas são entre medicamento genérico e similar e vice-versa, e entre outros não inseridos na lista da Anvisa.
De onde vêm os novos medicamentos?
Plantas, animais, fungos e bactérias ainda são as maiores fontes de substâncias biologicamente ativas, objetos de estudos de novos fármacos. Eles possuem defesas naturais que nós tentamos reproduzir, desse modo, diversos medicamentos são inspirados na natureza – cerca de 77% dos antibacterianos, 53% dos anticancerígenos, 80% dos antivirais e 100% dos imunossupressores disponíveis no mercado são derivados de fontes naturais.
Apesar de sempre estar disponível em farmácias ou drogarias, um medicamento passa por um longo caminho até chegar às prateleiras. O desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos ocorre pelo processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Após identificar o alvo, que seria a doença ou sintoma, é necessário encontrar os compostos químicos ou naturais que atuem no mesmo, assim são selecionados os compostos-protótipos.
Os candidatos a futuros medicamentos são testados primeiro em bactérias, células vivas ou cultura de tecidos e em animais – são os testes pré-clínicos para analisar o comportamento do composto. Em seguida são liberados os testes clínicos, em seres humanos, conduzidos em pacientes ou em voluntários sadios. Os testes são divididos em quatro fases, cada uma com suas especificidades:
- Fase I – definir tolerância, dosagem
- Fase II – analisar a eficácia terapêutica e segurança
- Fase III – teste em populações maiores e por maiores períodos
- Fase IV – testes depois de o medicamento ser comercializado
Após a fase III, os dados dos resultados são enviados pelo órgão regulador (no caso do Brasil, a Anvisa), para aprovação e registro e por fim a produção e comercialização. Todo esse processo é demorado e leva em média 12 anos com probabilidade de sucesso baixa. Apenas 0,027% das pesquisas são aprovadas pelo órgão regulador.
Como o medicamento age no nosso corpo?
Você pode utilizá-los por diferentes vias de administração, como sublingual, pela pele, injeção, inalação, gotas e via oral. Essas informações se encontram na bula. Existem quatro estágios básicos dele em nosso organismo: absorção, distribuição, metabolismo e excreção. Ao ingeri-lo, ele passa pelo esôfago e vai para o estômago, lá o ácido natural o dissolve. Caso haja um revestimento, como uma cápsula ou pílula, este impede a absorção no estômago, fazendo o princípio ativo chegar até o intestino, local em que a maioria dos medicamentos deve ser absorvido.
Por isso, diferentes compostos possuem diferentes revestimentos e formas. No intestino, o princípio ativo presente no produto farmacêutico é dissolvido e distribuído na corrente sanguínea para levá-lo até o local em que o mesmo irá atuar. O princípio ativo sabe exatamente onde deve agir – cada órgão ou sistema do nosso corpo possui receptores específicos e o princípio ativo é criado para se encaixar perfeitamente nesses receptores. Após o medicamento ter feito seu trabalho, ele é metabolizado (suas moléculas são quebradas e saem do nosso corpo pela urina e fezes).
Efeitos adversos
Quais são os efeitos adversos dos medicamentos? Apesar de muitas vezes essencial, o consumo de alguns medicamentos pode gerar problemas. Além de problemas como resistência antibiótica derivada do consumo de fármacos dentro do prazo, a ingestão de medicamentos fora da validade, um hábito até comum no dia a dia, pode oferecer mais riscos que benefícios.
Quais os cuidados devem ocorrer na administração de medicamento?
