Mudanças climáticas ameaçam produção de alimentos e exigem adaptação da agricultura, diz ONU

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Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou que os mais vulneráveis às mudanças climáticas são os que vivem na miséria

Imagem: Unicef Etiópia/Tanya Bindra

Em pronunciamento para o Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 d eoutubro, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou que a produção mundial de alimentos está ameaçada pelas mudanças climáticas.

Os mais vulneráveis são os que vivem na miséria, alertou o chefe da ONU, que lembrou que 70% dos mais pobres dependem da agricultura de subsistência, pesca ou pastoreio para obter renda ou comida.

“Conforme a população global se expande, precisaremos satisfazer uma demanda crescente por alimentos”, destacou Ban.

“No entanto, em todo o mundo, temperaturas que quebram recordes de calor, níveis crescentes dos oceanos e secas e cheias mais frequentes e severas causadas pelas mudanças climáticas já estão afetando ecossistemas, a agricultura e a capacidade da sociedade de produzir a comidade de que precisamos.”

O dirigente máximo das Nações Unidas pediu a Estados-membros que incluam a adaptação da agricultura em seus planos de preparação para as transformações do clima. Segundo Ban, sistemas de produção de alimentos precisam se tornar mais resilientes, inclusivos e sustentáveis — o que exigirá mais investimentos no meio rural.

Para o secretário-geral, recursos disponibilizados para determinados setores agrícolas podem aumentar a renda e a produtividade de pequenos agricultores, retirando milhões da pobreza.

“Eles (os produtores familiares) ajudarão a reduzir as emissões de gases do efeito estufa e a preservar a saúde e o bem-estar dos ecossistemas e de todas as pessoas que dependem deles”, frisou o chefe da ONU.

“Eu apelo a todos os governos e seus parceiros que adotem uma abordagem holística, colaborativa e integrada para (lidar com) a mudança climática, a segurança alimentar e o desenvolvimento social e econômico igualitário”, enfatizou Ban.

Quase 800 milhões de pessoas passam fome

Em evento em Roma em 14 de outubro, o brasileiro e diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, destacou que “alimentação é o direito humano mais básico”. “Porém, quase 800 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo”, lamentou.

Graziano alertou que a Agenda 2030 ONU — que incluem a erradicação da fome e de todas as formas de malnutrição, bem como a promoção da agricultura sustentável — está em risco devido ao avanço das mudanças climáticas.

“Secas e enchentes estão mais frequentes e intensas. Vimos em primeira mão seus impactos terríveis nos últimos meses em que o El Niño atingiu a África, a Ásia e outras partes do mundo como o corredor seco da América Central. Nós também acabamos de testemunhar o dano extensivo causado pelo Furacão Matthew no Haiti”, afirmou o dirigente.

A respeito das principais vítimas de desastres naturais, o chefe da FAO ressaltou que a vasta maioria é de pequenos produtores e agricultores familiares que são os menos equipados para lidar com as ameaças. “Mesmo sob circunstâncias normais, essas pessoas mal conseguem sobreviver”, frisou.

Segundo Graziano, a próxima sessão do conselho da agência sob sua direção discutirá a criação de um novo departamento — dedicado ao tema e desafios das mudanças climáticas. Negociações recentes levaram a FAO a ser credenciada para participar do Fundo Verde para o Clima.

Também presente no encontro, a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA) afirmou que as mudanças climáticas já estão sobrecarregando o sistema humanitário internacional financeira e operacionalmente “de tal modo que passar da ação de emergência em desastres para o gerenciamento de risco é uma tarefa urgente para todos nós”.


Fonte: ONU Brasil

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