Sabe o que computadores, impressoras, scanners, telefones e celulares têm em comum? Além de serem úteis para a sociedade, todos esses aparelhos possuem metais pesados em sua composição! Entretanto, o uso de elementos como chumbo, cádmio e mercúrio, podem gerar diversos impactos ambientais e para a saúde humana, principalmente se o descarte de equipamentos eletrônicos for feito de forma incorreta. Entenda.
O mercúrio é um metal líquido e pesado que, sob condições normais, é encontrado em baixas concentrações no ambiente. Ele é naturalmente liberado devido a processos erosivos e erupções vulcânicas. Conhecido por deteriorar o sistema nervoso central, mesmo em pequenas quantidades, este metal pode causar perturbações motoras e sensitivas, tremores e demência e está presente em televisores de tubo, monitores, pilhas e baterias, lâmpadas e no computador.
O chumbo é um elemento muito encontrado na crosta terrestre em estado sólido, mas em alguns processos acaba se transformando em um poluente atmosférico, classificado como perigoso devido aos seus potenciais efeitos tóxicos e por ser resistente à corrosão. Ele compõe celulares, monitores, televisores e computadores, causa alterações genéticas, ataca o sistema nervoso, a medula óssea e os rins. Além disso, a exposição a esse metal pesado pode levar ao desenvolvimento de câncer.
O cádmio é um elemento químico muito utilizado na indústria de eletrônicos, cimento e fertilizantes fosfatados. A galvanoplastia, processo de cobrir um metal com outros metais, é uma das atividades industriais que mais utiliza cádmio. O elemento também está presente na fumaça da queima de combustíveis fósseis e de cigarros, no lixo urbano e nos sedimentos de esgoto.
Além disso, o cádmio, presente nos mesmos aparelhos que o chumbo, causa câncer de pulmão e de próstata, anemia e osteoporose.
Outro metal pesado menos conhecido, o berílio, é um componente de celulares e computadores. O problema é que ele pode causar câncer de pulmão.
“Tudo que tem bateria, placa eletrônica e fio possui algum material contaminante”, afirma Neuci Bicov, especialista em gestão ambiental do Cedir (Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática), pertencente ao CCE (Centro de Computação Eletrônica) da Universidade de São Paulo (USP).
Vale lembrar também que esse tipo de material é acumulativo. Isso significa que quanto maior o contato com ele, piores são seus efeitos tóxicos para a saúde.
A bioacumulação é uma das principais propriedades dos metais pesados. Trata-se de um processo de assimilação e retenção de substâncias químicas provenientes do meio ambiente pelos organismos. A absorção pode ocorrer de forma direta, quando as substâncias são incorporadas ao organismo a partir do meio ambiente (água, solo, sedimento), ou de forma indireta, a partir da ingestão de alimentos que contenham tais substâncias.
Em plantas e animais, os metais pesados causam efeitos letais e subletais, pois provocam disfunções metabólicas. Além disso, os metais pesados presentes em fertilizantes contaminam o ar, o solo e ambientes aquáticos, gerando impactos químicos e biológicos para os seres vivos.
Nesse sentido, os metais pesados podem estar presentes nos alimentos que ingerimos, principalmente através dos usos dos fertilizantes usados na agricultura.
Para amenizar a questão, existem limites toleráveis para a concentração de metais pesados em fertilizantes. Esses limites variam de acordo com a legislação de cada país, o que demonstra orientações não uniformes no estabelecimento dessas normas e a necessidade de estudos mais aprofundados a respeito. No Brasil, os teores são determinados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na Regulamentação de Insumos Agrícolas.
Além disso, cabe à legislação fixar normas de inspeção, fiscalização, comércio e limites de concentração de metais pesados nos fertilizantes. Pesquisas demonstram que a descontaminação dos solos que contém metais pesados por húmus é uma alternativa extremamente eficaz para impedir a contaminação. Você pode evitar consumir alimentos com metais pesados dando preferência para orgânicos, que não utilizam fertilizantes ou agrotóxicos em sua produção.
A geração de lixo eletrônico cresce cada vez mais e a maior parte desses resíduos poderia ser utilizada novamente ou ser reciclada, mas o destino acaba sendo o pior possível: os aterros sanitários e lixões.
Para piorar, alguns metais produzidos por atividades industriais podem acabar escapando dos aterros e lixões e se distribuir ao longo da cadeia alimentar, contaminando vegetais e animais, incluindo seres humanos. Boa parte desses elementos químicos podem ser absorvidos pelo organismo vivo e ficarem lá para sempre, por causa de um fenômeno chamado bioacumulação.
“Os materiais eletrônicos, como placas de computador e monitores CRT, não soltam os contaminantes quando estão em um ambiente fechado. Mas em aterros a temperatura é mais alta e o contato com a chuva, que costuma ser bem ácida nas metrópoles, faz com que os metais pesados sejam liberados diretamente no solo”, explica a especialista do Cedir. Esse processo também pode contaminar as águas de lençóis freáticos, dependendo da região do aterro ou lixão.
Em um computador, 68% do produto é feito com ferro, enquanto 31% da composição de um notebook é plástico. No geral, 98% de um PC é reciclável. “Na prática, entretanto, esse número reduz para cerca de 80%. A mistura de componentes plásticos e metálicos com os metais pesados torna difícil a separação”, explica Neuci.
Por outro lado, um dos problemas resultantes das grandes quantidades de liberação de metais pesados é a contaminação da água. De acordo com um artigo de 2010, a água contaminada por metais pesados pode conter poluentes como ferro, zinco, cobre, cromo e chumbo.
A velocidade com que a indústria lança as novidades eletrônicas no mercado faz com que a reutilização seja desvalorizada.
“Aqui no Cedir nós recebemos tanta coisa que há alguns anos eram pagas com muita dificuldade e até à prestação, como bips, pagers, gravadores, e agora são lixo”, conta a gestora ambiental, que relata algo parecido quando o assunto é computador.
“Muitas vezes a pessoa instala tantos programas no computador e após um tempo pensa que ele ficou defasado. Então ela compra um novo e a velocidade de navegação na internet continua a mesma, porque o problema é o serviço de internet.”
A lei de resíduos sólidos brasileira, sancionada em 2010, estabelece que desde 2014 o lixo eletrônico não pode mais ser descartado em aterros e lixões, por causa desses metais. Os fabricantes são os responsáveis por dar o destino correto aos materiais que eles mesmos produzirem. No entanto, a real destinação correta depende da cobrança da população.
Agora que você já sabe o quão perigoso o seu computador ou celular pode ser, encontre a melhor destinação para evitar que os metais pesados presentes nos seus eletrônicos antigos causem impactos ambientais. Consulte a seção Postos de Reciclagem do Portal eCycle.
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