Imagem de Markus Spiske no Unsplash
DO OC – Embora uma mulher, a sueca Greta Thunberg, seja hoje a face mais conhecida do ativismo climático no mundo, fóruns como a Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) têm apenas 40% de suas cadeiras ocupadas por mulheres. No Brasil, em espaços como o Congresso, nos quais políticas públicas de clima são discutidas, menos de 15% das parlamentares são mulheres.
Essas são algumas conclusões de uma nota técnica produzida pelo Grupo de Trabalho Gênero e Clima, do OC e disponível no site do GT, lançado nesta segunda-feira (8), Dia Internacional da Mulher. Além de um levantamento sobre a presença das questões de gênero nas políticas climáticas federais, uma outra nota técnica apresenta subsídios para inserir a abordagem de gênero nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).
O trabalho sugere maneiras de inserir abordagens de gênero e raça na NDC brasileira, fortalecendo medidas favoráveis às mulheres, respeitando a estrutura proposta pela primeira NDC brasileira. Além disso, são oferecidas sugestões apresentadas no Plano de Ação de Gênero e Clima da UNFCCC, as quais são relevantes por se tratar de um documento oficial da convenção.
O Grupo de Trabalho em Gênero e Clima, voltado à promoção do diálogo e ação em torno da temática, teve seus trabalhos iniciados em 2020. “O GT nasceu de uma demanda da própria rede e é o local onde se encontram duas das mais urgentes e importantes pautas da sociedade: clima e gênero”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do OC. “A agenda de clima só terá sucesso se tivermos vozes femininas cada vez mais ativas e representativas.”
Segundo Astrini, este é o maior grupo de trabalho do OC, com mais de 120 pessoas, entre integrantes da rede e convidadas. Seus principais focos são a justiça climática e as políticas de clima, atuando em ações de formação e fortalecimento institucional, articulação, incidência, produção de conhecimento e comunicação.
Quem explica por que esta é uma questão de governança climática é Adriana Ramos, da coordenação do Observatório e diretora de política ambiental do Instituto Socioambiental (ISA): “Nós chegamos ao problema das mudanças climáticas em um mundo liderado majoritariamente por homens brancos. A solução do problema passa por uma mudança nessa condução.”
Todos os trabalhos desenvolvidos buscam partir de um olhar interseccional: considerando as diferentes realidades. Características que se relacionam com gênero, como classe, raça, etnia, região geográfica e outras, influenciam a experiência e as oportunidades do ser mulher dentro da agenda do clima. Como ressalta Ramos, não há hipótese de superação da crise climática sem incluir essas diferentes perspectivas.
O grupo se propõe a ser um espaço onde saberes acadêmicos, científicos e empíricos convergem, segundo aponta Sarah Marques, integrante do GT e fundadora do Coletivo Caranguejo Tabaiares Resiste, de Recife. “Quem sente na prática entende o impacto das mudanças climáticas. Muitas vezes, quando se discute meio ambiente, se esquece do povo que está nesse ambiente. O GT é um local para mostrar essa realidade.”, ela diz. “É primordial perpassar pelas questões sociais e de interseccionalidade se pretendemos delinear ações ambientais sustentáveis efetivas, inclusivas e justas”, completa outra integrante do GT, Ellen Accioli, da Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós.
Acesse o site do GT Gênero e Clima aqui.
Fonte: Observatório do Clima
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