Mudanças climáticas: ameaça ao bem-estar humano e à saúde do planeta

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Por Nações Unidas Brasil — As mudanças climáticas provocadas pelos seres humanos estão causando perigosas e generalizadas rupturas na natureza e afetando as vidas de bilhões de pessoas em todo o mundo, apesar dos esforços para reduzir riscos.

As pessoas e os ecossistemas estão menos capazes de lidar com as consequências e são os mais afetados.

A conclusão é dos cientistas no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado no último em 28 de fevereiro.

Legenda: Equipes de resgate trabalham na busca por vítimas do deslizamento de terra no Morro da Oficina, após as chuvas em Petrópolis (RJ)Foto: © Fernando Frazão/Agência Brasil

As mudanças climáticas provocadas pelos seres humanos estão causando perigosas e generalizadas rupturas na natureza e afetando as vidas de bilhões de pessoas ao redor do mundo, apesar dos esforços para reduzir riscos. As pessoas e os ecossistemas estão menos capazes de lidar com as consequências e são os mais afetados, afirmaram cientistas no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em 28 de fevereiro.

“Este relatório é um sinal duro sobre as consequências da inação”, afirmou o presidente do IPCC, Hoesung Lee. “Ele mostra como as mudanças climáticas são uma ameaça grave e crescente para nosso bem-estar e um planeta saudável. Nossas ações hoje moldarão como as pessoas se adaptarão e como a natureza responderá aos aumentos dos riscos climáticos”.

O mundo enfrenta inevitáveis e múltiplos riscos climáticos nas próximas duas décadas com o aquecimento global em 1,5 graus Celsius. Até mesmo exceder temporariamente o nível de aquecimento resultará em impactos severos adicionais, alguns irreversíveis. Riscos para a sociedade aumentarão, incluindo para a infraestrutura e comunidades em zonas costeiras baixas.

O Sumário para Decisores do Relatório do Grupo de Trabalho II do IPCC, “Mudanças Climáticas 2022: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade” foi aprovado em 27 de fevereiro por 195 membros do IPCC, através de uma sessão virtual conduzida ao longo de duas semanas, desde 14 de fevereiro.

Ação urgente – Aumento de ondas de calor, secas e enchentes já estão ultrapassando os limites de tolerância de plantas e animais, levando a mortalidade em massa de espécies como árvores e corais. Estes extremos climáticos estão ocorrendo simultaneamente, causando impactos em cascata, cada vez mais difíceis de gerenciar. Eles têm levado milhões de pessoas a fome intensa e insegurança hídrica, especialmente na África, na Ásia, na América do Sul e Central, nas Pequenas Ilhas e no Ártico.

Para evitar a crescente perda de vida, de biodiversidade e de infraestrutura, ação ambiciosa e rápida é necessária para adaptar as mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que cortes expressivos e rápidos são feitos na emissão de gases de efeito estufa. Segundo o Relatório, o progresso na adaptação é desigual até aqui e há aumento de lacunas entre ação tomada e o que é necessário para lidar com o aumento dos riscos. Estas lacunas são maiores entre as populações de menor renda.

O Relatório do Grupo de Trabalho II é a segunda contribuição do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC, que será finalizado neste ano.

“O Relatório reconhece a interdependência do clima, da biodiversidade e das pessoas e integra as ciências econômicas, sociais e naturais mais veementemente do que as avaliações anteriores do IPCC”, afirmou Hoesung Lee. “Ele enfatiza a urgência de ação imediata e mais ambiciosa para resolver os riscos climáticos. Meias medidas já não são mais uma opção”.

Proteger a natureza –  Existem opções para se adaptar às mudanças climáticas. O documento dá novas visões sobre o potencial da natureza não apenas para reduzir os riscos climáticos mas também para melhorar a vida das pessoas.

“Ecossistemas mais saudáveis são mais resilientes às mudanças climáticas e proporcionam serviços críticos para a vida, como alimentos e água limpa”, afirmou o co-presidente do Grupo de Trabalho II do IPCC, Hans-Otto Pörtner. “Ao restaurar ecossistemas degradados e efetivamente e equitativamente conservando entre 30 e 50% do território da terra, de fontes de água e de habitats oceânicos,  podemos acelerar o progresso rumo ao desenvolvimento sustentável, mas adequar o apoio financeiro e político é essencial”.

Os cientistas afirmam que as mudanças climáticas interagem com tendências globais, como o uso não sustentável de recursos naturais, a crescente urbanização, as desigualdades sociais, perdas e danos dos eventos extremos e da pandemia, colocando em risco o desenvolvimento futuro.

“Nossas avaliações mostram claramente que enfrentar todos estes diferentes desafios envolve todos – governos, setor privado, sociedade civil – trabalhando junto para priorizar a redução de riscos, assim como a equidade e justiça na tomada de decisão e nos investimentos, afirmou a co-presidente do Grupo de Trabalho II do IPCC, Debra Roberts.

