Cultivo de feijão, soja, trigo e milho serão especialmente afetados
O aquecimento global, apesar de não haver dúvidas sobre o fato de ser ou não o “apocalipse” que muitos chegaram a profetizar, irá impactar áreas vitais de nossa vida. Uma dessas áreas é a agricultura. E no Brasil, onde o agronegócio representa cerca de 22% do PIB (Produto Interno Bruto), pesquisadores já alertam para áreas de cultivo que serão mais afetadas e começam a discutir medidas para aliviar esses impactos.
Culturas como feijão, soja, trigo e milho serão especialmente afetadas, apontam estudos da Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima). Tomando como base os hectares cultivados em 2009 e, se mantidas as atuais condições de produção, as projeções para 2030 apontam grandes reduções de área, tanto nos prognósticos pessimistas como nos cenários mais otimistas. Para o feijão, a queda vai de 54,5% a 69,7%. Para a soja, importante commoditie nacional (o Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja e o primeiro em volume de exportação), a redução estimada é de 15% a 28%.
Mas, como já vimos, a agricultura é um tremendo filão. Portanto, uma atividade que movimenta bilhões de dólares todos os anos não será negligenciada por órgãos de pesquisa brazucas de forma alguma. Em outras palavras, a tendência é que os futuros governos invistam pesadamente nessa área, procurando conter os sangramentos que devem ocorrer. Aliás, alguns deles provocados pela própria atividade agrícola, que pode causar danos ao ambiente quando exercida de maneira inconsequente e não conservacionista, contribuindo, inclusive, para o efeito estufa e provocando a morte e decomposição de muitos organismos.
De acordo com Hilton Silveira Pinto, coordenador da sub-rede Agricultura e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), “é necessário buscar soluções para adaptação e mitigação dos efeitos do aquecimento global na agricultura”. O coordenador ainda afirmou que há uma lista com os municípios que serão mais ou menos afetados, o que ajuda imensamente na hora de tomar decisões.
O aumento de temperatura abre alas para outra frente de atuação: a Simulação de Cenários Agrícolas Futuros (SCenAgri), que traça prognósticos para as próximas décadas considerando o regime de chuvas e a demanda climática de cada cultura. O SCenAgri conta hoje com campos de plantio de 19 culturas, 3.313 estações de chuva com dados diários, 23 modelos globais e três modelos regionais de projeções climáticas.