O medo é uma reação ao perigo físico e emocional, que tem tido uma função vital ao longo da evolução humana. Trata-se de uma emoção natural, poderosa e primitiva, que envolve uma resposta bioquímica, alertando o cérebro sobre a presença de um possível perigo ou ameaça, de ordem física ou psicológica.
Em outras palavras, os medos existem para nos proteger e garantir nossa sobrevivência. Eles fazem parte do dia a dia e podem acontecer a qualquer momento. O problema ocorre quando os perigos estão somente na nossa cabeça, originando uma fobia. A sensação também pode ser um sintoma de algumas condições de saúde mental, incluindo transtorno do pânico, transtorno de ansiedade social, fobias e transtorno de estresse pós-traumático.
O medo é composto de duas reações primárias a algum tipo de ameaça percebida: bioquímica e emocional.
O medo é uma sensação natural e um mecanismo de sobrevivência. Quando enfrentamos uma ameaça percebida, nossos corpos respondem de maneiras específicas. As reações físicas incluem suor, aumento da frequência cardíaca e altos níveis de adrenalina, que nos tornam extremamente alertas.
Essa resposta física também é conhecida como resposta de “lutar ou fugir”, com a qual seu corpo se prepara para entrar em combate ou escapar da ameaça iminente. Essa reação é provavelmente um desenvolvimento evolutivo, essencial à sobrevivência da nossa espécie.
A resposta emocional ao medo, por outro lado, é altamente personalizada. Como ele envolve algumas das mesmas reações químicas em nossos cérebros que as emoções positivas como felicidade e excitação, sentir medo em certas circunstâncias pode ser até divertido, como quando você assiste a filmes de terror.
Algumas pessoas buscam adrenalina, aproveitando os esportes radicais e outras situações emocionantes que induzem o medo. Outros têm uma reação negativa a esse sentimento, evitando a todo custo as situações que o provocam e o objeto de seu medo.
Muitas pessoas experimentam crises ocasionais de pânico ou nervosismo antes de um voo, primeiro encontro ou um jogo de futebol importante, por exemplo. No entanto, quando o sentimento é persistente e específico a certa ameaça e prejudica a vida cotidiana, é possível que haja uma fobia – um tipo de medo extremo.
De acordo com um estudo, as fobias são um dos transtornos mentais mais comuns na população em geral, podendo atingir 9,8% das mulheres e 7,7% dos homens. Além disso, algumas pessoas não chegam a desenvolver fobias, mas apresentam medo irracional de determinados objetos, animais ou situações, como cobras, altura ou até água.
De acordo com a instituição Psychology Today, traços de personalidade, como neuroticismo, parecem aumentar a probabilidade de alguém desenvolver uma fobia. Tendência a preocupações frequentes e pensamentos negativos também pode aumentar o risco. O mais provável é que as pessoas sigam vários caminhos para o medo, entre eles a resposta emocional de nojo.
A fobia é um medo ou ansiedade distintos em relação a um determinado objeto ou situação, cuja exposição sempre provoca medo ou causa angústia no indivíduo. O medo experimentado é quase sempre desproporcional ao verdadeiro perigo que o objeto ou evento representa.
Aliás, pessoas com fobias específicas geralmente sabem que não há razão real para ter medo e que seu comportamento não é lógico. No entanto, elas não podem evitar a reação exagerada.
Essa categoria inclui fobia de cães (cinofobia), aranhas (aracnofobia) ou insetos (insetofobia ou entomofobia). Esses medos, conhecidos como zoofobias, também incluem o medo de morcegos (quirofobia) e de cobras ou lagartos (herpetofobia).
Medo de altura (acrofobia) ou de tempestades são exemplos. Essas fobias também incluem fobia do fogo (pirofobia) e do escuro (nictofobia).
Fobias relacionadas a sangue (hemofobia), ferimentos e injeção, como medo de agulhas (tripanofobia) ou procedimentos médicos, incluindo odontologia (dentofobia) são exemplos desta categoria.
Alguns exemplos são medo de voar (aerofobia), falar em público (glossofobia) ou de andar em elevadores, que é em si uma fobia de espaços fechados (claustrofobia).
A fobia social é chamada de transtorno de ansiedade social. É o medo de situações sociais em que você estará com pessoas desconhecidas ou poderá ser examinado. Aqueles com esse transtorno temem ser envergonhados ou humilhados nessas situações. O nervoso excessivo ao falar em público – ou pensar na possibilidade de fazê-lo – é um tipo específico de transtorno de ansiedade social.
As fobias podem se manifestar a qualquer momento, mas tendem a surgir na infância ou adolescência e os sintomas costumam durar a vida toda. Em alguns casos, a exposição ao objeto ou situação temida (o estímulo fóbico) pode causar ataques de pânico completos ou limitados.
O medo geralmente envolve sintomas físicos e emocionais. Cada pessoa pode experimentar a sensação de forma diferente, mas alguns dos sinais e sintomas comuns incluem:
Os medos são incrivelmente complexos. Eles podem ser resultado de experiências ou traumas, enquanto outros podem ser consequência de fatores como a perda de controle, por exemplo. Além disso, podem estar associados a sintomas físicos, como tontura e enjoo.
Alguns gatilhos comuns incluem:
Certos medos podem ser inatos e influenciados evolutivamente porque ajudam na sobrevivência. Outros são aprendidos e estão ligados a associações ou experiências traumáticas.
A exposição repetida a situações semelhantes leva à familiaridade, o que pode reduzir drasticamente a reação ao medo. Essa abordagem forma a base de alguns tratamentos de fobia, que dependem da minimização lenta da resposta ao medo, tornando-a familiar.
Os tratamentos da fobia baseados na psicologia do medo tendem a se concentrar em técnicas como dessensibilização sistemática e inundação. Ambas as técnicas trabalham com as respostas fisiológicas e psicológicas do seu corpo para reduzir a sensação de pânico.
Existem também medidas que você pode seguir para ajudar a lidar com os medos na vida cotidiana. Essas estratégias enfocam o gerenciamento dos efeitos físicos, emocionais e comportamentais da fobia. Algumas coisas que você pode fazer incluem:
Entre as discussões sobre medo, é possível erguer algumas dúvidas sobre a emoção, como: é possível não sentir medo? E acredite ou não, a resposta é sim, apesar da reação ser extremamente importante.
Embora seja uma condição rara e não natural, alguns indivíduos não são capazes de sentir medo, o que, como já mencionado, pode ser prejudicial. Esses casos podem resultar de alguns fatores diferentes, como doenças ou danos cerebrais derivados de acidentes que impactam diretamente a parte do cérebro associada ao medo.
Nesses casos, o indivíduo ainda pode conseguir intelectualizar possíveis consequências de suas ações que podem prejudicá-lo. Entretanto, ainda não sente medo e não possui o instinto principal associado à sensação — o de lutar ou fugir.
Assim, é possível concluir que é possível não sentir medo. Porém, essa reação — ou falta de uma — não é resultante do estado emocional de um indivíduo ou de seu bem-estar, e sim de outras condições relacionadas às partes do cérebro que respondem ao medo.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais