Estudos apontam que mudanças climáticas estão relacionadas com doenças cardiovasculares e depressão
Se você acha que o impacto das mudanças climáticas na sua vida se dá apenas nos dias mais quentes, talvez esteja enganado. Estudos apontam que as variações na temperatura do planeta têm afetado direta ou indiretamente a saúde das pessoas – certos cientistas defendem que mudanças de hábitos individuais podem ser o primeiro passo para uma mudança global.
Jonathan A. Patz, em conjunto com outros estudiosos, publicou um estudo no Journal of the American Medical Association (JAMA), em 2014, abordando as consequências das mudanças climáticas para saúde humana. As ondas de calor, por exemplo, seriam responsáveis por intensificar algumas doenças cardiológicas e mentais. Variações nos quadros de depressão, ansiedade e tentativas de suicídio já têm relações comprovadas com as variações climáticas.
A poluição tem intensificado os distúrbios respiratórios e alergias, enquanto que doenças infecciosas têm sido mais facilmente disseminadas. Já quanto à alimentação, os índices de desnutrição têm aumentado devido ao impacto que as mudanças climáticas causam na agricultura: redução das colheitas, aumento das perdas e diminuição do teor de nutrientes nos produtos.
Além disso, os impactos também podem ser diretos quando ocorrem desastres naturais como enchentes, furacões, queimadas ou secas. Nesse caso, os efeitos sobre a população são mais visíveis, uma vez que causam deslocamentos e diversas sequelas mentais devido ao trauma dos eventos.
No Brasil, a preocupação sobre a saúde também está aumentando. Em 2013, um relatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPA) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi desenvolvido com o intuito de avaliar os efeitos das mudanças climáticas e ambientais na saúde dos brasileiros. As organizações chamam atenção para a complexidade do tema e ressaltam que a disseminação de doenças é resultado de um conjunto de fatores. Ainda assim, as variações de temperatura contribuem para a disseminação de doenças infecciosas e crônicas.
Segundo o relatório, as mudanças climáticas no Brasil são resultado das emissões de CO2, das queimadas e, principalmente, da maneira como se dá o uso do solo. Aqueles que vivem na metrópole ou perto de zonas de queimadas estão mais sujeitos a desenvolverem doenças respiratórios e cardiovasculares. Segundo a OMS, 50% das doenças respiratórias crônicas e 60% das doenças respiratórias agudas estão associadas com a exposição a poluentes. O relatório acrescenta ainda que as emissões gasosas e de material particulado para a atmosfera provêm principalmente de veículos, indústrias e queima de biomassa.
Para Jonathan A. Patz, em meio a essa situação, existem dois caminhos para proteção da saúde pública: a prevenção – mitigação e diminuição das emissões de CO2 – e a adaptação – antecipando e reduzindo ameaças. A prevenção pode ocorrer a partir de políticas públicas, incentivos dos profissionais da saúde ou até mesmo das oportunidades econômicas do setor de energia limpa. Quanto à adaptação, já se sabe que o mundo não está preparado para conter essas mudanças climáticas. E, como é sempre melhor prevenir do que remediar, você também pode fazer a sua parte!
Tendo consciência da amplitude das consequências das práticas de consumo aliadas aos combustíveis fósseis, os indivíduos podem ser os maiores propulsores de mudanças. Algumas práticas diárias, como utilização de transportes alternativos – bicicleta, por exemplo -, quando possível, ou um consumo menos exacerbado podem ser de grande ajuda para a prevenção dessa situação, apesar de medidas macro também serem muito necessárias para a reversão da situação.