Loja
Apoio: Roche

Saiba onde descartar seus resíduos

Verifique o campo
Inserir um CEP válido
Verifique o campo

Sobrevivência de sapos, rãs e pererecas em risco diante de mudanças climáticas extremas

Um futuro mais quente e seco pode redesenhar a diversidade biológica global, especialmente nos biomas mais ricos em espécies de anfíbios, como a Amazônia e a Mata Atlântica. Uma pesquisa publicada na revista Nature Climate Change revela cenários preocupantes para sapos, rãs e pererecas, cujas adaptações naturais podem não ser suficientes para enfrentar a combinação entre temperaturas crescentes e secas mais intensas.

Projeções indicam que entre 6,6% e 33,6% dos hábitats dos anuros podem se tornar mais áridos até o final do século, dependendo das emissões de gases de efeito estufa. Em um cenário de aquecimento moderado, de 2 ºC, cerca de 15% dessas áreas seriam expostas a secas prolongadas. Caso as emissões sigam em ritmo elevado, o aquecimento global de até 4 ºC pode afetar mais de um terço dos hábitats, submetendo as espécies a condições devastadoras. Em locais como a Amazônia e o Mediterrâneo europeu, secas poderiam durar mais de quatro meses por ano.

Análises biofísicas mostraram que a combinação entre seca e aumento da temperatura reduz significativamente o tempo de atividade dos anfíbios, essencial para alimentação e reprodução. Em cenários climáticos futuros, o tempo ativo dos anuros na região tropical pode cair até 26%, comprometendo a sobrevivência das populações.

A pele altamente permeável desses animais, uma adaptação essencial para absorção de água e troca de gases, também os torna vulneráveis à perda de água em ambientes mais secos. Nas regiões áridas, as taxas de perda hídrica podem dobrar, aumentando ainda mais o impacto negativo na fisiologia e comportamento dessas espécies.

Os dados utilizados no estudo incluem informações de história natural de dezenas de espécies, como distribuição geográfica, uso de micro-hábitats e mecanismos para reduzir a perda de água. A coleta de dados em campo e laboratório levou três anos e foi realizada por um grupo internacional de cientistas. Além disso, o estudo integrou simulações que identificaram as consequências de diferentes cenários climáticos para esses anfíbios.

Embora algumas espécies possam apresentar plasticidade suficiente para se ajustar a condições mais áridas, a adaptação evolutiva requer milênios, enquanto as mudanças climáticas estão ocorrendo em poucas décadas. As soluções possíveis para esses animais incluem migração para áreas menos afetadas, adaptação fisiológica ou comportamental ou enfrentarem o risco de extinção local ou regional.

O estudo também busca refinar modelos que preveem as taxas de extinção de espécies sensíveis às mudanças climáticas. Esses modelos poderão ajudar na criação de estratégias para conservação, especialmente em áreas prioritárias para a biodiversidade global, como a Amazônia e a Mata Atlântica.

Com esses avanços, espera-se que os dados gerados orientem políticas públicas e ações de preservação voltadas à redução dos impactos das mudanças climáticas sobre a fauna. O desafio, no entanto, permanece: proteger uma biodiversidade que enfrenta uma combinação sem precedentes de fatores climáticos extremos.


Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos. Saiba mais