“Desta maneira, diferentes interesses, valores e visões de mundo podem ser reconciliados. Ao unir o conhecimento científico e tecnológico aos saberes indígenas e locais, as soluções serão mais efetivas. Falhar em alcançar um desenvolvimento climático sustentável e resiliente resultará em um futuro subaproveitado para as pessoas e a natureza”.

Cidades – O relatório dá uma avaliação detalhada dos impactos, riscos e adaptação das mudanças climáticas nas cidades, onde vive mais da metade da população do mundo. A saúde das pessoas, suas vidas e seus meios de subsistência, assim como as propriedades e infraestrutura crítica, incluindo sistemas de energia e transporte, estão sendo cada vez mais afetados negativamente pelos perigos das ondas de calor, secas e enchentes, assim como as mudanças lentas, incluindo no nível dos oceanos.

“Juntas, a crescente urbanização e as mudanças climáticas criam riscos complexos, especialmente para aquelas cidades que já enfrentam crescimento urbano mal planejado, altos níveis de pobreza e desemprego e falta de serviços básicos”, afirmou Debra Roberts.

“Mas as cidades também apresentam oportunidades para ação climática – edifícios verdes, suprimentos confiáveis de água limpa e energia renovável e sistemas de transporte sustentáveis que conectam as áreas urbana e rural podem levar a uma sociedade mais inclusiva e justa”.

Há crescente evidência de que a adaptação tem causado consequências indesejáveis, como por exemplo a destruição da natureza, colocar a vida das pessoas em risco e aumentando as emissões de gases de efeito estufa. Isto pode ser evitado com o envolvimento de todos no planejamento, atenção à desigualdade e justiça e recorrendo ao conhecimento indígena e local.

Pequena janela para ação – As mudanças climáticas são um desafio global que requer soluções locais. Por isso a contribuição do Grupo de Trabalho II para o Sexto Relatório de Avaliação do IPCC tem extensa informação regional para garantir Desenvolvimento Climático Resiliente.

O relatório claramente afirma que Desenvolvimento Climático Resiliente já é desafiador com os atuais níveis de aquecimento. Será ainda mais limitado se o aquecimento global superar 1,5 graus Celsius. Em algumas regiões, será impossível se a temperatura global exceder dois graus Celsius. Os principais resultados reforçam a urgência para ação climática, focando na equidade e na justiça. Financiamento adequado, transferência de tecnologia, comprometimento político e parcerias conduzirão a uma adaptação de mudanças climáticas mais efetiva e reduções de emissão.

“A evidência científica é inequívoca: as mudanças climáticas são uma ameaça ao bem estar do ser humano e à saúde do planeta. Qualquer outro atraso em uma ação climática conjunta provocará uma perda na breve e rápida janela aberta para garantir um futuro habitável”, afirmou Hans-Otto Pörtner.

Sobre o relatório – O relatório do Grupo de Trabalho II examina os impactos das mudanças climáticas na natureza e nas pessoas ao redor do mundo. Ele explora os impactos futuros em diferentes níveis de aquecimento e nos riscos provocados e oferece opções para fortalecer a resiliência da natureza e da sociedade nas mudanças climáticas em curso, para combater a fome, a pobreza e a desigualdade e manter a terra num lugar em que vale a pena viver – para a geração atual e as futuras gerações.

O Grupo de Trabalho introduz diversos novos componentes ao último relatório: um deles é uma seção especial sobre os impactos das mudanças climáticas, riscos e opções para ação das cidades e comunidades a beira bar, florestas tropicais, montanhas, pontos de biodiversidade, áreas secas e desertos, Mediterrâneo e regiões polares. Outro é um atlas que apresenta os dados dos resultados em impactos e riscos das mudanças climáticas observados e projetados em escalas regionais e global, oferecendo mais insumos para os tomadores de decisões.

O Sumário para Decisores e materiais adicionais estão disponíveis aqui

Grupo de Trabalho II em números:

  • 270 autores de 67 países
  • 47 autores coordenadores
  • 184 autores líderes
  • 29 editores revisores
  • 675 autores contribuintes
  • Mais de 34 mil referências mencionadas
  • Um total de 62.418 comentários revisores de peritos e governos

Sobre o IPCC  O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima é o organismo da ONU promotor da ciência relacionada às mudanças climáticas. Ele foi criado em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) para equipar líderes políticos com avaliações científicas periódicas sobre as mudanças climáticas, suas implicações e riscos, bem como a proposição de estratégias de adaptação e mitigação.

Para mais informações:

Assessoria de imprensa – Email: ipcc-media@wmo.int 

Grupo de Trabalho II do IPCC –  Sina Löschke,  Komila Nabiyeva: comms@ipcc-wg2.awi.de

Equipe eCycle

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