Embriões de galinha expostos ao nanoplástico apresentaram deformações nos olhos, músculos e face
Uma pesquisa publicada hoje (21) na revista Environment International revelou que o nanoplástico, uma partícula de plástico com tamanho entre 1 e 1000 nanômetros, ainda menor que os microplásticos, é capaz de prejudicar significativamente o organismo de embriões de galinhas.
Os cientistas descobriram que as partículas de plástico são capazes de atravessar a parede do intestino embrionário e circular em vários órgãos, interferindo nos estágios iniciais do desenvolvimento e causando malformações.
Utilizando alta concentração de nanoplástico de poliestireno – o mesmo tipo de plástico que compõe o isopor – de 25 nanômetros de tamanho, os pesquisadores notaram defeitos cardíacos congênitos, morte, defeitos do tubo neural, e migração prejudicada de células.
Um quarto dos embriões de galinha apresentou um ou dois olhos anormalmente pequenos, enquanto outros apresentavam deformidades faciais, músculos cardíacos mais finos e batimentos cardíacos lentos.
De acordo com os autores do estudo, dada a grande e crescente carga de nanoplásticos contaminando o meio ambiente, os resultados da pesquisa são motivo de preocupação.
“Nossas descobertas sugerem que os nanoplásticos podem representar um risco à saúde do embrião em desenvolvimento”, disse um dos autores do estudo, o biólogo Meiru Wang, da Universidade de Leiden, na Holanda.
Pesquisas anteriores encontraram partículas de plástico na placenta de gestantes, na corrente sanguínea, pulmão e intestino de seres humanos.
“Esses resultados são motivo de preocupação, dada a grande e crescente carga de nanoplásticos no meio ambiente”, concluem Wang e seus colegas .
A produção de plástico não para de crescer. Quase 360 milhões de toneladas métricas de plástico foram produzidas em 2018, número que deve dobrar até 2025. Uma outra pesquisa concluiu que, em 2040, a poluição por plástico no oceano será quase três vezes maior se a indústria do plástico não reduzir sua produção.
A poluição por partículas de plástico tem diversas origens, incluindo redes de pesca, fibras de roupas de poliéster, pneus e plástico de uso único.
Wang chama atenção para o fato de que “mesmo que a sociedade pare agora com toda a poluição plástica, os níveis de detritos nanoplásticos desgastados dos plásticos existentes no meio ambiente ainda aumentarão”.