Imagem: Denilton Dias/O Tempo
Minas Gerais terá, nos próximos três anos, a maior planta de energia solar da América Latina em Pirapora, no norte do estado. A empresa Sunew, inaugurada há menos de dois meses na capital mineira, é a única do país – e das Américas – a produzir células fotovoltaicas em material flexível em vez de placas rígidas. A célula é o dispositivo que capta a luz do sol e a transforma em energia elétrica.
A espanhola Solatio Energia é a maior investidora em energia solar do país. No último leilão de energia de reserva de 2015, realizado em novembro pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a empresa investiu R$ 600 milhões na ampliação da capacidade do projeto da usina geradora de Pirapora. Somando esse valor ao que já investiu antes, a Solatio terá aplicado no empreendimento, que deve começar a gerar energia em 2018, mais de R$ 1,3 bilhão. A usina de Pirapora atingiu, com esse crescimento, uma capacidade de produção de 240 megawatts (MW).
Outro investimento que pode ser feito em Minas é a instalação de uma usina de energia fotovoltaica. A Cemig divulgou em agosto interesse em investir R$ 4 bilhões no projeto. “A Efficientia (empresa da Cemig) atua em projetos de geração distribuídas com fotovoltaica, como os condomínios em associação com o grupo Algar, em Uberlândia, e, na UniverCemig, a viabilização da conexão de usina solares à rede de empresas vencedoras do leilão de energia renovável”, diz o presidente da Efficientia, Alexandre Heringer.
Mesmo assim, o governo do estado ainda não aderiu ao convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) que mantém benefícios fiscais à cadeia produtiva da energia solar. “Minas perdeu a dianteira do incentivo para os Estados que já assinaram o convênio que garante a isenção do ICMS”, afirma o diretor executivo da Absolar, Rodrigo Lopes Sauaia.
Além de ser a unidade da federação com maior número de usinas de micro e minigeração distribuída do país, Minas produz, nesse segmento, mais que o dobro do segundo colocado, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Minas Gerais foi o primeiro Estado a criar incentivos fiscais para a cadeia produtiva da energia solar. “Hoje só garante a isenção por um período, mas os outros estados garantem isenção pelo tempo de vida útil da usina, ou seja, 25 anos”, afirma Rodrigo Sauaia.
“Estamos lutando com o (governador) Pimentel para que seja assinado o convênio”, afirmou o deputado estadual Gil Pereira (PP), presidente da comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Ano que vem. Em 2016 já deve começar a operar a usina solar no município de Vazante (Noroeste de Minas), segundo Gil Pereira. No ano seguinte, a usina de Pirapora também começará a operar.
A quantidade de sol recebida (insolação) em algumas regiões de Minas Gerais é maior que nos estados do nordeste, segundo o presidente da Efficientia, empresa de eficiência energética da Cemig, Alexandre Heringer Lisboa. “A radiação solar de Minas Gerais mostra um grande potencial para a implantação de sistemas solares fotovoltaicos”, afirma.
Segundo o deputado estadual Gil Pereira (PP), da comissão de Minas e Energia, a estrutura no entorno das usinas é fundamental. “Uma vantagem de Pirapora é que lá as linhas de transmissão já existem”, avalia. A Solatio, espanhola responsável pela usina de Pirapora, destaca a geografia, os diferenciais logísticos e a acessibilidade como fatores estratégicos na definição por investir no estado.
A fachada de um prédio, o teto de um carro e a capa de um tablet irão se transformar em usinas geradoras de energia. Impossível? Não com a tecnologia desenvolvida pela empresa mineira Sunew. A Sunew desenvolve módulos fotovoltaicos orgânicos, um produto que, além do Brasil, só é feito na Alemanha, no Japão e na Coreia do Sul.
Flexíveis e leves, os painéis orgânicos (OPV) podem ser colocados onde as grandes e pesadas células fotovoltaicas não podem ser utilizadas. “O OPV não compete diretamente com o silício, ele é complementar”, explica o CEO da Sunew, Marcos Maciel. As aplicações do painel orgânico, porém, são mais amplas. “Uma célula de silício dura 25 anos; eu também consigo fabricar um produto com essa durabilidade, mas, dependendo do uso, não preciso. A capa de um tablet, por exemplo, não precisa de tanto tempo, e eu posso criar um material mais barato e menos durável”, explica Maciel.
Entre as vantagens também está o peso do OPV. “Enquanto uma célula de silício pesa 25 kg, o meu painel pesa 0,5 kg”, informa Maciel. “Por isso, posso desenvolver projetos, como estamos fazendo com a Fiat, para colocar painéis no teto dos carros”, conta. “Imagina deixar o carro no sol a uma temperatura de 30º. Se um ventilador ficar ligado, sendo alimentado pela energia solar, quando você voltar a temperatura dentro do carro vai estar muito mais amena”, explica.
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