Migração climática é o nome dado ao deslocamento populacional impulsionado por causas climáticas. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), cerca de 64 milhões de pessoas no mundo foram obrigadas a se deslocar por conta das mudanças climáticas, número que pode atingir a marca de 1 bilhão até 2050. Os maiores impulsionadores das migrações climáticas são inundações, tempestades extremas, secas e incêndios florestais.
Um relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2021 sugeriu que a região da África Subsaariana poderá ter até 86 milhões de migrantes internos se os efeitos das mudanças climáticas não forem mitigados. Além disso, ele evidenciou que esse número pode chegar a 49 milhões no Leste Asiático e no Pacífico. Por fim, o relatório indicou as regiões mais afetadas: o Sul da Ásia (40 milhões), o norte da África (19 milhões), a América Latina (17 milhões) e a Europa Oriental e Ásia Central (5 milhões).
As mudanças climáticas são as variações climáticas na temperatura, precipitação e nebulosidade em escala global. Elas podem ser causadas por fatores naturais, como as alterações na radiação solar ou nos movimentos da órbita da Terra.
Porém, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirma que existem estudos científicos que comprovam que o aumento da temperatura no planeta está sendo provocado pela ação humana ao longo dos últimos 250 anos.
A principal consequência das mudanças climáticas está relacionada com um aumento na repetição e na intensidade de eventos climáticos extremos, tais como enchentes, tempestades, furacões e secas.
O El Niño, um evento climático que ocorre regularmente a cada cinco a sete anos, também poderá se tornar mais recorrente, provocando secas severas no Norte e no Nordeste e chuvas torrenciais no Sudeste do território brasileiro.
Um estudo mostrou que as mudanças climáticas estão alterando profundamente o clima do Alasca. De acordo com especialistas, o número de tempestades no estado triplicará, aumentando os riscos de inundações generalizadas, deslizamentos de terra e incêndios florestais induzidos por raios.
O nível do mar deve subir em média de 18 a 59 cm até o final do século 21, o que implicaria o desaparecimento de muitas ilhas (em alguns casos países inteiros), com danos fortes em várias áreas costeiras, além de causar enchentes e erosão.
Uma elevação de 50 cm no nível do oceano Atlântico poderia, por exemplo, consumir 100 metros em algumas praias no Norte e no Nordeste do Brasil.
As alterações no regime de chuvas e a ocorrência de eventos extremos podem comprometer infraestruturas essenciais, como linhas de energia, estradas e pontes, que precisariam ser reparadas com mais frequência, gerando gastos significativos aos governos.
O relatório “Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas” traça os possíveis cenários para as cidades da costa do Brasil caso as mudanças climáticas continuem se intensificando.
Cidades localizadas no litoral, que abrigam 60% da população brasileira e geram 30% do PIB nacional, devem ser as mais afetadas. Isso deve acontecer devido ao aumento do nível dos oceanos, que pode afetar a população e a infraestrutura da região, além de prejudicar as atividades agropecuária e industrial.
Além disso, o derretimento do permafrost nas regiões Ártica e Antártica deve danificar edifícios e estradas, levando a dezenas de bilhões de euros em custos adicionais em um futuro próximo, de acordo com uma revisão internacional coordenada por geógrafos finlandeses.
As consequências da intensificação do aquecimento global e das mudanças climáticas fazem com que as migrações climáticas se tornem cada vez mais comuns.
Países de renda média e com grande setor agrícola serão os principais afetados pelas migrações climáticas, conforme apontou um estudo publicado na revista científica Nature Climate Change. O impacto, segundo os pesquisadores, será bastante sentido em países da América Latina, da África e da Ásia.
Além disso, os cientistas acabaram com a ideia de que os migrantes climáticos buscam os lugares mais ricos do mundo. O estudo encontrou evidências que indicam que os desastres ambientais em países vulneráveis levam predominantemente à migração interna ou para países de baixa e média renda.
Um relatório publicado pelo IPCC afirmou que as migrações climáticas devem ser vistas como parte importante da adaptação ao aquecimento global. No entanto, há algumas ressalvas: os especialistas dizem que esse enquadramento só funciona quando a migração é planejada. “Podemos tornar a migração parte da adaptação às mudanças climáticas se habilitarmos e criarmos sistemas de apoio para ela”, disse David Wrathall.
Para diminuir as migrações climáticas, o Banco Mundial sugere que os países reduzam as emissões de gases do efeito estufa globais e façam todos os esforços para cumprir as metas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C, como previsto no Acordo de Paris.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais