Modelo CSA: Comunidades que Sustentam a Agricultura

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A Agricultura Apoiada pela Comunidade (AAC) é um sistema econômico alternativo que conecta produtores e consumidores. Também chamada de “modelo CSA”, comunidades que sustentam a agricultura ou, em inglês, community-supported agriculture. Nesse modelo, os consumidores, também chamados de co-produtores, têm maior consciência. Logo, fazem parte dos processos do plantio de alimentos e compartilham os riscos envolvidos com os agricultores.

Comparado ao modelo tradicional de agricultura, o CSA traz uma valorização maior ao agricultor. Ela aprimora a qualidade dos alimentos e implementa melhores práticas no campo. Além disso, o modelo CSA também contribui para a redução de desperdícios e promove a expansão da consciência socioambiental, gerando diversos outros benefícios. Entenda:

Como começou

O termo “agricultura apoiada pela comunidade” foi criado pelo agricultor suíço Vander Tuin, na década de 1980, nos Estados Unidos. Inspirados pela agricultura biodinâmica de Rudolf Steiner, Vander Tuin, Susan Witt e Robyn Van En fundaram o primeiro modelo de CSA em Massachusetts.

Desde então, surgiram milhares de comunidades que apoiam a agricultura em várias partes rurais e urbanas do mundo, incluindo o desenvolvimento do CSA no Brasil. A ideia é formar um “organismo agrícola” autossustentado capaz de produzir alimentos saudáveis para os consumidores e agricultores envolvidos no cultivo.

Como funciona o CSA?

No modelo CSA, os co-produtores recebem semanalmente informações sobre o andamento dos cultivos e cestas semanais ou mensais. Para isso, é preciso realizar um investimento financeiro, que funciona como uma assinatura. Idealmente, os agricultores trabalham com base nos princípios da agricultura orgânica ou biodinâmica. Assim, fornecem os alimentos cultivados em cestas sazonais, isto é, que variam conforme a época natural de cada cultivo.

A agricultura apoiada pela comunidade cria autonomia para os agricultores, uma vez que eles conseguem o capital necessário à manutenção de seus cultivos. Desta forma, não ficam sem aporte econômico quando há eventos prejudiciais como geadas, alagamentos e secas ou períodos entressafra. Em resumo, os agricultores e os co-produtores compartilham os riscos da agricultura. Em troca, o co-produtor recebe transparência, participação na administração, alimentos de qualidade, vínculo com o produtor e consciência socioambiental.

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Vantagens

Foto de Elaine Casap na Unsplash

No modelo econômico convencional da agricultura, os trabalhadores, principalmente os safristas (aqueles empregados apenas de modo temporário por um período do ano – geralmente na época da colheita), não são remunerados de maneira justa.

Apesar de produzirem ou colherem praticamente tudo o que consumimos, as pessoas que trabalham no início da cadeia de produção de alimentos são as mais pobres. Por incrível que pareça, representam uma parte significativa das pessoas que passam fome. Isso porque quem mais ganha com a venda de alimentos são os mediadores (normalmente mercados), e não os produtores. Estes ficam com uma parte muito inferior do valor que é obtido do consumidor final.

No modelo CSA, há uma estrutura de marketing de associação de risco compartilhado que permite um grau significativo de valorização do produtor. A teoria afirma que quanto maior é o apoio da comunidade, mais os agricultores são valorizados. Logo, podem se concentrar na qualidade e reduzir o risco do desperdício de alimentos. O resultado é um sentimento de “estamos nisso juntos”.

Por dar prioridade aos cultivos sazonais e produzidos de modo sustentável (biodinâmico e orgânico), normalmente, o modelo CSA entrega um produto de qualidade. Tendo maior incorporação de vitaminas e nutrientes e livre de substâncias nocivas como os agrotóxicos.

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Estrutura

Apesar de poder haver variação de um modelo CSA para o outro, há três características principais:

  • Ênfase na produção local;
  • Assinaturas vendidas antes da temporada;
  • Entregas semanais aos membros assinantes.

Cada CSA possui suas características, o que nos permite identificar quatro tipos diferentes:

  • Gerenciado pelo agricultor: Um agricultor cria e mantém um CSA, recruta assinantes e controla o gerenciamento do CSA;
  • Assinante/co-produtor: os residentes locais montam um CSA e contratam um agricultor para produzir. Enquanto os assinantes controlam a maior parte da gestão;
  • Cooperativa de agricultores: Vários agricultores desenvolvem um programa de CSA.
  • Cooperativa de agricultores e assinantes: agricultores e residentes locais montam e gerenciam em conjunto um CSA.

Ideologia

Como as CSAs aumentaram em número e tamanho desde que foram desenvolvidas, seus ideais também mudaram. Embora as CSAs originais e algumas mais tardias ainda tenham uma filosofia semelhante, a maioria das CSAs são orientadas comercialmente. Desta forma, a agricultura apoiada pela comunidade é principalmente vista como uma estratégia de marketing benéfica.

Isso levou a três tipos ideológicos de CSAs. O primeiro tipo é instrumental, o CSA é considerado um mercado no sentido tradicional. Em vez de uma forma alternativa de economia e relacionamento. 

O segundo tipo é funcional; existe uma relação solidária entre o agricultor e os assinantes. Mas isso se estende principalmente a funções sociais, não a funções gerenciais ou administrativas. Este é o tipo mais comum de CSA

O terceiro tipo é colaborativo; esse é o mais próximo dos objetivos originais das CSAs. Onde a relação entre o agricultor e os assinantes é vista como uma parceria.

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Desafios para os agricultores

Muitos agricultores inseridos no modelo CSA conseguem desenvolver um comércio idealmente justo. No entanto, alguns ainda são explorados, cobrando taxas e preços que não proporcionam segurança financeira.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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