Modelo calcula os valores adequados para diluição de agrotóxico sem prejuízo à água
Já se sabe que o Brasil é um dos países que mais usa agrotóxico no mundo. Essa prática tem efeitos maléficos tanto para a saúde quanto para o meio ambiente. Por tudo isso, muitos têm se preocupado em diminuir os impactos do uso desses químicos.
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) publicaram no Spanish Journal of Agricultural Research (revista científica do Instituto Nacional de Investigación y Tecnologia Agraria y Alimentaria do Ministério de Economia e Competitividade espanhol) um modelo matemático que estima o volume da água cinza necessária para diluir misturas de agrotóxicos na água de modo a minimizar os ricos ao ambiente aquático.
“Água cinza”, termo utilizado para se referir à água residual proveniente de diferentes processos. É um dos componentes da pegada hídrica da agricultura. A carga de pesticidas e fertilizantes no consumo de água envolvido é o que caracteriza a água cinza.
O estudo que deu origem ao modelo matemático demonstra quais são os valores de concentração letal de diversos agrotóxicos em organismos indicadores da qualidade hídrica – algas, peixes e microcrustáceos. Dessa forma, obtém-se um indicador do volume de água necessário para diluir a carga de pesticidas sem prejuízo dos recursos hídricos.
O volume certo de água cinza necessário para proteger as espécies aquáticas sensíveis e indicadoras da qualidade da água do ambiente foi estabelecido de acordo com critérios da União Europeia.
Uma vez que a contaminação das fontes de água doce naturais também põe em risco os ecossistemas terrestres, o modelo acaba por oferecer alguma solução. Além de estimar o volume de água para diluir os pesticidas, o modelo ainda inclui um indicador numérico que demonstra o volume de água cinza que será produzido por cada químico.
Esses valores, colocados na embalagem dos produtos, poderiam conscientizar os agricultores brasileiros para os volumes de água cinza que produzirão e de seu impacto para o meio ambiente. Mas é claro que o ideal mesmo seria deixar esses pesticidas de lado.
O trabalho foi premiado em primeiro lugar no Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia em 2012, promovido pela Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia, filiada à Society of Environmental Toxicology and Chemistry.
Fonte: Fapesp
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