Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv realizaram uma descoberta surpreendente sobre morcegos frugívoros egípcios: esses animais possuem habilidades cognitivas sofisticadas, como memória episódica e planejamento, características anteriormente atribuídas exclusivamente aos humanos. O estudo revela que esses morcegos conseguem monitorar a localização das árvores frutíferas e os períodos de frutificação, demonstrando a capacidade de lembrar experiências passadas e planejar suas ações futuras.
A pesquisa, conduzida por uma equipe da Universidade de Tel Aviv, utilizou rastreadores GPS de alta precisão para seguir os movimentos dos morcegos em seu habitat natural. O objetivo era investigar se esses animais, que dependem das árvores frutíferas para sua sobrevivência, possuem habilidades cognitivas complexas, como a capacidade de formar um mapa mental do tempo e do espaço, algo que até então era considerado um traço distintivo dos seres humanos.
Os resultados demonstraram que os morcegos possuem a habilidade de rastrear mentalmente as árvores visitadas e identificar o melhor momento para retornar a elas, com base na frutificação. Isso sugere que eles têm uma memória sofisticada e a capacidade de planejamento. Quando foram impedidos de sair da colônia por períodos variados, os morcegos mais velhos, com base em experiências passadas, evitaram árvores que já haviam deixado de dar frutos. Esse comportamento indica que os morcegos são capazes de estimar quanto tempo se passou desde sua última visita e de ajustar suas ações de acordo com essa informação.
Enquanto os morcegos mais experientes demonstraram essa habilidade, os mais jovens não foram capazes de fazer o mesmo, o que indica que essa é uma capacidade aprendida ao longo do tempo. Esse aspecto torna a descoberta ainda mais significativa, pois mostra que essas habilidades cognitivas não são apenas inatas, mas também adquiridas com a experiência.
Além disso, o estudo explorou se os morcegos são capazes de planejar suas ações futuras, uma questão que os pesquisadores abordaram analisando o percurso dos morcegos até a primeira árvore da noite. Descobriu-se que, ao saírem da colônia, os morcegos muitas vezes voam diretamente para uma árvore específica, localizada a uma distância considerável, sem desviar para outras árvores, mesmo que estas contenham frutos. Isso indica que eles têm um objetivo claro em mente e estão dispostos a atrasar a gratificação para alcançar a melhor recompensa.
Essa pesquisa, publicada na revista Current Biology amplia o entendimento sobre as capacidades cognitivas dos animais e convida a uma reflexão mais profunda sobre as semelhanças entre humanos e outras espécies, mostrando que, no mundo animal, a linha que separa o instinto da razão é mais tênue do que se pensava.
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