Mudanças climáticas e saúde mental podem estar associadas. A crise climática e os seus efeitos podem afetar não só o planeta ou a saúde física dos seres humanos, mas também a saúde mental.
A preocupação com o estado da Terra decorrente da constante destruição de ecossistemas e a frequente liberação de gases do efeito estufa podem desencadear episódios de eco-ansiedade ou outros transtornos relacionados ao meio ambiente.
Diante disso, ondas de calor, enchentes, secas, queimadas e furacões são mais aparentes para a população, o que acaba desencadeando efeitos no bem-estar humano. Uma pesquisa de 2022 evidenciou isso. No estudo feito pela Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, os residentes se mostraram mais preocupados e ansiosos diante do aumento de temperatura na América do Norte que ocorreu no final de junho de 2021.
Portanto, enquanto esses relatos aumentam, é vital reconhecer a relação entre mudanças climáticas e saúde mental.
Diversas pesquisas já evidenciaram o poder do clima no comportamento humano. Em 2019, por exemplo, uma pesquisa evidenciou que o crime violento em Los Angeles aumentou 5,7% nos dias em que as temperaturas excederam 29ºC em comparação com os dias mais frios.
Por outro lado, casos de “depressão sazonal” são relativamente comuns e constantemente analisados pela comunidade científica.
Desse modo, é de se esperar que as mudanças climáticas e outros desastres naturais decorrentes dessa crise impulsionem comportamentos “anormais” nos seres humanos. Contudo, a preocupação com o estado do planeta é a mais recorrente.
De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde, as mudanças climáticas posam sérios riscos à saúde mental e ao bem-estar da população. As conclusões coincidem com um relatório do IPCC, que evidenciou a relação entre mudanças climáticas e saúde mental.
Foi descoberto que o avanço das mudanças climáticas pode resultar em danos sérios à saúde emocional, com sintomas que envolvem desde sofrimento emocional até ansiedade, depressão, luto e comportamento suicida.
Além da eco-ansiedade, essas mudanças podem desencadear casos de outros transtornos e condições associados ao estado do meio ambiente, como eco-culpa, ecopsicologia, luto ecológico, solastalgia e preocupação biosférica.
É importante notar que os efeitos das mudanças climáticas na saúde mental não são completamente homogêneos. Comunidades marginalizadas, como grupos indígenas, moradores de rua, pessoas racializadas e comunidades de baixa renda, são mais suscetíveis a desenvolver estes problemas.
Isso se dá a uma questão de racismo ambiental, que evidencia que esses grupos de pessoas estão mais vulneráveis aos efeitos da crise climática, tanto fisicamente como emocionalmente. Essa exposição maior, em conjunto com a falta de informações sobre o estado do planeta e até mesmo proteção contra esses impactos ampliam a ocorrência de transtornos mentais associados aos fenômenos climáticos.
Embora sua maior incidência seja em grupos mais vulneráveis, os efeitos das mudanças climáticas na saúde mental podem ser observados amplamente ao redor da população mundial geral. O reconhecimento desse fenômeno é um dos passos mais importantes para a sua normalização dentro da sociedade.
Além disso, profissionais recomendam o acompanhamento psicológico com foco em ações climáticas para que as pessoas se sintam melhor frente aos problemas ambientais. Um estudo de 2022, por exemplo, comprovou que envolver-se em ações climáticas coletivamente reduziu significativamente a associação entre ansiedade climática e sintomas depressivos de pacientes.
Ações pessoais também podem ajudar, principalmente em casos de eco-culpa. Práticas como a reciclagem, compostagem, redução de lixo em geral ou até mesmo a redução do consumo de carne podem promover um alívio da culpa relacionada ao estado ambiental do planeta.
Contudo, é importante ressaltar a vitalidade do trabalho com profissionais da saúde mental, principalmente em casos mais severos. Consulte um psicólogo ou um psiquiatra e procure o tratamento mais apropriado.
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