Desse modo, é preciso tomar alguns cuidados com os medicamentos, independente de suas vias de administração, como:
- Otimize seu armazenamento deixando sua caixa de remédio sempre organizada. Mantenha os medicamentos em suas respectivas caixas, em local seco e longe da luz;
- Evite a automedicação;
- Só tome água com o remédio, outros líquidos – mesmo sucos e refrigerantes – podem afetar a eficácia dos compostos e impactar o tratamento;
- Se possível, só reparta comprimido com indicação médica — os medicamentos são desenvolvidos para serem absorvidos pelo melhor local e, aos poucos, o revestimento de cada comprimido irá resistir ou não ao suco gástrico do estômago para chegar ao intestino, onde é melhor absorvido, e liberar o princípio ativo lentamente;
- Evite tomar remédio vencido ou falsificado — mesmo um medicamento vencido há 2 meses pode afetar negativamente a saúde;
Por outro lado, os cuidados não são restritos apenas ao consumo desses produtos. O descarte de medicamentos também é um processo que precisa de atenção.
Impactos do descarte incorreto de medicamentos
Após aprender sobre esses produtos, é importante notar que eles nem sempre oferecem efeitos positivos. No meio ambiente, por exemplos, eles podem contribuir para diversos tipos de poluição – principalmente quando descartados incorretamente.
O que acontece durante o descarte de medicamentos e seus impactos socioambientais? O descarte incorreto de medicamentos pode causar problemas socioambientais, como a contaminação do solo por medicamentos ou de seres humanos. Esses tipos de contaminação podem derivar tanto do descarte de remédios no meio ambiente de forma direta ou indireta — como jogar medicamentos no lixo ou pelo vaso sanitário, pia e ralo.
Porém, o impacto ambiental de medicamentos pode ser evitado com algumas práticas de descarte consciente de medicamentos.
O que fazer com medicamentos vencidos e em desuso?
Como descartar remédios? O descarte de medicamentos vencidos e em desuso, como regulamentado pela Anvisa e pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no decreto federal nº 10.388, deve ser feito com responsabilidade compartilhada entre consumidores, comerciantes e fabricantes. Enquanto a coleta de medicamentos vencidos e em desuso é feita pelos fabricantes, o encaminhamento desses produtos para pontos de descarte de medicamentos é do consumidor.
Aprenda mais em “O que diz a legislação sobre o descarte de medicamentos?“
Frente aos impactos do descarte de remédios no meio ambiente, várias questões que deveriam ser de conhecimento público foram levantadas, como:
- Onde jogar remédio fora?
- Onde jogar remédio vencido?
- Onde entregar medicamentos dentro do prazo?
- Como descartar remédio vencido?
Felizmente, em vista ao projeto do PNRS e o que foi previsto pelo descarte de medicamentos da Anvisa, a resposta dessas questões é quase a mesma.
Após o final da vida útil, a caixa de medicamentos e seu conteúdo deverão passar por um processo de separação que é feito em casa e por responsabilidade do consumidor. O descarte correto de medicamentos inclui a separação das embalagens classificadas como primárias e secundárias. Após identificar os medicamentos vencidos na sua caixa de remédio (aquela sua farmacinha em casa), separe as embalagens.
Embalagens
A embalagem de medicamentos secundária é identificada como a caixinha de papel em que a cartela (blister), frasco ou vidro é envolvido. Em conjunto com a bula, as embalagens secundárias deverão ser encaminhadas à reciclagem, desde que não tenham sido contaminadas.
Já a embalagem de remédio primária, como cartelas (blisters), frascos, vidros e outros materiais (exceto os perfurocortantes), mesmo vazia deve ser encaminhada aos pontos de descarte de medicamentos. Após esse processo, empresas de coleta de medicamentos vencidos são responsáveis pelo recolhimento dos materiais.
Já os medicamentos dentro do prazo não deverão passar por essa separação e podem ser encaminhados para os pontos de descarte com a sua embalagem original. Após o descarte desses tipos de remédios, eles serão encaminhados para postos de doações.
Como descartar medicamentos líquidos? Do mesmo jeito que os outros medicamentos! Só fazer a separação, se o medicamento estiver vencido ou mantê-lo na embalagem se estiver dentro do prazo.
Como descartar resíduos perfurocortantes?
