A minka é um tipo de construção japonesa que pode ser traduzida como “casa do povo”. Esse é um termo geral usado para denominar as casas de pessoas de classe baixa, como trabalhadores. Apesar de algumas dessas construções existirem há mais tempo, a maioria delas foi criada durante o período Edo e se mantiveram até os dias atuais.
As minkas podem ser classificadas da seguinte forma:
Essas residências eram habitadas por pessoas consideradas de “classe inferior”, fazendeiros, artesãos, mercadores e a classe mais baixa de samurais. Por esse motivo, elas eram mais práticas, pequenas, mais baratas e simples do que as casas de arquitetura wabi sabi — construções feitas para pessoas ricas ou da realeza.
Kazuo Shinohara, um arquiteto japonês importante para a arquitetura local, costumava comparar a minka com cogumelos. Para ele, essas residências são a forma mais rudimentar e resiliente de arquitetura, que crescia espontaneamente do chão como cogumelos.
Mas o que Kazuo queria dizer com isso? Segundo o arquiteto, a forma como uma minka é construída depende de fatores como a geologia local, o clima e o ecossistema ao seu redor. Desta forma, minkas localizadas em lugares montanhosos e frios iam ter estruturas adaptadas para que os moradores pudessem viver tranquilamente. O mesmo aconteceria em outros ambientes.
Construída como algo prático e simples, a minka tem, geralmente, quatro quartos em seu primeiro andar. O interior é formado por colunas de madeira —, quanto mais antiga a casa for, mais colunas e paredes ela vai ter. As versões mais recentes dessas residências, no entanto, apostam em portas de correr e shojis — um ecrã constituído por uma armação de madeira coberta de papel que permite a passagem da luz.
Nas nokas (casas de fazendeiros) um dos cômodos da minka são as “domas”. Nela são feitas as refeições, como uma cozinha, o chão é chamado de “sujo”, por ser apenas terraplanada, para ficar linear. Além disso, a doma tem um forno de barro, utilizado para preparar refeições, e uma mesa baixa, sem bancos.
Versões mais atualizadas das minkas contam com mais um cômodo, utilizado para receber visitas e celebrar cerimônias. A maior parte dessas residências também são equipadas com um sótão, onde, antigamente, era colocada a produção familiar de bichos-da-seda. Cada região tinha um tipo diferente de material para a montagem do telhado, mas os mais usados eram a madeira de cedro e telhas de barro.
Nas cidades, as machiyas eram semelhantes, porém seu tamanho é reduzido e uma passagem é adicionada na parte da frente da casa. Alguns historiadores acreditam que o tamanho menor dessas minkas se dava pelo preço dos impostos na época em que foram construídas, que era calculado de acordo com o tamanho da casa.
Além disso, essas residências comumente tinham um pequeno cômodo virado para a rua, onde os moradores geralmente abriam pequenos comércios. Por fim, algumas contam com a presença de um pequeno jardim, chamado de tsuboniwa, que facilita a ventilação e a iluminação da minka.
As construções minka foram perdendo espaço com o passar dos séculos. Com o avanço das construções modernas, a vida comunitária — em prédios e condomínios —, e o crescimento urbano, essas residências foram sendo abandonadas. Atualmente, o governo japonês acredita que a maior parte das minkas está desabitada.
Por isso, tem crescido o incentivo do estado na reparação e manutenção das minkas. Dessa forma, o governo consegue revitalizar essas construções, que já são bem eficazes, para as necessidades atuais do ser humano.
Além disso, existem empresas que se dedicam a transferência de minkas de uma região a outra. Por serem construções práticas, montadas quase como um quebra-cabeça, elas podem ser desmontadas, armazenadas e então transferidas para outras regiões do país.
A reutilização de casas pode ser essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Afinal, apenas a construção civil é responsável por cerca de 38% das emissões no mundo todo. Sendo assim, é uma responsabilidade de cada país cumprir seu papel com a redução desses gases poluentes na atmosfera, como uma das metas encontradas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
A Associação de Revitalização Minka do Japão, também conhecida como banco de minka, lista pelo menos 36 minkas que podem ser compradas pelo país. Essas estruturas, do período Meiji, Taisho e Showa, têm mais de cem anos de existência e podem ser revitalizadas ou transportadas para outras regiões, com intuito de serem habitadas.
Assim, é possível reutilizar materiais em bom estado de conservação para que eles continuem sendo usados por muito mais tempo. Essa é uma maneira da empresa economizar com os materiais de construção e ainda colocar em prática seu papel com o meio ambiente.
Além disso, por ser feita majoritariamente de madeira, a minka tem uma emissão de carbono menor do que uma residência normal, construída com cimento e concreto. Para saber mais sobre, confira a matéria: Morar em casas de madeira é uma opção do futuro”.
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