Confira os diferentes tipos de memória e dicas que podem melhorar a sua capacidade de fixar lembranças
A memória refere-se aos processos que o cérebro humano executa para adquirir, armazenar, reter e posteriormente recuperar informações no lobo temporal. Ela é parte integrante da cognição humana, uma vez que permite aos indivíduos relembrar e recorrer a eventos passados para enquadrar sua compreensão e comportamento no presente.
Além disso, a memória também oferece aos indivíduos uma estrutura por meio da qual podem compreender o presente e o futuro. Como tal, ela desempenha um papel crucial no ensino e na aprendizagem. Existem três processos principais envolvidos na retenção de lembranças: a codificação, o armazenamento e a recuperação.
Como funciona a memória?
A codificação se refere ao processo pelo qual as informações são aprendidas, ou seja, como as informações são coletadas, compreendidas e alteradas para melhor suportar o armazenamento. Embora as informações normalmente entrem no sistema de memória por um desses meios, a forma como essas informações são armazenadas pode ser diferente de sua forma original codificada.
O armazenamento refere-se a como, onde, quando e por quanto tempo as informações codificadas são retidas nesse sistema. O armazenamento destaca a existência de dois tipos de memória: de curto prazo e de longo prazo. A informação é codificada e primeiro armazenada na memória de curto prazo e depois, se é necessário, armazenada na de longo prazo.
Por sua vez, a recuperação é o processo pelo qual os indivíduos acessam as informações armazenadas. Como são diferentes, as informações armazenadas na memória de curto prazo e na de longo prazo são recuperadas de maneira também diferente.
Enquanto a primeira é recuperada na ordem em que está armazenada (por exemplo, uma lista sequencial de números), a segunda é recuperada por meio da associação (por exemplo, lembrando onde você estacionou seu carro voltando para a entrada pela qual você acessou um shopping center.
Quando você cai no sono, é fácil imaginar que seu cérebro desliga, os grupos de neurônios ativados durante o aprendizado anterior continuam trabalhando, “tatuando” lembranças em seu cérebro.
Quais são os tipos de memórias?
A ciência ainda se debruça sobre o funcionamento da memória, uma vez que seus diferentes tipos são operados por regiões cerebrais e por mecanismos diversos. Entretanto, para fins didáticos, alguns estudiosos classificam a memória em sete tipos:
1. Curto prazo
Ela tem curta duração, como um traço de memória, durando apenas de 20 a 30 segundos. As novas memórias armazenam informações temporariamente e, em seguida, as descartam ou as transferem para a memória de longo prazo. Este tipo se divide em memória de trabalho e imediata.
2. Longo prazo
São memórias de longa duração, um pouco mais complexas do que as de curto prazo. Qualquer coisa que tenha acontecido há mais de alguns minutos poderia ser armazenada na memória de longo prazo. Dependendo da frequência com que recordamos ou usamos uma determinada informação, a força da lembrança varia. Este tipo se divide em memórias explícitas e implícitas.
2. Explícita
Memória explícita ou memória declarativa é a memória de longo prazo da qual você se lembra depois de pensar conscientemente sobre isso. Este é o caso, por exemplo, do nome do seu cachorro de infância ou o número do telefone da casa do seu melhor amigo. Existem dois tipos de memória explícita: a episódica e a semântica.
4. Episódica
Memórias episódicas são um tipo de memória explícita que se relaciona com nossas próprias vidas pessoais. Por exemplo, uma manhã de Natal particularmente emocionante, o dia em que você se casou ou até mesmo o que você jantou na noite passada. Nossa capacidade de reter memórias episódicas depende de quão emocionalmente poderosas foram as experiências. Esses tipos de memórias ocorrem principalmente no córtex pré-frontal e no hipocampo.
5. Semântica
A memória semântica é responsável por nosso conhecimento geral do mundo. Por exemplo, o fato de sabermos que o céu é azul, que as girafas têm pescoços longos e que filhotes são fofos. Ao contrário da memória episódica, somos capazes de manter a força e a precisão de nossa memória semântica ao longo do tempo. À medida que envelhecemos, ela começa a diminuir lentamente.
6. Implícita
A memória implícita é o segundo tipo principal de memória de longo prazo. Inclui memórias que você não precisa lembrar conscientemente. Por exemplo, andar de bicicleta ou falar um idioma. Embora possa exigir muito pensamento consciente durante o aprendizado, em algum ponto aquela experiência se tornou implícita e você retorna a ela automaticamente.
7. Procedural
A memória procedural ou de procedimento é um tipo de memória implícita que nos permite fazer certas tarefas sem pensar sobre elas, como andar de bicicleta. É provável que a memória de procedimento seja armazenada em uma parte diferente do cérebro da memória episódica, porque as pessoas que sofrem lesões cerebrais traumáticas muitas vezes esquecem informações autobiográficas ou se esquecem de como realizar tarefas simples como caminhar ou se alimentar.
8. Operacional
A memória operacional é como uma espécie de “centro de comando temporário” no cérebro, onde informações são temporariamente armazenadas e manipuladas. Essa função cognitiva é vital para os processos de memorização e aprendizado, especialmente em crianças. Estudos revelam que a capacidade de operação da MO está diretamente relacionada ao desempenho em tarefas acadêmicas, como seguir instruções complexas e realizar atividades de aprendizado.
O que é a perda de memória?
Os problemas de memória podem variar de pequenos incômodos, como esquecer onde você deixou as chaves do carro, até complicações mais graves, como a doença de Alzheimer e outros tipos de demência, que afetam a qualidade de vida, as habilidades motoras e a capacidade de funcionamento.
