Lixo zero: o que você precisa saber sobre esse movimento

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Lixo zero, em inglês “zero waste”, é um movimento criado pela Zero Waste International Alliance (ZWIA), instituição que define essa prática como “A conservação de todos recursos por meio da produção, consumo, reutilização e recuperação responsáveis ​​de produtos, embalagens e materiais sem queima e descarte no solo, água ou atmosfera de forma que ameace o meio ambiente ou a saúde humana.”

Em sua essência, o movimento lixo zero visa encorajar uma abordagem mais circular da forma como a sociedade utiliza os recursos naturais. Em seu nível mais básico, isso significa que a meta é desenvolver processos produtivos livres de envio de resíduos para aterros, incineradores e oceanos.

No entanto, embora a reciclagem e o gerenciamento cauteloso dos resíduos continuem sendo essenciais para atingir essa meta, o conceito de lixo zero vai muito além do que simplesmente lidar com os resíduos  do “fim da vida” de um produto ou processo. Na verdade, o conceito lixo zero leva em conta todo o ciclo de vida de um produto ou material, destacando ineficiências e práticas de produção e consumo insustentáveis. O conceito de lixo zero refere-se não apenas a evitar destinar resíduos para aterros, mas também a fazer com que o processo produtivo desperdice menos na produção e no consumo.

O conceito de lixo zero é um conjunto de princípios orientadores que visam eliminar o desperdício em todas e quaisquer fases da cadeia de produção. Desde a extração de recursos, passando pela produção, até o consumo e gestão de materiais descartados, o objetivo é fechar o ciclo, redefinindo todo o conceito de resíduo e garantindo que os recursos permaneçam em uso pelo maior tempo possível antes de serem devolvidos à terra com pouco ou nenhum impacto ambiental.

Quais são os princípios do movimento lixo zero?

Os princípios do movimento lixo zero incluem três obrigações subjacentes que visam diferentes setores da sociedade:

Cada um representa um estágio específico do fluxo de resíduos. Os produtores estão na linha de frente e devem assumir a responsabilidade pelo design e fabricação do produto. A comunidade fica na retaguarda, assumindo a responsabilidade pelo consumo consciente e descarte correto. Nesse meio tempo, a responsabilidade política deve preencher a lacuna entre a comunidade e o produtor, promovendo a saúde ambiental e humana, ao mesmo tempo em que aplica novas leis destinadas a promover uma sociedade lixo zero.

Os princípios do lixo zero incluem:

  • Projetar sistemas de circuito fechado;
  • Garantir que os processos (fabricação, reciclagem, etc.) aconteçam perto da fonte;
  • Conservar energia;
  • Não gerar resíduos perigosos;
  • Envolver a comunidade e promover mudança;
  • Aumentar a durabilidade dos produtos; 
  • Construir sistemas que forneçam feedback para melhoria contínua;
  • Apoiar economias locais;
  • Minimizar a destinação de poluentes para o solo, água e atmosfera;
  • Considerar os verdadeiros custos das oportunidades;
  • Promover o princípio da precaução;
  • Promover o princípio do poluidor-pagador;
  • Desenvolver sistemas adaptáveis, flexíveis e resilientes.

Cradle-to-cradle ou, do berço ao berço

O que diferencia o modelo lixo zero e a gestão e reciclagem de resíduos convencionais é a prevenção de práticas de desperdício no início da cadeia de produção. Conceito conhecido em inglês como cradle to cradle, ou do berço ao berço, que se opõe ao modelo linear, que começa com a extração de recursos, passa pela fabricação e vê os produtos acabarem em aterros. 

Em um modelo circular, o desperdício é evitado e os recursos são usados pelo maior tempo possível. Considerado um “circuito fechado” que promove a sustentabilidade e busca o desperdício zero por meio da redução, reutilização e reciclagem.

Um exemplo de pensamento do berço ao berço é encontrado nos ciclos naturais sustentáveis ​​da agricultura orgânica e da compostagem, e esse processo eficiente serve como o arquétipo perfeito para o conceito mais amplo. Os alimentos são cultivados usando métodos naturais sem pesticidas ou fertilizantes químicos prejudiciais e são distribuídos e consumidos (de preferência usando canais de distribuição neutros em carbono e embalagens reutilizáveis ​​ou compostáveis). Uma vez consumido, qualquer resíduo alimentar é compostado, fechando o ciclo, pois o composto contribui para o cultivo de mais alimentos.

No entanto, embora este exemplo simples funcione bem com produtos orgânicos, quando se trata de produtos mais complexos, há uma necessidade de reavaliar a abordagem. Nesse sentido, é preciso colocar em prática a redução, reutilização e reciclagem, com formulação de políticas, atividades e investimentos em sistemas que promovam o conceito do berço ao berço.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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