Entenda mais sobre a mucina, suas propriedades e funções
A mucina é um polímero que faz parte da composição do muco, sendo responsável pela textura viscosa da secreção. Além de ser essencial nessa formação, a mucina também serve como lubrificante, como no caso dos olhos, sinalizadora de células e formação de barreiras químicas.
O polímero faz parte da formação das lágrimas normais, sendo um dos três componentes essenciais para que elas cumpram suas funções.
O muco que é composto pela mucina, por sua vez, é o material viscoso que reveste as superfícies epiteliais e é secretado em fluidos, como na saliva. Entretanto, as glândulas que possibilitam a secreção do líquido são distribuídas pelo corpo inteiro, sendo mais abundantes no epitélio do trato gastrointestinal e respiratório.
As células epiteliais da mucosa formam uma barreira entre entre o ambiente externo úmido e o restante do hospedeiro. Em conjunto com outros fatores, essas células secretam compostos defensivos no fluido da mucosa, como a própria mucina, contra micróbios e outros patógenos.
Desse modo, a mucina possui atividades antimicrobianas, auxiliando na proteção de partes do organismo.
Saúde ocular
Nos olhos, a mucina é armazenada na superfície ocular e é produzida principalmente por células caliciformes — células apicais da conjuntiva, córnea e glândula lacrimal. Por ser essencial na produção de lágrimas e do “gel” lubrificante dos olhos, uma produção menor de mucina está associada a condições oculares, como a síndrome do olho seco.
A síndrome do olho seco ocorre quando as lágrimas não conseguem providenciar lubrificação suficiente para os olhos, seja por pouca produção de líquido, ou lágrimas “inapropriadas”.
Nesses casos, os níveis diminuídos de mucina estão correlacionados com uma densidade baixa de células caliciformes, que pode ser resultante de diversos fatores, incluindo a deficiência de vitamina A.
Função protetora
Ao longo de décadas, cientistas e especialistas da área descobriram as funções do muco no controle de micróbios prejudiciais. Em pessoas saudáveis, a secreção é o suficiente para fazer o controle desses organismos, porém, em pessoas imunocomprometidas, alguns patógenos podem causar infecções perigosas.
Após aprofundar esses estudos, foi possível constatar que a mucina pode ser uma aliada contra infecções fúngicas. Uma pesquisa da MIT comprovou esses efeitos após identificar que a mucina presente no muco é capaz de interagir com o fungo Candida albicans, impedindo-o de causar infecções.
O fungo Candida albicans pode causar infecções da boca e garganta conhecidas como candidíase, ou infecções vaginais por fungos. E, embora elas possam ser controladas com ajuda de certos tipos de medicamento, infecções mais sérias na corrente sanguínea ou nos órgãos internos, que ocorrem em pessoas imunocomprometidas, possuem uma taxa de mortalidade grande — até 40%.
As mucinas possuem uma grande variedade de glicanos, que são moléculas de açúcar complexas que, de acordo com diversas pesquisas, podem ser especializadas para controlar patógenos específicos. Além do Candida albicans, especialistas acreditam que as substâncias podem prevenir infecções derivadas de patógenos como Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus.
No caso da Candida albicans, especialistas observaram que a mucina pode impedir as células do fungo de mudarem sua forma de levedura para hifas, que é a versão nociva do micróbio. As hifas, por sua vez, podem secretar toxinas que danificam o sistema imunológico e outras partes do organismo.
Possíveis tratamentos
O processo para que esses componentes sejam utilizados na prevenção e tratamento de infecções é complicado, uma vez que conta com a separação dos glicanos presentes nas mucinas. Por isso, o time de pesquisadores da pesquisa sintetizaram tipos específicos dessas moléculas.
Em geral, representantes da pesquisa acreditam que essa sintetização pode proporcionar o desenvolvimento de tratamentos para diversas doenças infecciosas.
Novas pesquisas na área envolvem uma possível descoberta de como introduzir ou aumentar terapeuticamente a produção de glicanos na camada mucosa humana. Desse modo, as propriedades protetoras e antifúngicas da mucina serão utilizadas na prevenção de infecções e doenças.