A memória humana é um processo complexo que os pesquisadores estão tentando entender melhor cada vez mais. Nossas lembranças nos tornam quem somos, mas o processo não é perfeito. Embora sejamos capazes de recordar uma quantidade surpreendente de informações, também somos suscetíveis a erros e falhas.
Temos a tendência de acreditar no ponto de vista de que nosso sistema de memorização funciona como um arquivo. Experimentamos um evento, geramos uma lembrança e a arquivamos para uso posterior. No entanto, de acordo com pesquisas médicas, os mecanismos básicos por trás desse processo são muito mais dinâmicos. Criar memórias é semelhante a conectar seu laptop a um cabo: a força da rede determina como o evento é traduzido em seu cérebro.
O que é sinapse e qual a função?
Os neurônios (células nervosas no cérebro) se comunicam por meio de conexões sinápticas (estruturas que passam um sinal de neurônio para neurônio) que “conversam” entre si quando certos neurotransmissores (substâncias químicas que permitem a transmissão desses sinais) estão presentes.
Mas os neurônios apenas abrem uma linha de comunicação uns com os outros quando recebem estimulação de vários dos mesmos neurotransmissores ao mesmo tempo. Por isso, é essencial fortalecer persistentemente as conexões entre os neurônios, que são chamadas de sinapses ativas.
Sua capacidade de recordar depende de manter a força dessa conexão de longo prazo entre os contatos sinápticos. O cérebro é altamente maleável, capaz de se reconfigurar ou modificar facilmente. No entanto, também é como um músculo.
Se você não o usa, você o perde. À medida que as sinapses e as vias entre os neurônios são utilizadas, eles ganham a capacidade de se fortalecer ou melhorar permanentemente.
O que causa perda de memória?
Esquecer é comum, principalmente coisas banais do dia a dia. Porém, algumas condições de saúde e traumas podem resultar na perda de memória mais grave.
Pessoas com Alzheimer frequentemente apresentam dificuldade em lembrar das coisas, o que interfere em suas atividades do dia a dia. Essa perda de memória geralmente se deve a danos em uma parte do cérebro chamada hipocampo, que desempenha um papel muito importante na lembrança de eventos do dia a dia. Danos em diferentes áreas do cérebro afetarão diferentes tipos de memória.
Conforme a doença da pessoa progride, o problema tende a piorar. Nos estágios iniciais, a memória de longo prazo da pessoa costuma ser menos afetada. Isso provavelmente ocorre porque as lembranças mais antigas, nas quais se pensa com mais frequência, se tornam mais firmemente estabelecidas e têm maior probabilidade de serem recordadas do que as mais recentes.
Como melhorar a memória?
Anote
O ato de escrever com caneta e papel ajuda a fixar as informações em seu cérebro, além de servir como um lembrete ou referência mais tarde.
Atribua significado à lembrança
Você pode se lembrar de algo mais facilmente se atribuir um significado a isso. Por exemplo, se você associar uma pessoa que acabou de conhecer a alguém que já conhece, poderá se lembrar do nome com mais facilidade.
Repita
A repetição ajuda na codificação da memória, além da memória de curto prazo.
Agrupe
As informações categorizadas se tornam mais fáceis de lembrar e fixar. Por exemplo, considere o seguinte grupo de palavras: mesa, maçã, estante, vermelho, ameixa, sofá, verde, abacaxi, roxo, cadeira, pêssego, amarelo.
Leia-as por alguns segundos, depois desvie o olhar e tente se lembrar e listar essas palavras. Como você agrupou as palavras ao listá-las? A maioria das pessoas as dividirá em três categorias diferentes: cor, mobília e frutas.
Busque novos conhecimentos
É importante sempre manter o cérebro ativo, pois o bom funcionamento depende de estímulos diários e de qualidade. Aprender a tocar um instrumento, resolver quebra-cabeças, como palavras cruzadas, ou mesmo ler livros sempre que possível são formas de fornecer ao cérebro novas informações a serem processadas, contribuindo para sua saúde mental e cognitiva.
Durma bem
A ciência sabe há muito tempo que o sono é importante para a memória e o aprendizado. Diversas pesquisas comprovam que tirar uma soneca depois de aprender algo novo pode realmente ajudá-lo a aprender mais rápido e lembrar melhor.
Um estudo publicado em 2014 descobriu que dormir depois de aprender algo novo realmente leva a mudanças físicas no cérebro. Camundongos privados de sono experimentaram menos crescimento dendrítico após uma tarefa de aprendizagem do que camundongos bem descansados.
Treine as lembranças enquanto dorme
Treinar a memória durante os sonhos pode ser uma forma de obter sucesso em lembrar de nomes de pessoas e objetos. Esse método foi comprovado cientificamente por neurocientistas da Northwestern University. O estudo provou que ouvir gravações a respeito do que é preciso lembrar, durante o sono, melhora a memória.
Mantenha uma alimentação saudável
A sua rotina alimentar pode interferir de maneira decisiva na sua capacidade de reter e armazenar informações. Enquanto alguns alimentos são capazes de melhorar a memória, outros são grandes incentivadores do esquecimento! Confira alguns deles.
Priorize:
Evite:
- Açúcar
- Álcool
- Fast-food
- Frituras
- Alimentos pré-cozidos
- Alimentos muito salgados
- Proteínas processadas
- Gordura trans
- Adoçantes artificiais