Foto de Laura Chouette na Unsplash
O modo soneca do despertador impede que o alarme faça barulho por um curto período de tempo para que quem dorme possa descansar por mais alguns minutos. Essa tecnologia é comumente utilizada por pessoas que se sentem cansadas ao acordar, mas também é o assunto de muitos especialistas da área do sono.
O sono é essencial para a saúde. Porém, por muito tempo, pesquisadores sugeriram que o modo soneca podia oferecer riscos à qualidade do sono através da perturbação da inércia do sono — ciclo circadiano que afeta o estado de alerta ao despertar entre outras funções do corpo.
Segundo uma matéria do Scientific American, pesquisas anteriores sugeriam que os minutos extras de sono oferecidos pela soneca não influenciavam os níveis de descanso do ser humano. Além disso, acreditava-se que acordar repetidamente e tentar dormir novamente impedia os estágios restauradores do sono, incluindo o movimento rápido dos olhos (REM).
No entanto, outras descobertas revelaram que o ato pode não ser tão prejudicial, se feito corretamente.
De acordo com um estudo publicado no Journal of Sleep Research, pessoas que usam o modo soneca do despertador só perdem, em média, 6 minutos de sono por noite e isso não afeta a sonolência matinal ou o humor. Diferentemente do que se esperava, os especialistas concluíram que isso pode possuir efeitos positivos, melhorando a cognição dos usuários.
O estudo, realizado por especialistas da Universidade de Estocolmo, foi um dos únicos que analisou diretamente o efeito da soneca na saúde. Similarmente, a descoberta obteve resultados similares a uma pesquisa de 2022, que concluiu que pessoas que usam a função soneca não se sentem mais sonolentas que outros indivíduos.
“Cochilar por um tempo limitado pela manhã provavelmente não é ruim para você”, diz a principal autora do novo estudo, Tina Sundelin, pesquisadora do sono na Universidade de Estocolmo.
Segundo a especialista, a noção anterior de que a soneca pode oferecer riscos à qualidade de sono era baseada na interrupção de uma noite inteira de sono.
“Se você perturba o sono de alguém, não é um sono de boa qualidade, e muitas vezes a pessoa se sente cansada depois – mas essa [ideia] é baseada em uma noite inteira de fragmentação do sono”, explicou ao Scientific American.
Ou seja, apertar o botão soneca não oferece tantos riscos à saúde quanto era-se imaginado e pode ser feito de acordo com as indicações de especialistas.
Embora fosse comprovado cientificamente que o modo soneca pode não oferecer riscos à saúde, muitos especialistas ainda confirmam que dormir oito horas por noite e sair da cama, em vez de voltar a dormir, pode oferecer menos riscos.
De fato, de acordo com Thomas Kilkenny, diretor do Instituto de Medicina do Sono do Staten Island University Hospital, o período ideal para tirar uma soneca é de entre 20 a 30 minutos — o que equivale a apertar o botão de soneca a cada cinco a 10 minutos, num total de três ou quatro vezes.
Esse período é o suficiente para acabar com a inércia do sono — que dura, em média, 30 minutos para pessoas que conseguem ter uma boa noite de sono.
Por outro lado, permanecer no modo soneca por mais tempo pode aumentar as chances do indivíduo de entrar em outras fases do sono, tornando o ato de despertar ainda mais difícil.
O modo soneca, entretanto, não substitui uma boa noite de sono. Pessoas que sentem a necessidade de tirar uma soneca de mais de 30 minutos, como indicado por Kilkenny, e que têm dificuldade em acordar depois disso podem apresentar sinais de privação de sono.
Nesses casos, a função soneca pode acabar impactando negativamente a qualidade de sono do indivíduo. Portanto, é importante cultivar hábitos saudáveis em relação ao sono e a hora de dormir.
Quer saber como dormir mais rápido e evitar a privação de sono? Confira o nosso vídeo:
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