Alguns pontos de coleta de remédio não aceitam produtos como perfurocortantes, que são resíduos do Grupo E. De acordo com o artigo 86, da resolução 222/2018 da Anvisa, “os materiais perfurocortantes devem ser descartados em recipientes identificados, rígidos, providos com tampa, resistentes à punctura, ruptura e vazamento“. Esses recipientes, que podem ser feitos de garrafa PET, devem ser encaminhados a Unidades de Saúde e jamais descartados no lixo doméstico ou nos resíduos recicláveis comuns.
Pessoas com diabetes, por exemplo, que fazem uso da insulinoterapia em casa, devem armazenar as agulhas conforme o artigo citado anteriormente e descartar os recipientes em uma Unidade de Saúde. O mesmo se aplica para outras terapias que fazem uso de materiais perfurocortantes.
Doação de remédios e medicamentos
Entretanto, em vez de descartar os resíduos, você também pode pesquisar onde doar remédios sem jogá-los fora. A doação de medicamentos é incentivada pelo Projeto de Lei 4091 de 2019, que propõe que sejam instituídas diretrizes para programas, projetos e ações, sob responsabilidade do poder público, que envolvam a doação de medicamentos à população, desde que estejam dentro do prazo de validade e em boas condições.
Onde encontrar pontos de descarte?
Para verificar a disponibilidade do serviço dos pontos de descarte de medicamentos em farmácias e as unidades mais próximas à você, confira a ferramenta de busca do eCycle.
Como lidar com medicamentos?
Todos os pontos citados anteriormente são necessários para o entendimento dos medicamentos – desde a sua produção, tipos, efeitos, impactos e descarte. Sendo produtos que, na maioria das vezes, são produzidos a partir de compostos químicos, é necessário cobrir todos os possíveis assuntos para evitar os seus impactos negativos.
Mantendo isso em mente, é possível criar alguns hábitos que ajudam a minimizar esses impactos.
Quais os cuidados que se deve ter com o armário de medicamentos? E com os medicamentos em geral? Existem diversos jeitos de lidar com esses produtos, confira uma lista com pontos importantes:
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Sua lista de medicamentos
Possuir um controle dos remédios que possui pode ajudar na economia e evitar desperdícios. Antes de ira ao médico atualize a lista de remédios que você já possui e a apresente ao médico na hora da consulta.
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Compre somente o necessário
Ao adquirir medicamentos, compre a quantidade mais próxima do possível. Esso evitará desperdícios com sobras desnecessárias.
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Cumpra a terapia até o fim
Não interrompa o tratamento médico por conta própria. Caso identifique algum problema ao longo do processo terapêutico, consulte seu médico.
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Adquira apenas quando preciso
Compre medicamentos apenas quando for realmente necessário.
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Organização importa
Mantenha seus medicamentos organizados em uma caixa de remédios, a popular “farmacinha” ou “armário de medicamentos. Isso facilitará na hora dos primeiros socorros, no controle dos produtos disponíveis e aferição dos prazos de validade.
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Segurança em primeiro lugar
Mantenha sua caixa de remédios em lugar separado e seguro, longe da luz, umidade e do alcance das crianças.
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Separe os medicamentos vencidos e em desuso
Periodicamente revise sua caixa de remédios, separando os medicamentos em desuso e aqueles com prazo de validade vencido, dos outros.
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Doe, se possível
No caso de existirem farmácias solidárias em sua região, uma boa prática é doar aqueles medicamentos em desuso, mas dentro do prazo, para estas instituições.
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Lixo comum, pia ou vaso sanitário, nunca!
Em hipótese alguma descarte seus medicamentos na pia, no vaso sanitário ou lixo comum. Há severos riscos de impactos ambientais e sociais nessa atitude.
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Pontos de descarte
Pesquise por “pontos de descarte de medicamentos” próximos de sua localização no buscador do eCycle (através do botão abaixo). Há muitas opções de farmácias e unidades de saúde que recebem estes produtos com a garantia de um descarte ambientalmente correto.
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Vigilância sanitária também é solução
Caso não encontre pontos de descarte de medicamentos próximos à sua localidade, procure a vigilância sanitária. Possivelmente poderão lhe auxiliar na solução do problema.