Um projeto-piloto no Lago Søllerød, em Copenhague, na Dinamarca, utilizou eletrodos para oxigenar a água poluída por fósforo. O novo método, que obteve sucesso, agora deve ser testado em um grande ensaio de demonstração.
O problema de esgotamento de oxigênio e algas é encontrado em pouco mais de 75% de todos os lagos dinamarqueses e europeus. A principal razão para isso é um infeliz hábito do passado de descarregar águas residuais com alto teor de fósforo diretamente nos lagos.
A grande quantidade de fósforo em corpos hídricos é um dos responsáveis pela eutrofização da água. Esse processo consiste na multiplicação de algas, cuja enorme população cria uma cortina verde na superfície do corpo d’água e impede a passagem de luz.
Assim, as plantas que ficam no fundo não conseguem fazer fotossíntese, e o nível de oxigênio dissolvido torna-se cada vez menor, causando a morte de muitos organismos aquáticos. Quando não há oxigênio suficiente para que as bactérias decomponham plantas mortas, peixes e algas, as águas se tornam turvas e começam a exalar mau cheiro.
Nos últimos anos, muitas maneiras diferentes de oxigenar o fundo dos lagos foram testadas. No entanto, de acordo com Stefan Trapp, professor do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Técnica da Dinamarca e o responsável pela concepção do novo método, essas iniciativas custavam muito dinheiro e obtiveram resultados medianos.
Trapp garante que sua estratégia de oxigenação dos lagos é simples e barata. “Primeiro, testamos o mecanismo em laboratório e, posteriormente, em um projeto piloto no Lago Søllerød. Os resultados foram muito promissores, alcançando uma redução de até 94% do conteúdo de fósforo nas camadas mais profundas da água”, diz.
A ideia de usar eletrodos para oxigenar o leito dos lagos surgiu enquanto o professor Trapp assistia a uma palestra ministrada por seu colega Yifeng Zhang, que utiliza esse método em vários outros campos.
“Na prática, o método consiste em baixar duas malhas de aço no topo e no fundo do lago, respectivamente. As duas malhas são conectadas por um fio e formam uma espécie de bateria elétrica. À medida que decompõem plantas mortas e peixes, as bactérias no fundo do lago liberam elétrons que são capturados pela malha de aço e viajam para a malha de superfície, onde o oxigênio está presente e pode absorver os elétrons”, explica Karl Haxthausen, professor do Departamento de Engenharia Ambiental da universidade e responsável pela parte prática do trabalhos.
“Dessa forma, a bactéria pode quebrar a matéria orgânica morta como se o oxigênio estivesse presente. E, de fato, todo o processo ocorre sem produzir o metano indesejado”, acrescenta.
O projeto-piloto com duas malhas de aço no Lago Søllerød começou no verão de 2019 e está terminando agora. O professor Trapp diz que os resultados foram tão promissores que a equipe estuda realizar um grande ensaio de demonstração, abrangendo um lago inteiro.
Se o resultado do próximo projeto também for satisfatório, não há dúvida de que a nova abordagem poderia desempenhar um papel fundamental na restauração da saúde dos lagos futuramente. Além disso, o mecanismo poderá ser utilizado em áreas marinhas com problemas semelhantes de depleção de oxigênio.
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